Quase todos dos nove inquiridos afirmaram que a Páscoa é uma festa cristã. Para José, de 75 anos, a “Páscoa é um acontecimento excepcional”, mas que “perdeu sentido”, pois “as pessoas querem folares e amêndoas”. Acredita que esta época está muito “comercializada” em todo o lado.
A resposta é muito semelhante às do Francisco, de 60 anos, e do Pedro, de 23 anos, que afirmam que “representa o fim da quaresma, uma época de penitência, sacrifício e oração, que culmina com a morte de Jesus Cristo”, apesar da diferença de idades.
Hugo, de 22 anos, acredita que esse dia é representa “um recomeço próspero e um sinal de crescimento e mudança na vida de todas” as pessoas.
Páscoa perdeu “algum sentido”, mas
continua a ser celebrado em família
A resposta foi quase unânime: quase todos os entrevistados sentem que a Páscoa perdeu algum espírito com o passar dos anos e muitos celebraram apenas quando eram crianças.
Maria, de 58 anos, afirma que a parte religiosa da Páscoa apenas era celebrada quando era criança, e era de forma diferente. Como viveu vários anos esta época numa aldeia no Norte de Portugal continental, Maria afirma que “celebrava o Compasso”, que é um momento sentido pela comunidade católica do Norte de Portugal Continental.
Margarida, de 21 anos, costumava passar a época da Páscoa, quando era criança, em caça dos ovos, algo que, hoje em dia, já não faz. No entanto, costuma passar a época com a sua família: “passo o almoço do Domingo de Páscoa com o meu lado materno, enquanto passo a tarde com o meu lado paterno.”
Dário, de 31 anos, afirma que a Páscoa é “apenas mais um dia”, visto que “esta época perdeu sentido após ter deixado de ser uma criança”. No entanto, o que lhe dá alegria é poder ver as suas filhas felizes nesta época e comprar ovos da Páscoa. Tal como Dário, Pedro concorda que a “Páscoa é apenas mais um dia” no calendário.
José sente que, no geral, o pouco espírito da Páscoa desapareceu: “Páscoa era a única festa que existia nas comunidades cristas. Com o andar do tempo, as pessoas olhem a Páscoa como mais uma festa. Está muito comercializada. O que acho que hoje em dia o pouco sentido que havia da Páscoa foi à vida”, explica.
Hugo acaba por contrariar e acredita que “não perdeu valor”, afirmando que “até ganhou mais valor, porque à medida que ficamos mais velhos, damos mais valor em fazer uma pausa ou do trabalho ou da universidade para passarmos tempo com os nossos familiares” na Páscoa.
Poucos costumam ir à Igreja
Nem todos os entrevistados vão à igreja no Domingo de Páscoa. José afirma que costuma ir à missa na igreja em todos os Domingos de Páscoa. No entanto, repara e sente que há uma grande diferença na presença das pessoas na missa nesse dia com o passar dos anos e das gerações: “Lembro-me perfeitamente que antigamente na missa da ressurreição a Igreja da Matriz enchia-se e não havia lugares disponíveis. Agora, é exactamente ao contrário, há lugares e os bancos não se enchem”, afirma.
Alexandrina, que já tem pelo menos 80 anos, afirma que, antigamente, até as persianas se fechavam e depois abriam no Dia da Aleluia: “era uma alegria tremenda”, explicando a sensação de quando se abriam as persianas.
Não há comida de prato tradicional
Ao contrário do Natal, onde muitas famílias já têm um ou vários pratos designados para a época, quase todos os entrevistados não têm um prato típico na Páscoa.
A resposta mais comum foi “um assado feito no forno”. Para Miguel, de 59 anos, Dário e Francisco, o prato mais habitual é borrego assado ou cabrito, enquanto Hugo afirma que costuma comer lombo assado com batatas assadas e Margarida avança que costuma comer carne de vaca assada, mas, também, poderá ser frango ou carne de porco.
Chicharros fritos costuma ser um prato que está na ementa da Páscoa para José, mas ele, também, não tem nenhuma comida de prato designada para esta época.
Ao contrário dos restantes entrevistados, Alexandrina vai fazer a sua refeição num restaurante, mas, também, será acompanhada pela sua família.
Sobremesas não faltam na Páscoa
Há muitos doces na época da Páscoa. Desde os mais novos até aos mais velhos, quase todos costumam comer sobremesas e doces durante os dias da Páscoa. Folar, ovo da Páscoa, amêndoas e chocolates foram as respostas mais dadas pelos entrevistados ao Jornal.
Para José, o folar é “a comida própria da Páscoa e é sagrado”, enquanto para Margarida o folar é uma “tradição para o último Sábado antes da Páscoa”, onde a família se junta para comer o folar, que, habitualmente, leva dois ovos.
Amêndoas e ovo de Páscoa estão na ementa de Francisco e Hugo. Quem não coloca de lado o pão-de-ló na Páscoa é Margarida, enquanto Alexandrina contou que costuma comer “um chocolate por dia”, sendo que vai oferecer uns ovos de chocolate aos seus netos nesta Páscoa.
Na casa da Maria, os doces e os chocolates não costumam ser um hábito nesta época do ano.
Filipe Torres