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Mobilidades

Que vivemos num país difícil de governar, isso já todos sabemos.
Que vivemos num país onde as falcatruas são o pão-nosso de cada dia também já o sabemos.
Que vivemos num país onde muitos governantes têm cadastro pouco limpo, também é do conhecimento geral a avaliar pelos escândalos vindos a público.
Agora, o que não é admissível, é ser-se tratado de modo diferente, em matérias que são comuns a toda a população deste país, sejam eles do continente, ou das ilhas, como os centralistas gostam de dizer.
Vem isto tudo a propósito das dificuldades que os “ilhéus” estão a sentir junto dos CTT, no ressarcimento da diferença entre os valores estipulados pelo governo, e as exorbitantes quantias pagas às companhias aéreas, quando nos transportam entre a Mãe-Pátria e as ilhas.
Ao que se sabe, a lei não permite que, tal como dizem que os CTT estão fazendo, se questione o passageiro sobre o propósito da viagem, se foi por puro lazer ou se foi por necessidade, tal como doença, por exemplo.
Vamos pôr os pontos nos ii’s. Apesar de não vivermos no continente português sabemos que, por exemplo, os transportes ferroviários (CP, Metros, etc) que circulam entre as várias localidades daquele território são, também, altamente subsidiadas pelo Estado. Ao que consta, no acto da compra do bilhete, tanto os cidadãos de Bragança, de Vila Real de Santo António como de outra localidade qualquer, não têm que apresentar qualquer documento ou justificação do propósito da viagem.
Tal como acontece no continente, aos residentes das ilhas assiste-lhes o direito de se deslocarem dentro do país. Assim, pelo facto de viverem em ilhas sem transporte de passageiros por via marítima, são obrigados a utilizar o avião. Naturalmente, este meio de transporte é mais caro que a via marítima mas, este facto, não pode ser impeditivo de haver equidade no custo de transportes entre as várias parcelas do país.
Como vivemos num país da treta, penso que esta matéria da mobilidade deve ser revista de modo a que não haja possibilidades de se engendrar falcatruas como aquelas que se verificaram recentemente com uma agência de viagens que lesou o Estado em centenas de milhares de euros.
Assim, sou da opinião de que o pagamento da diferença entre o preço do bilhete subsidiado e o preço real a pagar à agência de viagens ou companhia aérea, seja da responsabilidade do governo. Ao passageiro, caber-lhe-ia, unicamente, pagar o preço estipulado pelas entidades competentes.
Atendendo a que os CTT nunca trabalham de borla, seja para quem for, optando por esta modalidade poupar-se-iam os montantes pagos aquela empresa.
Evidentemente que as companhias aéreas não irão querer esta modalidade. Isto porque, o governo, seja ele qual for, é sempre mau pagador e quem ficaria com a “cana verde” na mão seriam as próprias companhias aéreas.

De resto e por exemplo no caso da SATA, é do conhecimento público que os sucessivos governos regionais têm faltado ao pagamento de elevados montantes àquela companhia aérea. Ora, isto obriga-a a recorrer à banca para suprir as suas necessidades financeiras e contabilizar juros que, se o governo pagasse atempadamente, não seria necessário acorrer ao crédito com tanta frequência. Mas como o governo é o accionista único…
Costumo a dizer que quem quer ter ilhas tem de as pagar; por isso, o governo português que se entenda com os CTT nesta questão dos reembolsos aos residentes destas ilhas que já têm demasiados sobrecustos pelo facto de aqui viverem.
Em certos países, os seus habitantes insulares viajam de graça para as respectivas metrópoles.
Em Portugal é o que se vê!

Carlos Rezendes Cabral

PS. Texto escrito pela
antiga grafia.
21ABRIL2024

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