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25 de abril, o futuro inicial inteiro e limpo

25 de abril é um ícone das gentes portuguesas e referência mundial.
Passados 50 anos do “…dia inicial inteiro e limpo…” escrito por Sophia de Mello Breyner, os portugueses debatem-se com problemas novos que a democracia representativa não resolveu.
A evolução da informação tem sido a ritmos acelerados, mas o sentimento da população portuguesa é hoje bem diferente, e com influências diversas, do que nos primeiros anos após o 25 de abril.
A geração pós 25 de abril reconhecia na revolução o caminho para um Portugal livre. A geração pós 1974, filhos de abril, ainda acalorada pelos avós e pais de abril, reconhece, na sua maioria, os caminhos positivos e de mudança da revolução.
A geração pós 2000 dificilmente reconhece na coragem dos capitães de abril o caminho para um Portugal melhor. Estas contradições são representadas nos resultados eleitorais e no Portugal de hoje.
Os comportamentos das comunidades partidárias e políticas têm se denegrido ao longo do tempo, o que prejudica o futuro inteiro e limpo pós os 50 anos do 25 de abril. Estes comportamentos entram pela nossa casa, todos os dias, sem controlo e sem que possamos agir, apenas reagir à boca das urnas, como momentos de revolta da nossa liberdade.
Há um Portugal real entre as expectativas do dia inteiro e limpo do 25 de abril de 1974 e o 25 de abril de 2024.Há um Portugal muitas vezes credor de direitos e poucas vezes devedor de deveres.
Precisamos de pensamento e ação para o Portugal após 50 anos da conquista de abril. Já conquistamos o país inicial. Falta-nos o país inteiro e limpo.
A bandeira mais significativa do resultado da revolução sem sangue, é a educação. Com esta bandeira, tantas outras se elevam: a riqueza, a inovação, o empreendedorismo, a liberdade de expressão, o respeito e solidariedade, no fundo, a existência de uma sociedade livre e humanista.
A revolução de 25 de abril trouxe o feito extraordinário que foi o acesso à escola pública. Da 4ª classe, do Estado Novo, para o 12º ano(ou 18 anos de escolaridade) do Estado democrático de 2024. Embora os números sejam de orgulho para todos aqueles que valorizam a igualdade de oportunidades, temos sérios problemas na escola que continuam a ser subvalorizados. Temos uma escola, das infraestruturas aos recursos humanos, diria, a mais qualificada de sempre, mas a razão de ser da escola, os alunos, são hoje menos qualificados, embora com mais tempo de sala de aula.
Em 1978 os alunos no ensino superior era de 81.582 e em 2022 atingimos o número de 446.028. É impressionante o caminho feito. Temos, como é repetidamente dito, a geração mais qualificada de sempre, mas continuamos com dificuldades na retenção de conhecimento e que este contribua para a inovação no país. O ensino superior precisa tornar-se o “ensino superior mais qualificado de todas as gerações passadas” para melhorar preparar o futuro e o país precisa evoluir para reter e atrair o talento.
Não há futuro inteiro e limpo, sem jovens com qualificação. Se para além das obras desproporcionais ao nosso desenvolvimento enquanto país e região insular, o foco do pós 25de abril fosse na liberdade que o rigor e valorização humana na educação permite e alavanca, hoje éramos fortes concorrentes a um país inteiro e limpo.
Se a 24 de abril de 1974 houvesse contentamento e aceitação com os discursos e ações dos políticos nunca teria havido o 25 de abril de 1974.
Com o tanto conquistado, sabemos bem!, anseio pelo 24 de abril, de um ano futuro, que dê imensidão e dignidade ao dia inicial de há 50 anos.

Viva o 25 de abril!

Sónia Nicolau

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