A segurança marítima, ao englobar, entre muitos outros aspetos, a proteção dos banhistas e dos praticantes das atividades marítimo-turísticas, é essencial ao fomento da economia. Para isso, requer investimento contínuo em material, formação e treino, aplicação rigorosa dos regulamentos e campanhas de consciencialização pública. Estes são os requisitos que, aliados à reconhecida imagem de sustentabilidade das atividades marítimas dos Açores, incrementarão a sua reputação e a competitividade como um destino turístico de qualidade, que oferece condições de segurança ímpares aos seus visitantes.
As praias açorianas, com enorme beleza e águas de excelente qualidade, colocam desafios naturais e estruturais à segurança balnear.
Os desafios naturais, que podem representar perigo para os banhistas desprevenidos ou menos experientes, incluem as rochas litorais, as correntes costeiras e as condições adversas originadas por ventos e ondulação fortes.
Os desafios estruturais relacionam-se com a disponibilidade de equipamentos de salvamento, nomeadamente boias de resgate e sinais de alerta sobre os perigos locais, bem como com a existência de pessoal treinado e equipado para lidar com emergências aquáticas.
Para enfrentar estes dois tipos de desafios à segurança balnear, têm sido implementadas diversas medidas de prevenção, que incluem a instalação de placas informativas, alertando os veraneantes para os riscos específicos do local e fornecendo orientações sobre como agir em caso de emergência. Além disso, são realizadas campanhas de informação dos banhistas sobre os perigos das correntes, do vento, da ondulação e das rochas, assim como para incentivar práticas balneares seguras e a adoção de medidas de precaução. Em termos de salvamento, existem equipas de resgate dotadas de material adequado para responder rapidamente a emergências nas praias.
As atividades marítimo-turísticas nos Açores oferecem aos visitantes experiências únicas, permitindo a exploração da beleza e da diversidade dos oceanos, de uma forma emocionante e educativa. No entanto, como não estão isentas de riscos, é crucial destacar a necessidade de respeitarem normas rigorosas, que garantam a segurança dos seus praticantes.
Os passeios de barco, o mergulho e a observação de cetáceos são algumas das múltiplas atividades do turismo marítimo dos Açores, que expõem os seus praticantes a uma série de riscos. Por isso, a implementação de normas de segurança rigorosas e permanentemente adaptadas aos diferentes tipos das atividades marítimo-turísticas, continuará a ser essencial para mitigar esses desafios e garantir a integridade das pessoas.
Em concreto, as embarcações usadas nas atividades marítimo-turísticas devem, de acordo com o seu tipo, cumprir todas as exigências legais em termos de material e equipamentos de segurança, e os operadores marítimo-turísticos devem seguir protocolos de segurança específicos para cada atividade que realizam. A tudo isto acresce a necessidade de uma fiscalização eficaz, para que o usufruto do mar dos Açores seja feito com elevados níveis de tranquilidade e responsabilidade.
As medidas de segurança adotadas no âmbito das atividades balneares e marítimo-turísticas, muito têm contribuído para melhorar as condições em que os visitantes desfrutam hoje o mar dos Açores. Porém, o seu reforço e colocação aos níveis de referência reconhecidos internacionalmente, poderá representar uma excelente oportunidade para fomentar a economia regional.
Com efeito, a sensação de segurança marítima poderá acrescentar, ao turismo dos Açores, um valor comparável àquele que está associado ao facto de ser um destino onde as atividades no mar são sustentáveis, e que tem sido muito bem promovido, através do destaque dado ao compromisso das autoridades e das comunidades regionais, com a preservação do meio ambiente e o bem-estar dos habitantes e dos visitantes.
Nestas circunstâncias, para fomentar a economia dos Açores, poder-se-á complementar a imagem de sustentabilidade das atividades no mar com a narrativa da segurança marítima, combinando-as e apresentando-as numa nova marca do turismo regional de excelência, destinada a incrementar a reputação e a competitividade face a outros destinos.
Para isso, como os acidentes marítimos, nas zonas balneares e nas atividades marítimo-turísticas, podem abalar a reputação de segurança, é crucial que a Escola do Mar dos Açores e os operadores turísticos ligados ao mar, trabalhem juntos na promoção de competências que reduzam, ainda mais, os riscos do uso do mar. Neste âmbito, afigura-se que a capacitação contínua do pessoal envolvido nas atividades balneares e marítimo-turísticas é essencial para garantir que estejam convenientemente formados e treinados para lidar com emergências e seguir os protocolos de segurança.
Para além disso, importa investir na infraestrutura de segurança, nomeadamente em sistemas de vigilância costeira, em equipamentos de salvamento e em sinalização eficaz para alertar sobre os perigos marítimos.
Outra iniciativa relevante é o cumprimento rigoroso da regulamentação de segurança marítima, garantindo que as atividades balneares e marítimo-turísticas estejam em conformidade com os mais exigentes padrões de segurança reconhecidos internacionalmente. Isso pode incluir as inspeções regulares das zonas balneares e das embarcações, a revalidação de licenças e certificações, e a imposição de sanções àqueles que não cumprem as normas.
Além disso, as campanhas de consciencialização pública são cruciais para educar, tanto os turistas quanto os residentes locais, sobre os riscos associados às atividades balneares e marítimo-turísticas, e as medidas que podem ser tomadas para garantir a segurança de todos. Este trabalho pode ser feito com recurso a materiais educativos, workshops, palestras e campanhas de mídia, que enfatizem a importância da segurança marítima e forneçam orientações sobre como agir em emergências.
Em síntese, a segurança marítima, sendo crucial para proteger banhistas e praticantes das atividades marítimo-turísticas nos Açores, pode impulsionar a sua economia. Para isso, é necessário investimento contínuo em material, formação e treino, aplicação rigorosa dos regulamentos, e campanhas de consciencialização. Desta forma, os padrões de segurança marítima regionais serão reconhecidos internacionalmente e poderão ser associados à imagem de sustentabilidade das atividades marítimas, para criar uma marca de turismo de excelência, que incremente a reputação e competitividade dos Açores face a outros destinos.
Almirante António
Silva Ribeiro