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Continuidade contra a corrente

A continuidade de Luís Carlos Couto como Director Regional do Desporto não é consensual. A aceitação que teve em Dezembro de 2020 dissipou-se pelo método como desenvolveu vários processos.
Houve pressões originárias de algumas Associações para ser apresentada uma alternativa. Decorreram conversas para a nomeação de um elemento com capacidades de desenvolver um trabalho eficiente, com a visão de os Açores terem um desporto moderno, através de regras e de alterações adaptadas ao momento.
Alguns nomes foram estudados e falados nos meandros do desporto. Nenhum acabou por ser indigitado e nomeado. Os que integram os quadros da Direcção Regional do Desporto com competência e conhecimentos para o cargo, como são João Ávila e Hélio Ormonde, não foram sequer equacionados por, ao que me informaram, serem de outra cor política, o que me incomoda quando esta questão é determinante.
O relacionamento com as Associações de Futebol ficou e deve continuar inquinado pela forma como se dirigiu à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e aos presidentes associativos em Janeiro de 2023, nas comemorações dos 100 anos do Angústias Atlético Clube, da Horta. Disse uma verdade penalizada quando proferida em público pelo cargo que desempenha: “a FPF tem 100 milhões de euros de orçamento e a Direção Regional 10 milhões. Se levasse um avião a menos com os presidentes das Associações para irem ao Catar assistir a um jogo do “mundial”, haveria dinheiro para ajudar o clube a colocar o relvado sintético no seu campo”.
As Associações dos Açores classificaram de “descabidas, infelizes, injustificáveis e de incontinência verbal” as declarações. Robert Câmara, líder da AF Ponta Delgada e porta-voz das Associações, foi mais longe ao afirmar que estando, há um ano, o Governo a meio do mandato, ainda não tinha promovido as mudanças prometidas para o desporto, “até pelo contrário, temos dificuldade em perceber para onde querem caminhar”.
Aquelas declarações obrigaram o então secretário da Saúde, Clélio Meneses, a proteger Luís Couto, que, através de carta interna ao presidente federativo, apresentou desculpas.
Além dos aspectos relacionados com o caminho a percorrer visando o progresso da actividade física, das modalidades que devem ser prioritárias e de uma renovada e direccionada meta para a alta competição, há a necessidade da urgente requalificação de muitos pavilhões escolares que servem alunos e a comunidade. Foi uma herança pesada porque não houve, nos anos dos governos socialistas, a preocupação de elaborarem planos de manutenção.
Umas das prioridades é de o desporto inserir-se no combate ao elevado número de jovens que consomem drogas. Eles estão nas várias equipas. Muitos, mas mesmo muitos, abandonam porque o vício está enraizado.
Há sempre a expectativa de alteração de política desportiva. Mesmo sem mudar de director. É o que o desporto destas ilhas espera.
PAULETA EMPUNHOU A TAÇA DE CAMPEÃO de Espanha 24 anos depois. De forma inesperada. Numa deslocação com carácter privado à Corunha, onde não ia há 14 anos, foi rapidamente identificado. Foram dois anos naquela cidade ao serviço do Deportivo. Uma passagem, a exemplo das outras, deixando cartel. Em 79 jogos oficiais marcou 22 golos, com as conquistas do único título de campeão espanhol do clube, em 1999/2000, e contribuindo para o Depor ser o vencedor da SuperCopa ante o Espanhol. Jogou na época seguinte, a 20 de Agosto de 2000, os primeiros 56 minutos da primeira “mão” dos desafios entre o campeão e o vencedor da Copa del Rey, que terminou, em Barcelona, empatado a zero. Já não alinhou na segunda partida, uma semana depois, na Galiza, por se ter transferido para o Bordéus. Ganhou o Depor por 2-0.
A informação da presença de Pedro Pauleta na Corunha chegou aos responsáveis pelo Depor. Foi convidado a visitar as instalações, que surpreenderam o internacional português pelas alterações ocorridas nas estruturas. O estádio foi remodelado para satisfazer os requisitos actuais. Desde as bancadas até às áreas dos balneários. Foi construído um centro de treinos com sete campos.
A outra parte da visita foi direccionada para a sala dos troféus. A oportunidade de Pauleta ver e ter contacto com as taças que ajudou a conquistar. É que em Espanha a entrega do troféu do título maior é feita na época seguinte e quando o Depor recebeu o da SuperCopa o ex-jogador micaelense já estava em França.
Pauleta, com a camisola do Depor vestida, tirou várias fotos com a taça de campeão. O eco da presença nas instalações do clube foi de tal ordem que recebeu 4 051 gostos em poucos minutos na página oficial e deu uma longa entrevista ao jornal Voz da Galiza recordando as épocas de oiro do clube.
O Depor deslizou para o fundo ao ponto de hoje disputar o campeonato da Primeira Divisão da Real Federação Espanhola de Futebol. Lidera a série 1 a 6 jogos do fim. Estar num campeonato equivalente à Terceira Divisão nacional não impede de a média de espectadores no estádio Riazor ser de 27 mil adeptos.
AINDA SE TREINA em Portugal pistas de terra batida e mal conservadas. Não é ficção. Não é dos anos 70. É actual. A foto ilustra um destes treinos.
O grupo de 15 jovens atletas do Centro Recreativo Alturense, da freguesia algarvia de Altura, reúne-se três vezes por semana nos corredores de uma suposta pista de atletismo em redor do há mais de 20 anos desactivado campo de futebol.
O entusiasmo de Armando Caiadas, com uma vida dedicada ao atletismo na pequena freguesia do concelho de Castro Marim, mantém viva a prática desportiva para um grupo maioritariamente composto por raparigas, já que os rapazes não têm comparecido na mesma proporção.
Caiadas treina naquelas condições há muitos anos. Leva os atletas duas vezes por semana à pista do complexo internacional de Vila Real de Santo António, situada a 8 quilómetros.
Os resultados na pista não são os desejáveis. Pudera! Em contrapartida, no corta mato as jovens atletas têm obtido pódios.
Quando, por cá, reclamamos por pistas com mais corredores, melhor apetrechadas, há quem, apenas com pequenos apoios do clube e dos familiares, treine como os nossos atletas começaram há 40 anos em redor e no campo de jogos da escola Antero de Quental e mais tarde no Estádio de São Miguel.

José Silva

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