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Direcção da Associação de Socorros Mútuos de Ponta Delgada quer centralizar todos os serviços numa sede

A Associação de Socorros Mútuos de Ponta Delgada (ASMPD) vai realizar uma Assembleia-geral com os associados para decidir se vai avançar, ou não, com a compra de um terreno para construir uma infraestrutura que junte todos os serviços da Associação. Neste momento, há três opções, e seja qual for a escolhida, o actual edifício, que fica na Rua Machado dos Santos, não será abandonado caso o projecto avance. A explicação foi dada pelo Presidente da ASMPD, Carlos Coelho, ao Correio dos Açores.

Correio dos Açores – Qual é a actual situação da Associação de Socorros Mútuos de Ponta Delgada?
Carlos Coelho (Presidente da ASMPD) Este é o início de um projecto que já é uma ideia dos antigos associados. Não é uma coisa que seja definitiva, é um renascer de um projecto. Andávamos à procura de um terreno para dar início a esse projecto e surgiu-nos a hipótese de três terrenos que vão ser apreciados pelos nossos associados e eles vão decidir se querem ou não avançar com o projecto.
Vamos falar, conversar com todas as entidades, desde o Governo Regional, Câmara Municipal de Ponta Delgada e envolver todas essas entidades no projecto que não está ao alcance, somente, da Associação de Socorros Mútuos.
Os nossos sócios pagam uma quota mensal de dois euros e não é com esse valor que vamos construir um edifício com essa raiz. Se encontrarmos apoios dessas entidades, nomeadamente no âmbito do PRR e do Açores 2030, vamos avançar com o projecto. Se não for por esse caminho, poderemos também tentar em cooperação com outras associações do país, o que será mais difícil dada a distância dos Açores para Portugal continental, mas não é uma hipótese posta de parte.
Vamos perceber, primeiro, junto das entidades regionais quais os apoios que nós podemos ter. Na pior das hipóteses, se não conseguirmos, vamos, portanto, continuar com o nosso trabalho, que foi feito até aqui, apostando na saúde mental e psicológica dos nossos associados para evitar o recurso a medicinas mais interventivas, ou seja, fazer mais prevenção; investir na medicina dentária, visto que temos bons médicos, bons serviços, bons consultórios e bom material; e na medicina familiar e geral onde também temos bons médicos em quantidade suficiente para satisfazer as nossas necessidades.
Agora, nunca podemos pôr de parte é que somos uma associação de economia social, um património lendário assente em valores éticos de raiz humanitária e trabalhamos em benefício dos nossos associados. Mas concorremos com a iniciativa privada, que tem outros poderes que nós não temos. Portanto, estamos preparados para qualquer uma das hipóteses.
Há três terrenos onde podemos executar o projecto. Dois deles na Rua São Gonçalo e um outro na Fajã de Baixo. Um primeiro terreno, que fica na Rua São Gonçalo, em São Pedro, serviria todas as condições para a nossa associação, uma vez que um deles permitiria fazer dois edifícios abaixo da cota do sol e quatro acima da cota do sol. Ou seja, podemos construir dois edifícios para, por exemplo, arquivo e estacionamento, e quatro acima da cota, onde poderíamos fazer a farmácia e serviços administrativos no primeiro; a clínica no segundo; a unidade de cuidados continuados no terceiro; e um lar ou uma residência de estudantes no quarto.
Tudo isto vai ser explicado aos nossos associados que vão dizer se querem avançar com o terreno. Depois, vamos procurar junto da Câmara e do Governo Regional para perceber o que é do interesse para Região e ao serviço dos nossos associados e ao serviço dos cidadãos. Se der para prosseguir com esse projecto, vamos seguir. Caso não dê, vamos continuar a trabalhar aqui. Temos ótimas condições, é reconhecido. Temos sócios que querem que continuamos no edifício e no centro da cidade.

Há quanto tempo este projecto está planeado?
Quando tomamos posse, inicialmente fizemos um inquérito ao clima organizacional, para perceber e identificar os pontos fracos e resolvê-los e também fizemos um inquérito de satisfação ao cliente, para perceber os pontos fracos, os pontos bons, e os pontos menos bons para identificar e tomar as medidas necessárias. Em relação ao clima organizacional, tomamos medidas perante os nossos colaboradores, para ficarem satisfeitos, para que venham trabalhar com vontade e com felicidade. Esse foi o nosso objectivo e temos vindo a conseguir. Estamos a preparar a terceira edição desse inquérito ao clima organizacional para saber quais são os resultados e se estamos a tomar as medidas bem. Em relação ao inquérito de satisfação ao cliente, vamos também partir para a terceira edição e temos vindo a implementar as melhorias que nos foram indicadas em relação à primeira e ao segundo inquérito.
Um das questões que eram fundamentais para os nossos associados era do muito tempo de espera na farmácia e também do aumento dos serviços médicos, em algumas especialidades, porque não há médicos disponíveis para vir trabalhar, mas esta é uma questão a nível nacional. Em relação ao tempo de espera na farmácia, conseguimos reduzi-lo de 20 minutos para 7 minutos de média, ou seja, uma descida de 13 minutos.

O que foi implementado para reduzir esse tempo de espera?
Reforçamos os serviços de retaguarda, ou seja, o funcionário que está no balcão fica somente no balcão e depois temos uma retaguarda que alimenta um robô que trabalha ao ir buscar os medicamentos. Esse robô trabalhar 24 horas por dia.
Em relação aos serviços médicos, aquilo que nos pediam era mais especialistas, mas isso não tem sido necessário. Posso-lhe dizer que nós, no último ano, fizemos mais de 7 mil consultas. Se nós não as fizermos, as pessoas vão ter de ir para o Serviço Regional de Saúde e vão ter de ser executadas pelo Estado.

Qual é o tempo de espera para se ter uma consulta?
Aqui nós não temos demora. Os médicos também trabalham de fora e quando têm consulta vêm cá. Todos os dias temos medicina familiar, medicina dentária, as psicológicas. Temos também serviços de enfermagem ao domicílio aos nossos associados. Aqueles que conseguem vir até aqui têm uma enfermeira cá; aqueles que não conseguem vir têm o serviço de domiciliário, e também entregamos medicamentos a casa. Também temos o aluguer de camas, de cadeiras e esse tipo de equipamento de apoio aos idosos.

Quantos médicos e enfermeiros há neste momento na Associação de Socorros Mútuos? O número é suficiente?
Temos 20 médicos e duas enfermeiras. O número nunca será suficiente porque, por exemplo, temos especialidades que não temos e não conseguimos, como é o caso da dermatologia, que o tempo de espera no privado é quase um ano.

Os associados estão a par da possível aquisição de um terreno pela Associação para construir todos os serviços num espaço único?
Enviamos um e-mail para os nossos associados com o documento. Eles têm vindo a responder. Neste momento, temos cerca de 4.500 associados e com os familiares ultrapassam os 9 mil. A votação que vamos fazer é se compramos ou não o terreno, qual é o interesse que eles têm no projecto. Se houver esse interesse vamos recolher esses apoios para ver se avançamos. Mas a ideia é manter o actual edifício.
Eles poderão analisar e o contributo de todos é que é fundamental para a nossa decisão.
Nós vamos fazer o que a Assembleia-geral decidir. Podem ficar tranquilos e votar em consciência porque se não concordarem com o projecto, não vamos ficar desmotivados. Vamos continuar a trabalhar com o mesmo empenho. Não vai haver redução de foco.

Qual seria a utilidade do actual edifício caso o projecto avance?
Seria o complemento do novo edifício. Portanto, não íamos sair do centro da cidade. Neste momento, não colocamos a hipótese de sair de lá especialmente porque há associados que querem que ali continuemos.
No que se refere aos terrenos, a primeira e segunda prioridade é na Rua de São Gonçalo, em São Pedro, e a terceira escolha seria ao pé da actual farmácia, da Avenida Natália Correia. O primeiro terreno que queremos comprar custa 750 mil euros, a segunda escolha tem o custo de 900 mil euros e o terceiro, da Fajã de Baixo, ainda não sei o valor.

Já há data para a Assembleia-geral?
Ainda não foi marcada. Já foi pedido ao Presidente da Assembleia, mas estamos a aguardar que seja marcada.

Quais são os planos para a Associação de Socorros Mútuos até ao final do ano?
Neste momento, estamos no início do ano, fizemos um protocolo com a RedeMut que é de apoio domiciliário para colmatar a falta de médicos que nós temos para prestar aos nossos associados no serviço de teleassistência e de serviço de apoio ao domiciliário.
Os nossos associados tém esses serviços em parceria com a RedeMut, que vem da Associação Portuguesa da Mutualidade, cuja associação agrega várias associações do país, ou seja, os nossos associados a partir de Janeiro deste ano, podem deslocar-se a Portugal continental e qualquer uma das associação que fazem parte da Associação Portuguesa da Mutualidade e podem beneficiar desses serviços, não pagam mais por isso e têm todas essas vantagens de serviços, desde a tele-consulta, a assistência de enfermagem….
E também estamos agora a preparar um serviço de tele-assistência. É por um aparelho que eles ligam ao pulso. O idoso, se tiver em casa sozinho e ao cair, o aparelho manda uma mensagem ao serviço de tele-assistência, espera cinco segundos e se o idoso se mantiver no chão, há uma chamada para o cuidador e para o serviço de assistência para irem saber o que se passa. Estamos ainda a ultimar, para ver se tem alguma aceitação porque é um descanso para uma pessoa que esteja a trabalhar e tenha algum idoso em casa.
O serviço da RedeMut, portanto, tem vídeo-consulta, tem o transporte médico urgente e gratuito ao hospital, tem o aconselhamento por telefone e tem serviço de enfermagem. A falta doméstica fica colmatada pela tele-consulta.

Pretende, no futuro, abrir mais algum serviço?
Ainda ontem estive aqui com um médico açoriano que está lá fora e está a ver se consegue uma equipa de médicos para vir trabalhar connosco. Já tenho pedido também a alguns médicos cá da Região.
Estamos abertos a todas as especialidades, daquelas que não temos. Cardiologia, Pneumologia, Oftalmologia… Qualquer especialidade que nós não tenhamos e eles queiram vir para cá, estamos dispostos a apoiar. Tem é sido difícil. Há médicos de cá que estão lá fora e que têm uma sobrecarga horária. Um médico que eu queria que viesse para cá, diz-me que vinha três dias aos Açores. Mas para isso, teria que fazer muitas horas de prevenção, trabalhar dia e noite, para depois ter dispensa de três dias para vir ao Açores. Não é muito viável.
O médico que esteve cá ontem disse que as instalações são óptimas, o apetrechamento é óptimo, tem todas as condições para se trabalhar. Falta a parte humana, em termos de pessoal. Conseguimos oferecer boas condições a esses médicos, era preciso era que eles se disponibilizassem para vir cá.
É preciso sempre ter em atenção que somos uma associação mutualista. Não podemos pagar o que pagam os privados. Estamos conscientes que não podemos concorrer com os privados, nomeadamente com a CUF.
Na minha perspectiva, é muito mais seguro e eficiente o Governo apoiar a Associação de Socorros Mútuos, porque tem a certeza de que se nós formos apoiados, que construiremos o centro médico e não vamos vende-lo depois.
Não temos hipótese mesmo de vender. Para vendermos património terá de ser em Assembleia-geral e os sócios é que decidem. É muito mais seguro, eficiente e cómodo para o Governo apoiar a Associação de Socorros Mútuos de Ponta Delgada ao invés de um privado que pode investir, receber os subsídios e ir-se embora.
Qual a sua opinião sobre a actual situação da área da saúde em São Miguel?
Pelo trabalho que desenvolvemos e pela prestação de serviços que fazemos, acredito que merecíamos mais apoios. E é disso que estamos à espera que venham. Como disse, se nós não prestarmos esse serviço que estamos a prestar aqui no centro médico, vai ter de ser o Estado a suportar. E se calhar a preços mais elevados do que aquele que prestamos. Temos preços inferiores e os utentes vêm cá, sejam associados ou não associados. Não trabalhamos só com associados.
Comparativamente a outras zonas do país, estamos muito melhor. Temos serviços de saúde que são impecáveis em relação ao que se ouve a nível nacional. Nisso não há nada a apontar ao serviço de saúde.
Agora, no nosso entender, enquanto mutualista, estamos conscientes que merecíamos mais apoio. Que não temos.

A Associação de Socorros Mútuos tem voluntariado, certo?
Todos os órgãos são em regime de voluntariado. A Assembleia-geral (três pessoas), Conselho de Administração (cinco pessoas) e Conselho Fiscal (três pessoas), nós trabalhamos todos em regime de voluntariado.
Fazem-me essa pergunta com regularidade. ‘Como está aqui todo o dia se não recebe nada?’. Digo que se tenho disponibilidade e se posso dar o meu contributo à sociedade, este é o meu dever de cidadania.
Eu sou reformado de uma associação mutualista, que é o Montepio. Tenho tempo disponível e porque é que não hei de cumprir este dever de cidadania?

Desde que assumiu o mandato que a actual situação da Associação está melhor?
Iniciamos o mandato em 2022, há cerca de dois anos, e terminamos em 2025. Em 2026 celebramos o Dia do Mutualismo, vai ser no dia 25 de Outubro. Porque Ponta Delgada será Capital Portuguesa da Cultura, nessa perspectiva propusemos à RedeMut celebrar cá o Dia do Mutualismo. Terá de ser tratado numa segunda versão, com a Câmara Municipal de Ponta Delgada, uma vez que nós, antes de propormos isso, tivemos uma reunião com o Presidente onde foi apresentada esta ideia. Ele não disse que não, mas aguardamos uma resposta. Não sei se, efectivamente, vai ser possível ou não. Ficou a ideia e é um dos projectos em que estamos a trabalhar.

Qual é o tipo de contrato que têm com os médicos e enfermeiros?
Todos eles estão a prestação de serviços. São cerca de 20 médicos e 2 enfermeiros. Antes eram 23 médicos.

Como é que conseguem fazer este trabalho todo com apenas dois enfermeiros?
Eles conseguem porque trabalham por turnos. O serviço de enfermagem também não é o mais requisitado. Como é algo que ainda é requisitado, nós mantemos os serviços.

Filipe Torres / Frederico Figueiredo

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