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Nem tudo o tempo levou

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Antes de mais cumpre dar as boas vindas a todos os ex-colegas, que embora vivendo fora da ilha tudo fizeram para estarem presentes neste dia que inscreve em letras de ouro a memória de um tempo todo inteiro que sorria à nossa juventude luminosa.
Cumpre igualmente prestar a mais sentida homenagem a todos os nossos ex-colegas no nosso liceu Antero de Quental que já partiram deste mundo e que partilharam com todos nós esse tempo inicial e mágico das nossas vidas.
Todos nós receberam a graça da existência, o dom supremo e que nela o muito pode ser pouco e o pouco pode ser muito.
Tudo depende desse muito e tudo depende desse pouco.
A nossa reunião embora fugaz é um desafio que fazemos ao destino.
Apesar do cansaço, dos achaques e das amarguras continuamos vivos.
Sabemos hoje distinguir com nitidez o falso do verdadeiro, o sincero do insincero, o tesouro de cada afeto, a amplitude de cada pulsação.
Não somos o que fomos, nem a mesma saúde, nem as mesmas ilusões, nem as mesmas vaidades.
Um minuto de hoje vale uma hora de ontem.
Aonde chegamos, chegamos em plenitude.
Sabemos hoje que podemos fintar a vida, a morte não.
Mas estou certo que continuaremos a fintar-lhe as manhas, a crueldade com o animo disposto a todas as provações.
Como egregiamente disse o grande escritor português MIGUEL TORGA, em cuja escrita me inspiro muitas vezes, inclusivamente na elaboração deste texto, eu que detesto o plágio mas reconheço também que muitas vezes é a única forma um preito de homenagem a todos aqueles escritores que exprimiram de forma sublime aquilo que sentimos e pensamos, pois de quando deus encontra homens à sua altura.
Mas salta à evidência que o facto de estarmos todos hoje aqui reunidos é a prova insofismável que nem tudo o tempo levou, que algo ficou e que continua bem vivo nas nossas almas.
Não podemos recuperar o passado como dizia Proust,não podemos comprá-lo, como dizia Oscar a Wilde, mas podemos ser sempre dignos desse passado, unindo fraternalmente as nossas almas num amplexo de amizade e de amor que tanta falta fazem neste mundo.
E a nós compete-nos em ultima análise não deixar nada mais e nada menos do que um excecional exemplo de bondade de amor, de fraternidade e de esperança e de gratidão pelo dom da vida que nos foi dado participando, como dizia ANTERO DE QUENTAL, no teatro da atividade humana no que que ela tem de bom, de justo e de universal, ao ponto de podermos dizer como ele disse no fim da sua breve vida “irmão amei os homens e por eles combati com mente justa à luz da história o eterno o combate da justiça.”

Pedro Paulo Carvalho da Silva

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