Nós todos sabemos a diferença entre a teoria e a realidade: em tese, a política deveria constituir um exemplo de excelência; na prática, existem péssimos políticos. Em todo o caso, uma coisa é agacharmo-nos perante a adversidade; outra, bem mais distinta, é a necessidade de termos realmente a noção de que sabemos distinguir a teoria da realidade. Muitas vezes pensamos ter os predicados da teoria; mas num assumo de interioridade ética descobrimos que, afinal, não somos assim tão bons. Este teste que proponho aos amigos leitores – a propósito dos cinquenta anos do Abril dos Cravos, da Liberdade e da Democracia – serve para medir essa consciência política. Em tese, a matriz é exigente – porque quando está em causa a humanidade e a sua evolução para o bem-estar da maioria da humanidade não nos podemos deixar enganar: ou levamos a política a sério ou nunca mais nos endireitamos do actual esquadro desequilibrado, mas perigoso porque constante e permanente. Esse quadro é simples: vivemos com as melhores e mais avançadas tecnologias; mas em política vivemos com avantajado atraso. A meio de tanta turbulência, talvez seja apenas ruído e não crise: numa recente sondagem 87% dos portugueses quer a democracia; isso significa que apenas 13% não têm inteira consciência política. Mas em outras respostas verifica-se um misto de ilusões políticas; tudo pesado estamos bem, só que necessitamos nos esforçar mais, e continuamente.
O quadro I possui seis questões e cada uma tem duas respostas que se deve escolher uma. Escolha as suas respostas. Depois, com elas, verifique no quadro II os pontos que obtém. E, por fim, com o quadro III verifique a sua qualidade cidadã. Não tenhamos ilusões: ou temos com empenho essa matriz e que são 60 pontos, ou não temos; mas não se preocupe, poucos a terão, porque no topo estão muito poucos em função das nossas fraquezas humanas ditadas por regras naturais e existenciais. Mas, se obtiver cerca de quarenta pontos já é um cidadão razoável. Em todo o caso, não se preocupe em demasia: todo este tipo de análise visa contribuir para o esclarecimento e nunca para menosprezar a pessoa humana. Cada um dentro de si tem um universo que ninguém conhece e que é universal pela sua singularidade irrepetível. E como somos uma República que se baseia na dignidade da pessoa humana – em todas as circunstâncias somos respeitados como tal. Eis então.
Arnaldo Ourique