1- O Júri que teve a seu cargo analisar as propostas dos candidatos à privatização da maioria do capital social da Azores Airlines terminou o seu trabalho e colocou nas mãos da empresa SATA e do único accionista que é o Governo da Região a decisão sobre a privatização, ou não, da Azores Airlines.
2- O Presidente do Júri, Professor Augusto Mateus, ao deixar claro que dos dois candidatos que apareceram ao concurso, um foi excluído e o que ficou não atinge a classificação desejável para garantir o que é exigível e necessário a uma companhia com a importância para uma Região ultraperiférica que tem como porta de entrada e saída os meios aéreos, e, no caso, a Companhia de aviação da Região.
3- Augusto Mateus, ao explicar que os propósitos da privatização da Azores Airlines assentam em objectivos que “são estruturais e de médio prazo”, aponta desde logo que é necessária uma decisão política quanto ao número de aeronaves que devem compor a frota da companhia para servir o mercado já consolidado e a expandir-se para outras linhas que tenham rentabilidade.
4- Nas medidas de médio prazo há que incluir a qualidade da gestão que tem de ter objectivos a cumprir com proveitos para a companhia, para os trabalhadores e para os accionistas.
5- Conhecendo as necessidades que os Açores têm em dispor de meios aéreos que sirvam todas as Ilhas da Região, não somos defensores da privatização pura e dura da Azores Airlines, e as duas ou três tentativas feitas para a sua privatização acabaram num logro, e esse será o mote que deve ser apresentado à União Europeia, para que a empresa consiga, no médio prazo, proceder à recomendada reforma estrutural da companhia. Pensar de forma diferente é perder tempo e dinheiro.
6- Posto isto, somos levados a crer que o caminho percorrido nos cinquenta anos que estamos já a comemorar de liberdade e democracia, embora esta tenha semeado laivos de libertinagem com graves consequências para a democracia, apresenta um retrato que temos de conhecer para mudar de “agulhas”.
7- O retrato começa pelos jovens que é deveras assustador, segundo as estatísticas da Direcção-Geral de Políticas de Justiça. Desde 2017 que não havia tantos jovens com menos de 16 anos identificados pelas autoridades por cometerem crimes. Isto é, em 2023 foram identificados 2.736 menores de idade a cometer crimes e outros a serem no mesmo intervalo etário vítimas de crimes.
8- Em 1998, o primeiro ano em que houve dados da DGPJ, os menores de idade registados eram de 4 mil vítimas, com crescimento gradual nos anos seguintes, tendo em 2023 sido alcançado um número preocupante, com 16.750 ocorrências registadas e tratadas pelas forças de segurança.
9- Agora que comemoramos 50 anos de democracia, convêm conhecer um outro número que são os detidos em Portugal no ano passado, que ascendeu a 54.765 pessoas, sendo um novo recorde relativamente a anos anteriores, já que desde 2012 nunca houve tantas detenções, e das que ocorreram em 2023, metade reportam-se a crimes contra a vida em sociedade.
10- De acordo com os dados estatísticos, é preciso recuar ao ano de 2008 para encontrar tantas mulheres a serem vítimas de crimes, pois só em 2023 foram contabilizadas quase 134 mil vítimas.
11- Isto é, os crimes registados pelas polícias nacionais aumentaram cerca de 8% relativamente a 2022 e atingiram os valores mais elevados em 10 anos. O tipo de crime que mais cresceu foi os cometidos contra o Estado, mais de 16,9%, seguido dos crimes contra a identidade cultural/integridade pessoal, enquanto os que foram mais frequentes reportam-se a “violência doméstica”.
12- Lembrando o cinquentenário do 25 de Abril e reportando-nos a esse período, em Março de 1974 estava a fazer a entrega da Companhia de Caçadores 3519, no Estado Maior General de Bissau, porque ela tinha terminado a sua missão em Barro. Uma Companhia formada por Madeirenses excepto os que eram graduados.
13- Naquela altura a cidade fervilhava porque dias antes tinha sido publicado o livro do General Spínola “Portugal e o Futuro” considerado na Guiné o “grito libertador”. No dia 7 de Abril desembarcamos na Gare Marítima de Alcântara.
14- Hoje, temos uma fotografia do país real que é muito preocupante e que segue certamente noutras democracias.
Américo Natalino de Viveiros