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Traineiras já pescaram 723 toneladas de atum patudomais 312 toneladas do que igual período de 2022

Até ontem haviam sido descarregadas 723 toneladas de atum patudo nas lotas dos Açores, mais 312 toneladas do que em igual período do ano passado, o que significa que, a manterem-se as capturas a este nível, a quota de à volta de 2.400 toneladas vai ser atingida mais cedo este ano.
Sete traineiras estavam ontem a aguardar a sua vez para descarregar atum patudo na lota do porto de Ponta Delgada, uma delas a ‘Atlântico Nordeste’, com 15 toneladas a bordo, tinha feito já o contracto directo com um empresário para a venda do peixe a 2.20 euros o quilo, mas não sabia quando iria descarregar.
A ‘Atlântico Nordeste’ atracou ao cais de pesca do porto de Ponta Delgada no sábado à noite, e tal como as outras seis traineiras que, entretanto, foram chegando. Não puderam descarregar no fim-de-semana.
De facto, a «Lotaçor’ distribuiu, no Sábado, um comunicado onde refere que a lota de Ponta Delgada tinha “esgotado a sua capacidade de armazenagem de pescado, com destino à primeira venda em leilão” e que só poderia recomeçar a receber mais atum patudo após a primeira venda de ontem.
No mesmo comunicado, a Lotaçor apelava “ à melhor compreensão de todos os intervenientes do sector, nomeadamente, aos armadores, de que a Lotaçor, através dos seus serviços, na lota de Ponta Delgada, só será capaz de descarregar, registar e armazenar mais atum patudo, para primeira venda, após o leilão de ontem.
Refere ainda que, “no que diz respeito a contrato de abastecimento directivo, a Lotaçor pode disponibilizar os seus serviços regulares durante o fim-de-semana que passou, mas só a partir de ontem, é que podia disponibilizar os seus serviços de congelação no entreposto frigorífico de Ponta Delgada, em salmoura arrefecida, cerca de 20 toneladas por dia.”
Só os barcos-de boca-aberta podem descarregar, no fim-de-semana, até 2 toneladas por dia de patudo e as embarcações de 12 metros cabinadas podem descarregar até 6 toneladas por dia, no Sábado e no Domingo.
Este atum patudo, no total de 35 toneladas, foi descarregado no chão da lota de Ponta Delgada porque o entreposto frigorífico de Ponta Delgada não recebeu peixe no fim-de-semana.
Os mestres e armadores das traineiras com refrigeração a bordo manifestaram ontem de manhã ao ‘Correio dos Açores’ o seu descontentamento por esta situação. Entendem que as embarcações de 12 metros cabinadas estão numa situação privilegiada já que podem pescar peixe de fundo durante a semana e – como há muito atum patudo no mar dos Açores – entre Sexta-feira e Domingo vão à pesca do atum podendo descarregar seis toneladas por dia.
Os mestres e armadores das traineiras são, também, de opinião, que os barcos-de-boca-aberta deviam ser proibidos de fazer descargas de atum patudo durante o fim-de-semana para a lota por não ter as condições para conservar o peixe até Segunda-feira.
Do lado dos armadores e pescadores dos barcos-de-boca-aberta (quase todos chicharreiros), a opinião generalizada é a de que, por o peixe se aproximar da costa, o facto de poderem pescar duas toneladas de atum patudo por dia, permite-lhes obter ganhos que este ano que nunca atingiriam. O mesmo acontece com as embarcações cabinadas de 12 a 14 metros sem refrigeração a bordo.
Praticamente todos os mestres e pescadores das traineiras de atum (barcos maiores) são madeirenses ou caboverdianos a pescar em barcos registados em portos açorianos. Vêm aos Açores obter ganhos para levarem depois para as suas terras de origem. J.P.

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