Correio dos Açores – Há quanto tempo é que se faz a aldeia da Páscoa?
Carmen Ricardo (Departamento de Desenvolvimento Social) – A primeira edição foi em 2012 e ainda não tinha o nome de aldeia da Páscoa. Quando começamos era a exposição de trabalho da Páscoa e foi feita durante muitos anos no Mercado da Graça. Desde 2021 a exposição transitou para o Jardim Sena Freitas.
Havia uma disposição de todos os trabalhos e a dimensão era mais reduzida da que tem actualmente no Jardim. Com a chegada ao Jardim Sena Freitas, a exposição ganhou um impacto e uma dimensão maiores.
Quantos Centros de Actividades nos Tempos Livres estão sob a alçada da Câmara Municipal de Ponta Delgada?
Carmen Ricardo – Sob a alçada da Câmara Municipal de Ponta Delgada estão neste momento 20 espaços de ATL que na sua totalidade completam 60 salas distribuídas por 16 freguesias do concelho.
Todos os CATL participaram na construção da Aldeia de Páscoa?
Carmen Ricardo – Sim. Todo o trabalho é distribuído. Vamos escutando os colegas, no sentido de sabermos o que vamos ou não fazer, e depois o trabalho é distribuído por todos os espaços de ATL. Tendo em conta que este ano as festividades são todas próximas umas das outras, há toda uma organização do trabalho que é feito para que todos colaborem. Desde o ATL dos Mosteiros até ao ATL do Livramento, todos eles têm a sua colaboração na exposição.
Quantas crianças estão inscritas nos ATL?
Carmen Ricardo – A frequentar a Rede Municipal de ATL temos actualmente cerca de 1200 crianças. Este é o número que está estipulado. Diariamente pode não haver esta frequência e claro que a participação depende da frequência. Muito daquele trabalho é feito no período da manhã e depois tem outro trabalho, que é feito com a colaboração das crianças no período de ATL.
Infelizmente este tipo de medidas tem sofrido de vandalismo. Que medidas estão a ser tomadas para tentar contrariar este fenómeno?
Cristina do Canto Tavares (Vereadora CMPDL) – A boa notícia é que as informações que circulavam nas redes sociais não correspondem, de todo, à verdade. Todos os dias de manhã, ao vir trabalhar, passo pelo Jardim a pé e neste momento não há quaisquer sinais de vandalismo em relação ao trabalho excepcional que está ali exposto.
As medidas passam, sobretudo, por uma sensibilização e um apelo à cidadania responsável. Como nós sabemos não podemos ter um polícia ao lado de cada cidadão. As medidas passam pelo respeito por aquilo que é o espaço público, que é um espaço de todos, o respeito por aquilo que é um direito da criança ao brincar e ao poder circular livremente nos espaços públicos.
O que a Câmara Municipal proporciona são espaços de lazer, atractivos, dignos de serem expostos em qualquer parte do mundo e o que nós apelamos é a um comportamento de civismo e de responsabilidade dos ponta delgadenses e de quem nos visita. Esta é a nossa responsabilidade enquanto entidade pública.
Temos uma equipa de jardineiros e de pessoas afectas à Câmara que circula diariamente e semanalmente nos espaços públicos, no sentido de mitigar e resolver, pontualmente, aqueles que poderão ser alguns estragos provocados ou por algum cidadão ou por alguma intempérie.
Este tipo de iniciativas ajuda a atrair pessoas para a baixa da cidade de Ponta Delgada?
Cristina do Canto Tavares – São iniciativas como estas que nós, Câmara Municipal, temos que continuar a apostar. No fundo, humanizar a cidade é proporcionar nos espaços públicos que temos eventos, momentos de descontracção e partilha em que as famílias, e as associações trazem os seus filhos, ou quem esteja na associação, possam desfrutar. Ainda no fim-de-semana passado tivemos uma associação, que trabalha com utentes portadores de deficiência, que levou os seus utentes a visitar do espaço. São estes momentos âncora, chamemos-lhes assim, tal como no Natal ou no Carnaval, que nos proporcionam estas oportunidades.
Que outras iniciativas do género a Câmara Municipal tem programadas?
Cristina do Canto Tavares – A próxima será a comemoração do dia da actividade física, indo decorrer actividades no centro de Ponta Delgada. Depois temos o Dia Mundial da Criança, que é um evento que agrega sempre todas as escolas do concelho, em que para além de proporcionarmos ateliês temáticos também ajudamos transporte das crianças para o centro.
Temos todo um calendário que se desenrolará depois no Verão, com a abertura das Noites de Verão e com uma série de eventos que irão decorrer em parceria. Temos também as marchas e as verbenas de São Pedro.
Foram anunciadas melhorias para os CATL. Pode explicar que melhorias foram essas?
Cristina do Canto Tavares – Em 2023 foi reforçado o quadro de pessoal com mais 14 animadores socioculturais. Mais de 900 trabalhadores receberam formação técnica especializada em necessidades educativas especiais, em cuidados de alimentação e higiene, em vigilância, em comunicação com as famílias. Para além disso, neste mandato em particular, criamos, pela primeira vez, encontros da Rede Municipal de ATL. São encontros em que todos os trabalhadores, que já são mais de 90, podem debater, reflectir e adquirir competências relativas à maior rede de ATL dos Açores, que é a de Ponta Delgada e que este ano faz 20 anos.
Temos prevista uma actividade comemorativa destes 20 anos da rede municipal de ATL porque, de facto, é um orgulho termos um município que consegue promover para as famílias um espaço digno para as suas crianças estarem e que permite a conciliação entre a vida profissional e a vida familiar. Os pais destas crianças podem trabalhar sabendo que têm os seus filhos na rede municipal, 365 dias por ano e temos até às 19 horas uma resposta para os seus filhos.
Os principais desafios prendem-se com as dinâmicas do desenvolvimento na infância, estarmos actualizados com aquilo que as crianças necessitam. Estamos a falar de redes sociais e de termos recreios atractivos para as crianças. Há todo um esforço da Câmara Municipal neste sentido.
Vamos continuar a dar formação e sempre que possível reforçar os quadros. Percebemos que há mais crianças com necessidades diferentes e precisamos que os nossos serviços estejam preparados para estes desafios.
Qual é o sentido da Páscoa para si?
Cristina do Canto Tavares – A Páscoa é uma época de reflexão e de renascimento. Numa sociedade cristã e humanista, e eu sou uma humanista, temos que ter oportunidade de fazer um balanço sobre o que tem sido a nossa vida e tentarmos nos renovar na fé, que cada um terá. Também é sinónimo de família e dos mais genuínos valores como o amor, a partilha e a união.
Carmen Ricardo – É um tempo de estamos com nós próprios. Fazermos um balanço e de olharmos para o outro, pelo que podemos fazer pelo outro. Devemos de aproveitar cada momento que a vida nos dá, principalmente com aqueles que nos são mais queridos. Família amor e saúde são o essencial, o resto vamos à procura.
Tem alguma tradição que faça pela Páscoa?
Carmo Ricardo – Quando a minha filha era mais pequenina havia a tradição da caça ao ovo. Agora temos a tradição do almoço do Domingo de Páscoa.
Cristina do Canto Tavares – tendo três filhos há sempre muita coisa doce lá em casa. Temos a caça ao ovo, embora não seja uma tradição típica açoriana. Temos ainda o tradicional almoço de Páscoa onde estão presentes os mais idosos da família, no meu caso a minha avó que tem quase 94 anos e os mais novos, que na nossa família é a minha filha de cinco anos.
Frederico Figueiredo