A criação de um orçamento é uma das ferramentas mais básicas e essenciais para controlares os teus custos e poupares mais. É como um guião previamente pensado, que te vai orientando no decorrer do mês sobre aquilo que podes ou não comprar, evitando as compras emotivas e, por isso, desnecessárias. No final, será o teu maior trunfo na realização dos teus objetivos financeiros.
Vou começar por dispensar explicar o porquê de ser tão importante registarmos todos os nossos custos. Já dediquei uma crónica só sobre esta matéria, e vou presumir que, por esta altura, quem me segue já faz isto. Como vais perceber, o tema de hoje é mais uma razão para começares a registar as tuas despesas, se ainda não o fazes.
Um orçamento não é mais do que o plano financeiro para o teu mês – um balanço entre receitas e despesas, entre sonhos e realidade. Deves começar pela parte mais fácil, o registo das receitas. Digo mais fácil, porque normalmente as fontes de receitas não são muitas, e costumas sabê-las de cor. Isso inclui não apenas o teu vencimento, mas também rendas recebidas, retornos de investimentos, e quaisquer outras fontes de rendimento. Este passo inicial fornece a base sobre a qual todo o orçamento será construído, definindo o teto para os gastos e as poupanças.
Agora vamos ao mais difícil, mas que é o coração desta técnica – registar os custos. Normalmente as pessoas acham que têm uma ideia dos seus custos, mas acredita que quando começares a registar, vais te surpreender com a realidade. Começa por registar os teus custos mensais durante 3 meses. Não te preocupes em conter os custos nesta fase. Esta primeira ação vai dar-te uma consciência profunda dos teus hábitos de consumo e permite-te estabelecer um plano financeiro verdadeiramente ajustado à tua realidade. Neste seguimento, deverás fazer o registo mensal de todos os teus custos, colocando-os na categoria adequada. Exemplos de categorias podem ser: a habitação, seja renda ou prestação de crédito. Mas que pode incluir também as despesas com a água, luz, gás e internet. E ainda,os impostos e reparações da casa; alimentação, quer fora, quer em casa; educação; custos com transportes, onde inclui todos os custos associados a viaturas, como gasolina, inspeção, seguro, etc. Aqui também podes incluir os transportes públicos; lazer, tudo o que compras que não é essencial à tua sobrevivência; saúde, etc.
A ideia será sempre ter as categorias que façam mais sentido à tua realidade. Há categorias que são comuns a todos nós, como as despesas com a casa e saúde, mas pode haver outras que são específicas de cada um, como os gastos com animais de estimação, para quem os tem.
Ao fim dos 3 meses a registar cada euro das tuas despesas, calculas a média do valor gasto em cada categoria. O ideal aqui é usar um quadro Excel ou uma das várias aplicações que existem para controlo de gastos. Esta média não só reflete os custos habituais, mas também absorve flutuações pontuais, tornando o orçamento mais adaptável e menos suscetível a surpresas.
Com estes valores médios em mãos, o próximo passo é avaliar cuidadosamente quanto desejas e podes, realisticamente, alocar para cada categoria, ajustando conforme os teus objetivos financeiros, seja para reforçar a poupança, reduzir dívidas ou simplesmente organizar melhor as finanças. Este orçamento detalhado por categoria é então somado, resultando no orçamento total, que servirá de guia para a gestão financeira nos meses seguintes.
A previsão de poupança para o mês será a diferença entre o total das tuas receitas e o teu orçamento mensal total. Pelo menos esta é a ideia, agora se vais conseguir ou não cumprir com o teu orçamento é outra história.
Para te ajudar no cumprimento do teu orçamento, podes estabelecer previamente ações concretas. Podem ser tão simples quanto levar almoço para o trabalho, limitar o consumo de tabaco, ou moderar as saídas noturnas.
Embora possa parecer desafiador no início, esta ferramenta de orçamentar por categorias é um investimento no próprio bem-estar financeiro. Ao dedicares tempo a entender e planear as finanças pessoais com este grau de detalhe, abre-se a porta não só para uma maior estabilidade económica, mas também para a realização de sonhos e objetivos a longo prazo. Com paciência e perseverança, este método revela-se não apenas como uma ferramenta de gestão, mas como um verdadeiro estilo de vida financeiro.
Emanuel Teves