“Só os mortos viram o fim da guerra”. É uma frase atribuída a Platão, que quer dizer haverá sempre guerra enquanto o ser humano existir, é uma condição humana.
Israel terá atacado o Irão com 3 drones numa zona muito próxima de instalações nucleares iranianas, em ISFAHAN no sul do País. Tudo deve ter sido rigorosamente planeado e cautelosamente conversado com terceiros aliados: não vamos escalar a guerra nem a tensão, mas temos de dar um sinal seguro… Ou algo do género.
Foi, para já e tão-somente um apontamento sobre a capacidade militar de Israel, orientado pelos seus serviços secretos. Israel tinha de reagir para que o seu povo não perdesse a confiança na segurança e não se atemorizasse. Devia dizer para dentro de casa que o seu governo não era mole nem se acobardava e para o exterior que chegaria onde quisesse com armas potentes.
Felizmente, a operação não causou estragos. Israel não se pronuncia sobre o evento e não nega que tenha sido o autor. O Irão diz que que se tratou apenas de uma infiltração e que não foi atacado com mísseis, mas com minidrones.
Até parece que foi combinado um esforço comum de desvalorização das operações militares. Quer dizer que Israel retaliou a chuva de drones telecomandados pelo Irão e que foram destruídos antes da destruição que visavam. O Irão fez o mesmo em relação a um aguaceiro de drones enviados de Israel.
Porém, Israel não se ficou pelo Irão, também atingiu alvos na Síria compostos por infraestruturas e no Iraque.
Os Estados Unidos, aliado tradicional de Israel, garantem que não autorizaram o ataque e acrescentam que o Irão foi atacado por um míssil, o que, curiosamente, é negado pelo próprio Irão. Fica-se com a ideia que a operação militar de retaliação foi propositadamente “fraca”, qualificativo usado por Israel.
Até que ponto é que o Mundo se aproxima de uma guerra de larga escala?
Uma coisa é certa, não será o “incidente” belicoso atrás descrito que contribuirá para apressar o que quer que seja.
Para já uma escalada de guerra desmensurada não parece iminente, a julgar pela natureza dos ataques e das retaliações imaginárias como pelas reações que seguiram tanto do autor como do Estado atacado.
Por outro lado, os países amigos do Irão não apoiam uma guerra contra os Estados Unidos que surgiria se Israel fosse realmente atacado.
A operação considerada “fraca” parece ter sido engendrada para “israelita ver” e o autocrata presidente israelita “lavar a face” sem “escalar a guerra”. Já está a ser classificada como uma vitória de Israel. Apesar de tudo, ninguém parece querer a guerra.
Não nos é dado prever o futuro, ainda que próximo. Sem dotes de adivinho não poderá ser antecipada a dimensão do desenvolvimento da Guerra. As perspetivas são, contudo, muito sombrias, devemos reconhecer. O Egito e o Japão, com proximidade geográfica dos Estados que simulam agredir-se não disfarçam a sua profunda preocupação.
Não obstante, o que no Mundo ganha expressão é o fenómeno do nacionalismo e do proselitismo.
O Mundo em vez de se unir divide-se em pequenas partes. Recusa-se a convergir. Todos querem ser grandes, respeitados e muito ricos.
Onde encontramos um indivíduo, depararemos com uma hipótese de discussão. Onde encontramos muitos indivíduos descobriremos uma possibilidade de rebelião. Onde encontramos uma sociedade acharemos um prenúncio de batalha. Onde reconhecemos um Estado desvendaremos uma indomável vontade de alargamento de fronteiras.
Álvaro Dâmaso