Joana Xavier, licenciada em Biologia Marinha pela Universidade dos Açores em 2003, e actualmente investigadora no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP), foi recentemente homenageada pelo Centro Oceanográfico das Baleares (Espanha) e pelo Museu da Evolução da Universidade de Uppsala (Suécia) com a atribuição do seu apelido (Xavier) a uma das oito novas espécies de esponjas marinhas que estudaram e que, assim, passa a ter a designação de Caminus xavierae. Em 2007, Joana Xavier encontrou esta esponja marinha num mergulho em Tenerife, no âmbito da recolha de amostras para o seu Doutoramento. Este tributo, feito através de uma publicação científica, é mais um reconhecimento pelo trabalho e contributos científicos da aluna da Universidade dos Açores como uma das investigadoras de referência internacional neste domínio.
Joana Xavier diz ter sido surpreendida pela equipa que atribuiu o seu nome a uma nova espécie de esponja marinha redescoberta numa amostra com mais de 15 anos.
Fez parte de uma equipa internacional que acaba de publicar um artigo científico no qual descreve oito espécies de esponjas marinhas, uma das quais foi “baptizada” em homenagem à investigadora Joana Xavier, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP). Esta espécie foi descrita com base num exemplar recolhido pela cientista da Universidade Porto numa gruta subaquática em Tenerife em 2007, quando ainda estava a fazer o seu Doutoramento.
Apesar de estarem interessados em esponjas das ilhas Baleares no Mediterrâneo, os investigadores do Centro Oceanográfico das Baleares e do Museu da Evolução da Universidade de Uppsala acabaram por comparar amostras com outros locais e encontrar oito novas espécies para a ciência.
Uma vez que uma delas tinha sido recolhida pela investigadora do CIIMAR e em reconhecimento da sua dedicação a avançar o conhecimento de espécies em mar profundo, resolveram atribuir-lhe o seu nome – Caminus xavierae.
Segundo Joana Xavier, “apesar de nessa altura mergulhar muito para recolher amostras para o meu doutoramento, não era costume fazer mergulhos em grutas. E este mergulho em específico foi feito precisamente para recolher um exemplar daquela que julgávamos ser Caminus vulcani, a pedido do meu colega Paco Cárdenas, último autor deste artigo, e que na altura também estava a fazer o seu doutoramento sobre a sistemática e evolução deste grupo taxonómico.”
Um novo olhar sobre
Caminus xavierae
A Caminus xavierae é uma esponja marinha em forma de almofada de cor castanha clara, e que possui um ósculo central (por onde sai a água) com margens elevadas, e inúmeros poros mais pequeninos (por onde entra a água) que formam um padrão estrelado na superfície da esponja.
Os elementos estruturais que constituem o seu esqueleto, são espículas siliciosas com morfologias distintas: algumas de maiores dimensões (estrôngilos e ortotrienas) e outras de menores dimensões (esterrasters, oxyasters e esférulas) que formam um córtex, uma espécie de “casca” superficial.
Para já, esta espécie só é conhecida desta gruta em específico pelo que seria importante perceber quão restrita é a sua distribuição.
Um novo nome
Atribuir o nome de alguém a uma espécie é uma prática relativamente comum entre a comunidade de taxonomistas. Contudo, nunca estas escolhas são casuais.
“É obviamente uma grande honra termos uma espécie cujo nome nos é dedicado. É uma forma de homenagear alguém que admiramos pelas contribuições que têm feito neste campo do conhecimento – a taxonomia – que é tão importante e no entanto tão pouco valorizado” refere Joana Xavier, que já conta com mais duas espécies a ela dedicadas: a primeira – Calthropella (Calthropella) xavierae van Soest, Beglinger & de Voogd 2010, foi “batizada” pelo seu orientador de Doutoramento, Rob van Soest. do Museu Zoológico de Amesterdão; e a segunda – Hymedesmia (Hymedesmia) xavierae Goodwin, Picton & van Soest 2011, por uma colega irlandesa, Claire Goodwin, também investigadora neste grupo.
Joana Xavier coordena a equipa de Biodiversidade e Conservação do Mar Profundo no CIIMAR que se dedica ao estudo de padrões de diversidade, distribuição e conectividade de espécies e habitas bentónicos de mar profundo, em particular os que são dominados por esponjas marinhas. Dentro de alguns meses, abraçará mais três projectos que permitirão expandir estes estudos, nomeadamente para o desenvolvimento e aplicação de metodologias de baixo custo para melhor mapear, monitorizar e até restaurar estes habitats.