Cristina – Salão de Beleza Corte e Cores está na Rua da Juventude,
n.º 19, gerido por Ana Correia, de 50 anos de idade.
A nossa entrevistada sempre trabalhou na área, mas começou a sua carreira como cabeleireira, no Salão Misto Correia, na Rua Dr. Bruno Tavares Carreiro, onde esteve quase uma década. Ao todo, já trabalha na área há mais de 30 anos.
O seu salão tem diversos serviços de cabeleireira, entre eles, corte a senhoras, homem e criança, colorações, madeixas, ondulações, alisamento, escova progressiva, penteados e tratamentos capilares. Ao nível da estética, depilações, manicura/pedicura, verniz gel, unhas acrílicas, maquilhagem e body piercing.
Sendo um espaço de atendimento para ambos os sexos, feminino e masculino, Ana Correia releva, que “o corte dos homens, que hoje em dia está mais na moda, é o corte clássico, rapado nos lados, atrás e maior em cima”.
O corte clássico é uma escolha atemporal para homens que preferem um visual mais elegante e discreto. “No presente, mais do que no passado, os homens olham mais para si”.
As cabeleireiras sabem ouvir e conversar
E porque as cabeleireiras fazem transformações, “as senhoras mantêm-se vaidosas” e costuma dizer, que “mais vale gastar dinheiro num salão de cabeleireira, do que ser obrigada a gastar dinheiro por algum motivo de saúde, que esteja menos bem”, reconhecendo, do mesmo modo, que “as cabeleireiras têm uma habilidade especial para ouvir ou conversar”.
Muitas vezes, “as clientes desabafam e compartilham preocupações” e as cabeleireiras tornam-se quase numa espécie de «terapeutas capilares».
Essa realidade acaba por ser boa, “porque criam-se muitos laços de amizade, onde acabamos por ficar, um bocado, nas suas vidas”.
Ana Correia tem “uma carteira de clientes antiga, alguns novos e muitos deles fiéis, desde os tempos do Salão Misto Correia”.
Uma outra realidade engraçada “são as filhas ou os filhos das clientes, que depois de terem estudado fora, regressam à ilha e ao salão onde as mães continuam a ir hoje em dia, porque fica uma referência nas suas vidas, graças a Deus. Estes não falham”, sublinha.
Ao nível de clientes turistas, a história muda de figura. “Por aqui passam muito poucos turistas” e não acontece com frequência. “É muito raro aparecer cá um turista, aqui no salão”.
A Cristina – Salão de Beleza Corte e Cores funciona de Terça-feira a Sábado, das 09h30 às 19h00. Segundas-feiras, Domingos e feriados são dias de descanso.
As pessoas telefonam para marcar, mas também presencialmente, onde as redes sociais do Facebook ou Instagram desempenham um papel crucial na sua promoção e é uma maneira eficaz de atrair clientes, criar relacionamentos e promover serviços. “Hoje em dia, as pessoas procuram muito as redes sociais para isso, para telefonar e para ver, inclusivamente, as cores e o cortes”.
A Cristina – Salão de Beleza Corte e Cores funciona com três dedicadas colaboradoras.
Arte é também criar estilos únicos
Nesta agradável conversa com Ana Correia ficou assente, que é a proprietária de nome, porque o seu nome “é trabalhar” e não sabe fazer outra coisa senão isso.
Ana Correia é natural de Ponta Delgada da freguesia de São José. Estudou na Escola Secundária Antero de Quental, sempre com o pensamento de um dia poder tirar artes, realidade que teve de deixar de lado, um pouco, para se dedicar à profissão de cabeleireira, reconhecendo, no entanto, que na sua profissão “também faz arte, ao criar estilos únicos, que ajuda as pessoas a sentirem-se confiantes e bonitas”.
Mesmo assim, pinta quadros lindíssimos, alguns deles expostos no salão, mas também tem o curso de tatuadora, porque sempre gostou de “tudo o que é arte”.
Por norma só tira, no máximo, duas semanas para férias e para viajar, “porque se ficar cá fica muito mais caro”.
Em termos de perspectivas, vê com apreensão o futuro do custo de vida na Região. “Não tarda nada e a nossa ilha vai tornar-se muito cara, que já é, mas vai ser ainda mais cara para os habitantes. Hoje em dia, quando vou a um café, peço uma água e um café, mas na hora de pagar ainda fico a olhar para o empregado. Daqui a alguns anos, não muitos, nem uma água, vamos poder, comprar a não ser nos supermercados. Os ordenados continuam dentro do mesmo, mas para o turismo é um local bom, porque os ordenados deles são superiores aos nossos. Não vou comparar sequer, a nossa Região com a Madeira, porque eles nasceram com o turismo e falam outras línguas. Não temos o atendimento que eles têm, mas estamos todos virados para o turismo”.
Ao nível do trabalho, espera poder reformar-se “daqui a uns 15 anos, na área”, que adora, “mas é uma profissão muito cansativa. No entanto, espero que o futuro seja diferente, com mais possibilidades e ajudas. Não temos apoios, porque também temos crises e quando necessitamos de ajuda, não temos ajuda de nada. Se ficarmos doentes, ficamos de baixa e recebemos uma miséria, mas trabalhamos e descontamos bem. Uma cabeleireira, que esteja anos nesta área é muito complicado ter um futuro engraçado, porque continuamos a trabalhar muito e somos muito pouco valorizadas, apoiam-se outros sectores, mas não temos apoios neste sector”, finalizou.
Marco Sousa