Até ontem haviam sido descarregadas 723 toneladas de atum patudo nas lotas dos Açores, mais 312 toneladas do que em igual período do ano passado, o que significa que, a manterem-se as capturas a este nível, a quota de à volta de 2.400 toneladas vai ser atingida mais cedo este ano.
Sete traineiras estavam ontem a aguardar a sua vez para descarregar atum patudo na lota do porto de Ponta Delgada, uma delas a ‘Atlântico Nordeste’, com 15 toneladas a bordo, tinha feito já o contracto directo com um empresário para a venda do peixe a 2.20 euros o quilo, mas não sabia quando iria descarregar.
A ‘Atlântico Nordeste’ atracou ao cais de pesca do porto de Ponta Delgada no sábado à noite, e tal como as outras seis traineiras que, entretanto, foram chegando. Não puderam descarregar no fim-de-semana.
De facto, a «Lotaçor’ distribuiu, no Sábado, um comunicado onde refere que a lota de Ponta Delgada tinha “esgotado a sua capacidade de armazenagem de pescado, com destino à primeira venda em leilão” e que só poderia recomeçar a receber mais atum patudo após a primeira venda de ontem.
No mesmo comunicado, a Lotaçor apelava “ à melhor compreensão de todos os intervenientes do sector, nomeadamente, aos armadores, de que a Lotaçor, através dos seus serviços, na lota de Ponta Delgada, só será capaz de descarregar, registar e armazenar mais atum patudo, para primeira venda, após o leilão de ontem.
Refere ainda que, “no que diz respeito a contrato de abastecimento directivo, a Lotaçor pode disponibilizar os seus serviços regulares durante o fim-de-semana que passou, mas só a partir de ontem, é que podia disponibilizar os seus serviços de congelação no entreposto frigorífico de Ponta Delgada, em salmoura arrefecida, cerca de 20 toneladas por dia.”
Só os barcos-de boca-aberta podem descarregar, no fim-de-semana, até 2 toneladas por dia de patudo e as embarcações de 12 metros cabinadas podem descarregar até 6 toneladas por dia, no Sábado e no Domingo.
Este atum patudo, no total de 35 toneladas, foi descarregado no chão da lota de Ponta Delgada porque o entreposto frigorífico de Ponta Delgada não recebeu peixe no fim-de-semana.
Os mestres e armadores das traineiras com refrigeração a bordo manifestaram ontem de manhã ao ‘Correio dos Açores’ o seu descontentamento por esta situação. Entendem que as embarcações de 12 metros cabinadas estão numa situação privilegiada já que podem pescar peixe de fundo durante a semana e – como há muito atum patudo no mar dos Açores – entre Sexta-feira e Domingo vão à pesca do atum podendo descarregar seis toneladas por dia.
Os mestres e armadores das traineiras são, também, de opinião, que os barcos-de-boca-aberta deviam ser proibidos de fazer descargas de atum patudo durante o fim-de-semana para a lota por não ter as condições para conservar o peixe até Segunda-feira.
Do lado dos armadores e pescadores dos barcos-de-boca-aberta (quase todos chicharreiros), a opinião generalizada é a de que, por o peixe se aproximar da costa, o facto de poderem pescar duas toneladas de atum patudo por dia, permite-lhes obter ganhos que este ano que nunca atingiriam. O mesmo acontece com as embarcações cabinadas de 12 a 14 metros sem refrigeração a bordo.
Praticamente todos os mestres e pescadores das traineiras de atum (barcos maiores) são madeirenses ou caboverdianos a pescar em barcos registados em portos açorianos. Vêm aos Açores obter ganhos para levarem depois para as suas terras de origem. J.P.