A DEMISSÃO: – Não há quem se mantenha por muito tempo à frente dos destinos da Sata, nomeadamente da AZORES AIRLINES. Em boa verdade já perdi a conta de quantos administradores já passaram por aquela empresa regional, que é de primordial importância para a mobilidade dos açorianos, para além de ser uma “bandeira” desta Região, que se intitula de autónoma.
Exceptuando o último administrador, que o Governo do Dr. António Costa achou de o vir buscar para presidir à TAP, os motivos alegados pelos anteriores administradores foram sempre por motivos pessoais. Esta alegação é um poço sem fundo; isto porque dá cobertura a tudo e mais alguma coisa como motivo para a descontinuidade da função.
Porém, neste último caso e dado que o director financeiro também apresentou a sua demissão, e ainda, pela circunstância do presidente do júri que avaliou a privatização da AZORES AIRLINES ter apresentado algumas reservas sobre o poder económico do único concorrente que foi admitido (por exclusão de partes, diga-se) é lógico pensar que, os motivos daquelas demissões estão no desacordo dos demissionários com todo o processo que o Governo Regional teima em levar por diante.
Não é preciso ser doutorado, nem ser um “super sumo” em gestão de empresas, para se saber que qualquer companhia de aviação não pode dar-se ao luxo de fazer viagens com prejuízo sistemático só para satisfazer clientelas políticas, ou outras. Os aviões fizeram-se para voar cheios, ou então, que alguém pague ATEMPADAMENTE a diferença entre o custo e a receita da rota.
Há ainda a considerar que, não se pode exigir de uma linha aérea o mesmo que se exige a uma empresa de táxis. Há que ter a coragem política de dizer NÃO quando for caso disso. Não se deve prejudicar um todo em benefício de uma parte.
As tão badaladas obrigações de serviço público não podem servir de motivo para permanentes prejuízos nas rotas directas, quando existem alternativas com escala noutra ilha.
A PROCISSÃO: – Desde que a actual mesa da Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres tomou posse, tem-nos surpreendido com tomadas de posição relativas às maiores festas religiosas realizadas nos Açores, considerada também a segunda maior manifestação religiosa do país.
Na RTP/A ouvi o senhor Provedor dizer que, este ano, as festas iriam retomar os modelos antigos. Qual não é o meu espanto quando leio no Correio dos Açores, na secção da Maria Corisca, que não iria ser permitido levar bandeiras e estandartes das organizações que irão desfilar pelas ruas desta cidade no próximo dia 5 de Maio.
Espero que, este ano, se regresse ao velho costume de, no Sábado até à meia-noite, se colocar a veneranda imagem do Senhor Santo Cristo no altar-mor da Igreja, para receber o desfile dos milhares de crentes que por ali passam.
Em alternativa, atendendo à enorme dificuldade de acesso à Igreja de S. José, criar nesta Igreja uma entrada destinada unicamente a quem pretenda, à semelhança do que faria no Convento da Esperança, passar em frente da imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
Pertenço aos vinte por cento dos açorianos que vão à Missa e que tenta fazer o melhor que pode para cumprir com os mandamentos. Porém, não sou daqueles que dizem sim a tudo, só porque o senhor padre disse, ou qualquer outro responsável da Igreja comentou. O mesmo é dizer que sou católico apostólico e praticante, mas penso pela minha cabeça.
Que o Senhor Santo Cristo dos Milagres ilumine a Mesa da Irmandade e faça com que, este ano, não só as festas, mas também o cortejo processional em Sua honra, recupere o esplendor que tinha, ainda não há muito tempo atrás.
Aguardemos.
Carlos Rezendes Cabral
P.S. Texto escrito pela
antiga grafia.
14ABRIL2024