Faz hoje 50 anos que se celebra a revolução dos cravos. Marco histórico na história do país, onde há, claramente, um antes e um depois. O Correio dos Açores fez um inquérito sobre o que os açorianos acham do 25 de Abril e qual o seu significado e a resposta foi esmagadora: “Significa Liberdade.”
“O 25 de Abril representa a liberdade de expressão, que antes não havia. Também temos liberdade para conseguir fazer algumas coisas, manifestações greves e direitos que na altura não havia por causa da ditadura”, disse Wilson Silva, jovem de 35 anos.
Questionado sobre quais as principais diferenças existiriam entre o antes e o depois, Wilson foi claro. “A principal diferença está parte informativa. Na altura não havia. O jornalismo aumentou e melhorou de forma significativa em relação ao que se pode por cá para fora. Mantém as pessoas mais informadas, para tomar melhores decisões quer em termos políticos quer em outras situações do dia-a-dia”.
No entanto Wilson deixou um alerta: “apesar de haver liberdade, o Governo e os políticos tentam sempre restringir-nos de alguma forma. Cada vez mais a política vem fazendo isso. A Covid é um exemplo dessa questão. Através de certas coisas os governos vão manipulando até onde a nossa liberdade pode ir. Se calhar regredimos em algumas situações, mas continua a ser melhor do que era antes”, finalizou.
Manuel Carreiro: “Lembro-me que
a minha professora chorava
porque tinha o filho em Lisboa…”
Manuel Carreiro relembrou que durante o 25 de Abril “estava na escola, em São Pedro Nordestino. Estava na Terceira classe. Lembro-me que a minha professora chorava porque o seu filho estava em Lisboa”.
Para ele, o 25 de Abril “significa liberdade e mais coisas novas. Significa também um futuro diferente, um futuro melhor. Portugal está bom e melhorou”.
Com o 25 de Abril de 1974
“as pessoas podem falar mais
à vontade”, diz José Bento
Para José Bento hoje em dia, com o 25 de Abril, “as pessoas podem falar mais à vontade, e isso é uma coisa boa”.
Contudo, conta que “antigamente também se passavam necessidades, mas era tudo mais baratinho. Ganhava-se menos mas para mim, vivia-se melhor. Para mim hoje está mais difícil”, recorda. “Vivia-se melhor naquele tempo”, finalizou.
Aurora Ribeira: “Somos uns
previligiados da Liberdade”
Para os mais novos este dia é conhecido como “como o dia da revolução dos cravos. E foi uma revolução que acabou com a ditadura. É muito importante. Senão fosse por esta revolução nós ainda estaríamos numa ditadura horrível”. É esta a opinião da Aurora Ribeira, Aurora Oliveira, Pedro Oliveira, todos com 10 anos de idade e do Vicente Cordeiro e Tiago Rocha com 9, todos alunos do quarto ano da Escola Básica 1/JI da Matriz.
A sua professora completou depois que hoje é “um dia muito celebrativo. Foi o término de uma ditadura, não havia liberdade. Somos uns privilegiados da liberdade que nós temos e que outrora não havia. É um dia que é necessário relembrar e comemorar”.
Marcha pela Liberdade
e a apresentação
de um livro de poemas
Alexandra Batista, professora de Artes Visuais na Escola Secundária Antero de Quental, contou ao Correio dos Açores que a Escola desenvolveu “um conjunto de actividades que começaram com algumas exposições e vídeos. Hoje em particular foi um dia comemorativo do 25 de Abril. Como hoje é feriado não conseguimos juntar e organizar todos os alunos. Então o grupo de história mobilizou a escola para a participação numa marcha pela liberdade”.
Esta actividade contou com a colaboração das Artes Visuais na “elaboração de t-shirts, bandeiras e cartazes. Hoje a escola foi à rua e também sensibilizou com algumas acções”, disse a professora.
“Enquanto estava a decorrer a marcha, estávamos a preparar a apresentação de um livro com poemas de Jonas Negalha, que foi ilustrado por alunos de artes visuais e que quanto foi iniciado este trabalho, já foi com vista a que pudesse vir a ser incluído nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril”, finalizou Alexandra Batista.
F.F.