Edit Template

Nutricionista açoriana Noélia Arruda, responsável pelo Congresso da Mulher não está a conseguir apoios suficientes para dar dimensão à iniciativa nos Açores

Correio dos Açores – Com que dificuldades se tem deparado na realização do congresso?
Noélia Arruda (Responsável pela organização do I Congresso Açoriano na Saúde da Mulher) – Desde o início, tive que retirar alguns palestrantes que vinham do continente para São Miguel porque contactei a SATA e não tive qualquer tipo de resposta em termos de apoio. Eventualmente, faziam uns valores para grupos, mas não tinham nenhuma atenção específica.
Este congresso abrange todas as ilhas dos Açores e a ideia era chamar os profissionais de saúde, juntando o máximo de profissionais em São Miguel, para termos um trabalho dentro da área de saúde da mulher.
Contactei algumas farmácias e alguns delegados de informação médica, já este ano, e disseram que já estava muito em cima da data do congresso e que, por isso, não podiam dar qualquer tipo de apoio. Ou seja, a indústria farmacêutica, através dos delegados de informação médica, não tinha disponibilidade para dar qualquer tipo de apoio ao congresso, uma vez que tinham os orçamentos feitos desde o ano passado. Tive algumas dificuldades em encontrar estes delegados e só consegui contacto de 16 deles através de uma médica no continente.
Contactei a Secretaria Regional da Saúde, para convidar a Dra. Mónica Seidi para a mesa de abertura do congresso. Com a situação das eleições não obtive qualquer resposta sobre a sua presença. Responderam-me há algumas semanas com uma sugestão de um vídeo, ao que eu propus que viesse alguém em representação, pois assim dava outro peso e notoriedade ao congresso por parte da Direcção Regional da Saúde. Ao fim ao cabo é um congresso de saúde. Achei que merecia alguma sensibilidade nesse sentido. Mas não tive uma proximidade por parte desta entidade.
Contactei também a Presidência do Governo e não obtive resposta.
A Câmara Municipal de Ponta Delgada foi a entidade que me deu um grande apoio. Disponibilizou o auditório Natália Correia para fazermos o evento, tendo disponibilizado ainda kits com brindes para os palestrantes, moderadores e congressistas.
A Direcção Regional do Turismo, através do posto de turismo de Ponta Delgada, também nos forneceu brindes para os congressistas e palestrantes. Informaram-me que não podiam dar apoio, mas que podia candidatar-me a um apoio. Fiz a candidatura em nome individual, pois como nutricionista, estou a fazer este projecto com dinheiro próprio.
Paguei a uma empresa para me apoiar na montagem de todo o congresso e estava a contar que houvesse mais apoios para ter uma almofada para conseguir montar um congresso nos Açores, beneficiando todos os profissionais de saúde, e também a Região Autónoma dos Açores, seja em termos de educação em saúde, politica de saúde, saúde pública e de networking entre os profissionais de saúde. Ao fim e ao cabo era esta a minha intenção.
Percebi também que não houve uma grande adesão por parte dos profissionais de saúde de qualquer área: sejam médicos, sejam ginecologistas, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, farmacêuticos, etc. O congresso tem muito poucas inscrições, o que não dá um peso muito grande em termos de valores para o conseguir montar. Tudo tem saído da minha algibeira e em relação à candidatura que fiz para a Direcção Regional do Turismo só irei ter uma resposta para Junho e não sei se a resposta será positiva ou negativa, visto que sou uma pessoa singular, sou uma profissional de saúde independente, não tenho qualquer empresa nem nenhuma instituição. Logo, percebo que possa haver mais dificuldade.
Consegui apoio de quatro empresas de Lisboa; Germano de Sousa, Nutergia, Quattro e Vizinho; através da empresa que me apoiou na organização do congresso. Com o apoio dos patrocínios não consegui pagar metade do valor que a empresa, Factor Chave, e eu acordamos para a organização do congresso.
Sinta-me muito contente por organizar um congresso desta dimensão nos Açores e a minha intenção foi, com um olhar romântico e profissional, fazer dos Açores um ponto de referência em termos de congressos na área da saúde da mulher, com ligação ao turismo.
Tinha feito uma estimativa entre 70 a 120 congressistas e, actualmente, não consigo chegar aos 30. Fico muito triste. Estou em Lisboa e percebo a dificuldade que existe nos Açores em chegar mais perto dos profissionais de saúde, haver formação e a outro tipo de qualidade de progressão na minha carreira profissional. Por isso, em Lisboa, tendo acesso a vários profissionais de saúde a trabalhar em equipas multidisciplinares. pensei que poderia, de alguma maneira, fazer a ligação com os meus conterrâneos e dar uma oportunidade de fazermos equipas multidisciplinares, fazermos networking, fazermos parcerias porque acho que é muito importante sabermos qual o trabalho que cada profissional faz, para mais facilmente recomendar aos nossos pacientes profissionais altamente qualificados para os dar mais saúde e mais qualidade de vida.
Inicialmente, o congresso era para ser no auditório da Universidade dos Açores, mas pediram-me um valor perto dos 1.000 euros.
Em contrapartida, os palestrantes, os congressistas e quem irá participar têm mostrado interesse em participar, mas quando chega a hora de pagar recuam. Ninguém pode mexer na carteira de ninguém, mas a verdade é que estou a proporcionar a todos os profissionais de saúde dos Açores a ter aqui um espaço onde podemos abrir novos horizontes e ter uma maior ligação de forma presencial. O meu congresso está muito direccionado para ser presencial, não fiz a questão do congresso online precisamente por causa disso: para estarmos presencialmente e podermos falar com as pessoas cara-a-cara.
Estamos a duas semanas do congresso, e entendo que deveria partilhar esta informação com dois intuitos: sensibilizar as pessoas que ainda vão a tempo de se inscrever, e também abrir o congresso para pessoas que não profissionais de saúde, porque temos algumas pessoas que estavam interessadas em ir ao congresso.
Lamento ser açoriana, ser de São Miguel, ter ido para o continente e perceber que há aqui outro tipo de ligação entre os profissionais de saúde e querer levar para os Açores este congresso para podermos conhecer profissionais de saúde de outras regiões e de outras ilhas e partilhar todo o conhecimento para também recomendarmos os profissionais aos nossos pacientes. E a questão de não termos apoios do Governo dos Açores.
Pretendíamos levar mais longe este projecto com palestrantes da Europa, dos Estados Unidos e mesmo de Portugal, mas isso não foi possível por não ter apoio financeiro da SATA.
Apesar de estar a pagar do meu bolso, decidi avança, porque era algo que gostava de fazer, mas acreditei, sinceramente, que teria outro acolhimento por parte das entidades dos Açores e por parte dos profissionais de saúde dos Açores.

Quanto custa realizar um congresso destes?
A estimativa do custo deste congresso está entre os 15 mil e os 25 mil euros.

Porque entende que há pouca adesão na participação dos profissionais de saúde dos Açores?
Das 26 pessoas que se inscreverem, devem ter gostado da ideia e consideraram que era inovadora. Das pessoas que não se inscreveram, não percebo ou então não entendem que o congresso tem interesse. O congresso coloca a saúde da mulher no meio e reúne vários profissionais para falar sobre a saúde de mulher. Vou ter uma palestra de uma psicológica, duas ou três palestras com enfermeiras, duas ou três palestras com nutricionistas e duas palestras com profissionais do exercício físico. Contactei muitas instituições e as ordens dos enfermeiros, nutricionistas e psicológicos para me apoiar na divulgação do congresso.
Possivelmente, as pessoas não estão muito sensibilizadas para as equipas multidisciplinares, trabalhar em parcerias e fazer networking com outros profissionais de saúde, penso que seja esta a razão. Não sei se o valor do congresso, em si, terá algum peso, porque quando queremos ir a algum evento temos de pagar para ir lá, não podemos criar o congresso gratuito para as pessoas irem. Claro que tinha de colocar um preço porque tenho de pagar uma empresa que me está a ajudar o congresso. São valores bem elevados.

Frederico Figueiredo

Edit Template
Notícias Recentes
Essentia Azorica apresenta óleos essenciaisna AçoresBIO-2024 mediante visitaà destilaria e à plantação biológica
GNR apreendeu 580 quilos de pescado na ilha do Pico
Homem detido na Maia por suspeita de incêndio em edifício
Açores têm feito esforços para “corresponder às expectativas” de quem escolhe a Região para viver, realça Paulo Estêvão
Primeira edição do ‘Azores Comedy Fest’ leva o melhor da comédia regional ao Teatro Angrense
Notícia Anterior
Proxima Notícia
Copyright 2023 Correio dos Açores