Edit Template

Carência de habitação leva à “falta de fixação de pessoas, à diminuição da natalidade e ao decréscimo da população” na freguesia, aponta Victória Arruda

“A grande dificuldade que a freguesia enfrenta é a falta de habitação. A freguesia tende a perder população. As pessoas pretendem ficar na Ribeira Chã, mas devido à falta de habitações e terrenos urbanos fixam-se noutras freguesias”, afirma Victória Couto Arruda, Presidente da Junta de Freguesia da Ribeira Chã desde Outubro de 2013. A educadora de infância defende a “criação de habitações a custos controlados para a fixação de jovens”, bem como a reabertura da Escola Básica João Caetano Flores e do Jardim de Infância “A Flor”, por considerar que o “o fecho destes serviços também é um dos factores para as famílias se fixarem noutros locais.” A autarca local faz um apelo às entidades competentes, para que esta situação seja reapreciada.

Correio dos Açores – Que retrato faz da freguesia da Ribeira Chã?
Victória Couto Arruda (Presidente da Junta de Freguesia da Ribeira) – A freguesia está situada perto do mar e também fica próxima da serra. Prima pela limpeza das suas ruas, algumas delas ladeadas por verduras e flores, e ainda pelas suas casas pitorescas. Tem uma população com pessoas simples, mas acolhedoras.
Em termos de património natural, toda a freguesia é de grande beleza, destacando-se o Miradouro e os Merendários do Pisão.
Destaca-se igualmente o trilho pedestre, com 8,4 km de extensão, com a duração de três horas, e com ponto de partida e chegada junto da Igreja Paroquial da Ribeira Chã. Os apreciadores desta actividade poderão apreciar diversos tipos de fauna e flora.
A Ribeira Chã é uma terra recatada que faz valer as suas tradições e tira partido do seu património natural e arquitectónico.
A nível arquitectónico, temos a Igreja Paroquial de São José, onde realço a sua traça contemporânea, a via sacra e os seus painéis do altar-mor. Esta freguesia possui, ainda, vários núcleos museológicos, dos quais destaco o Museu de Arte Sacra e Etnografia. Este é o mais importante e nele podemos observar peças de grande valor histórico e artístico que atestam um passado de grande riqueza, a nível cultural e religioso.
A freguesia possui também um Quintal Etnográfico que se encontra dividido em diversas secções: o Jardim dos Endemismos Açóricos, onde se pode observar diversas plantas utilizadas na medicina popular dos Açores; o Museu Agrícola, com utensílios ligados à cultura do pastel, cujo local de produção era o sítio do Pisão, onde pessoas de toda a ilha aqui vinham moer ou “pisar” o pastel; o Museu do Vinho, que dá a conhecer os utensílios utilizados na elaboração e conservação do vinho, um produto que até há poucos anos tinha grande relevância na economia familiar dos habitantes da freguesia e a “Casa dos Presépios”, onde se pode observar vários presépios construídos com diferentes materiais, por artesãos da freguesia.
Ainda na freguesia, encontramos a Casa-Museu de Maria dos Anjos Melo. Esta casa é o modelo de um ambiente doméstico micaelense com a típica cozinha, o sótão e o quarto de dormir.
Estes núcleos museológicos são muito visitados por escolas que, em visitas de estudo, se deslocam à freguesia no âmbito da área disciplinar de Estudo do Meio, e têm como objectivo proporcionarem aos alunos um conhecimento de costumes e tradições da sua localidade.

Quais são as principais dificuldades que a freguesia enfrenta actualmente?
A grande dificuldade que a freguesia enfrenta é a falta de habitação. A freguesia tende a perder população. As pessoas pretendem ficar na Ribeira Chã, mas devido à falta de habitações e terrenos urbanos fixam-se noutras localidades. Isto preocupa-me muito, porque a falta de fixação de pessoas leva, concludentemente, à diminuição da natalidade e ao decréscimo da população. Mediante este problema, delineamos uma medida concreta com vista a poder inverter esta situação actual. Foi criado um regulamento de apoio à natalidade que consiste num “vale de compras bebé” para a compra de produtos em estabelecimentos de comércio tradicional, do concelho de Lagoa, e da atribuição de um cabaz “bebé feliz”, com produtos indispensáveis à higiene do bebé, nomeadamente: fraldas, creme de fraldas, toalhitas, creme de corpo, gel de banho, champô, cotonetes e soro fisiológico.

Em sua opinião, o que se poderia fazer para solucionar estes problemas?
No que diz respeito à carência habitacional, proceder à criação de habitações a custos controlados para a fixação de jovens. Além disso, reabrir a Escola Básica João Caetano Flores e do Jardim de Infância “A Flor”.
O fecho destes serviços também é um dos factores para as famílias se fixarem noutros locais. Seria importante que, por parte das entidades competentes, esta situação fosse reapreciada, pois seria muito pouco favorável, não apenas para as crianças, como para a freguesia, em geral.

A toxidependência e, consequentemente, a criminalidade têm vindo a aumentar na freguesia?
Felizmente, na freguesia, o número de toxicodependentes diminuiu e consequentemente a criminalidade despareceu.

Qual a dimensão da pobreza na Ribeira Chã?
Existe alguma pobreza, mas ocultada. As pessoas não nos procuram por isso, porque têm vergonha. Muitas vezes, só sabemos quando realizamos parcerias com outras instituições sociais. Quando é do nosso conhecimento, é dado todo o apoio possível às famílias/pessoas que necessitam.

Em que dimensão aumentou o número de pedidos de apoio à junta de freguesia?
Os pedidos de apoio aumentaram, nomeadamente para a reabilitação de algumas habitações e para a resolução de problemas do dia-a-dia.

Como está a Junta de Freguesia a promover o desenvolvimento global da Ribeira Chã?
Ao longo do ano, vamos delineando estratégias e trabalhando em prol dos nossos objectivos para o desenvolvimento da freguesia e das suas necessidades.

De que forma a freguesia preserva o seu património cultural e promove actividades culturais locais?
Durante o ano, desenvolvemos várias actividades de promoção cultural, educacional e ambiental, para toda a população tais como as comemorações de elevação a freguesia, durante todo o mês de Maio; a grande noite de fados, no mês de Setembro e a elaboração de um presépio tradicional, que cada vez mais atrai visitantes à freguesia.

A freguesia tem potencial para se desenvolver mais?
Eu acredito que sim. Há sempre trabalho a fazer. A nossa prioridade, nos próximos anos, será a fixação de pessoas, não descurando as outras áreas.

Carlota Pimentel 
Edit Template
Notícias Recentes
Idade da reforma na Região podevir a ser reduzida devido à menor esperança de vida dos açorianos
Escola Secundária Antero de Quental promove feira de arte jovem com workshops e venda de produtos feitos à mão
“A parte mais engraçada é a das atividades onde passamos tempo juntos e criamosmemórias”, afirma Mariana Pavão
“Natália era uma libertária no sentido de entender que o Estado não pode interferir na vida pessoal dos cidadãos”
“Desigualdade é barreira à inovação agrícola”, afirma André Franqueira Rodrigues
Notícia Anterior
Proxima Notícia
Copyright 2023 Correio dos Açores