A comissária de Ponta Delgada, Capital Portuguesa da Cultura de 2026, é a fadista Katia Guerreiro. O anúncio foi feito pelo Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, aos jornalistas, ontem, numa conferência de Imprensa, no Salão Nobre do Paços do Concelho.
“Hoje arrancamos com um projecto que queremos que seja intergeracional, tenha diversos públicos, seja uma pedra de toque para alavancar aqui, uma vez mais, toda a nossa pujança cultural. Somos uma ilha e um concelho com uma história e identidade própria. São quase 600 anos de vivência a meio do Atlântico, onde fomos criando as nossas tradições, as nossas formas de ser e estar, as nossas filas harmónicas, os nossos folclores, e as nossas crenças religiosas. E portanto, a Capital Portuguesa da Cultura Ponta Delgada é, acima de tudo, uma grande montra que pretende dar a conhecer ao país e ao mundo o que andamos a fazer ao longo destes quase seis séculos (…) ”, afirma o autarca de Ponta Delgada.
Sobre o evento, Pedro Nascimento Cabral garante que “2026 será um ano de celebração permanente de tudo aquilo que nos identifica: desde as nossas filarmónicas, grupos de folclore e artes contemporâneas”.
Katia Guerreiro afirma que quer Ponta Delgada como um “pólo de atracção cultural no país e no mundo”.
“É uma enorme honra assumir este papel que me foi colocado, um desafio que o Sr. Presidente me colocou e que me honra muito poder abraçar. Com um maior sentido de missão para que Ponta Delgada seja um pólo de atracção cultural no país e no mundo. Tudo aquilo que poderemos levar de Ponta Delgada para o resto do mundo será feito com um sentimento de missão”, realçou a nova comissária.
A comissária explica, ainda, que apesar de não ter nascido nos Açores na primeira vez, acabou por acontecer na “segunda vez”: “Não nasci aqui (em Ponta Delgada) na primeira vez, mas nasci na segunda vez na minha vida, aos 11 meses, depois de ter saído da África do Sul. Este é o meu chão, estas são as minhas raízes, cresci a andar nestas ruas, aprendi a falar e a escrever aqui. Tenho os meus amigos de sempre aqui. Tenho laços que me prendem a esta cidade, esta ilha e este arquipélago que me fazem assumir este papel de forma muito apaixonada”.
Sobre o programa, Katia Guerreiro afirma que quer respeitar o conceito da Capital Portuguesa da Cultura, por isso espera ter agentes culturais de todo o país.
“A Capital Portuguesa da Cultura é a Capital Portuguesa da Cultura. E, portanto, não nos iremos cingir a programas sobre a cultura nascida, criada e existente em Ponta Delgada, mas vamos trazer valores culturais de todo o país, exactamente com a preocupação de criar sinergias entre os agentes culturais regionais e os do continente e da Madeira”, explicou a fadista.
Pedro Nascimento Cabral anunciou que há um financiamento de cinco milhões de euros para esta organização – três milhões de euros da Câmara Municipal de Ponta Delgada, um milhão de euros do Governo de República Portuguesa e um milhão de euros do Governo dos Açores (através do programa de apoio Açores 2030).
Katia Guerreiro é embaixadora portuguesa do fado que tem uma legião de fãs por onde passa. Ainda recentemente, passou na Noruega e a sua legião de fãs voltou a aumentar. Apresentou-se no Cosmopolite de Oslo, numa sala cheia. Começou por dizer que se sentia em casa, porque na verdade é uma casa que sempre a recebe de braços abertos, que a respeita e que a aplaude vivamente. Agora, a sua dimensão artística abraça Ponta Delgada.
Filipe Torres