- As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril têm sido um momento importante para lembrar o que era o país até à revolução e as consequências que ela teve para Portugal, e para as colónias que assumiram a sua emancipação, tornando-se depois em Estados Independentes.
- Os cravos foram importantes, mas depois apareceram os espinhos para os portugueses que estavam nas colónias e que tiveram de regressar a Portugal com uma mão atrás e outra à frente, um momento de dor que não pode, nem deve ser ignorado. Esse foi o primeiro momento negro da revolução que não pode ser deitado para debaixo do tapete.
- Depois da alegria chegou o momento da reivindicação “anárquica” não só daqueles que viviam na miséria, e que pediam justiça e melhores condições de vida, o que foi em parte aproveitado por quem fazia deles instrumentos para atingirem outros objectivos, como depois se foi sabendo. É que atrás de uma revolução que derrubou uma ditadura, estava na mira a instauração de outra ditadura, quiçá pior da que durou quatro décadas.
- Por isso é importante ter em conta o que lembra o Presidente da República, General António Ramalho Eanes, que numa declaração recente afirmou que durante o Período Revolucionário em Curso conhecido por (PREC), o PCP se preparava para estabelecer um regime totalitário em Portugal e acrescentou que a descolonização foi trágica.
- Ramalho Eanes falava para uma aula-debate sobre o 25 de Abril com alunos de escolas secundárias e universidades, no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, estando presente o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
- Sobre os antecedentes do 25 de Novembro de 1975, o general Ramalho Eanes não se prestou a “tecer considerações sobre o PCP” alegando que teve “óptimas relações com Álvaro Cunhal”, um homem que “muito estimava” e “muito considerava”, mas lembrando que naquela altura o PCP, certamente acossado pela extrema-esquerda, preparava-se efectivamente para estabelecer em Portugal um regime totalitário”, acrescentando que “Não tenho dúvidas” quanto a tal propósito do PCP.
- Nos Açores, sabia-se da influência que tinha a extrema-esquerda mas com o esboço da autonomia já na rua, e a ser apreciado pelo povo à medida que ia tomando conhecimento da proposta que existia, é caso para lembrar que se o povo não viesse para a rua como aconteceu a 6 de Junho, reclamando pela Autonomia, e lembrando que se assim não fosse os Açores seguiriam um caminho diferente de qualquer outro regime de cariz totalitário implantado em Portugal. Não havia 25 de Abril que nos salvasse.
- Nessa altura foi notória que a instituição militar que tinha sido a “obreira” do caminho para a liberdade, estava “quase desfeita”, isto é, desconstitucionalizada e Melo Antunes entendeu perante o estado dos militares, que era necessário “reinstitucionalizar o aparelho militar” para que se opusesse “a qualquer tentativa armada de conquista do poder”. Estava em causa a perda da sua fidelidade ao povo e à democracia ao criar fidelidades perversas em relação às filiações partidárias”.
- Daí a importância do 25 de Novembro que muitos teimam ainda em diabolizar, assim como foi importante que o povo dos Açores, de Santa Maria ao Corvo tenha vindo para a rua perante um apelo feito na RTP/Açores pelo PPD/A, dizer o que havia sido já anunciado a 6 de Junho como um marco na rota da Autonomia, porquanto sem 6 de Junho e 17 de Novembro, não se sabe o que seria feito da Autonomia que nasceu com o 25 de Abril, por isso há momentos na História do nosso percurso autonómico que não podem ser esquecidos, tal como muitos parecem esconder, e esquecer os perigos porque muitos passaram, com bombas em casa e com ameaças de morte, que só quem passou pela guerra no ultramar consegue ultrapassar.
- Por cá, aguarda-se com paciência a aprovação do Orçamento para ser usado em sete meses do ano de 2024, além da decisão a tomar pelo Governo quanto ao futuro da Azores Airlines, tendo em conta o que se sabe do concorrente que foi seleccionado, sem condições para arcar com a compra do capital social que está à venda.
- Os olhos estão virados para Sant’Ana à espera da decisão do único accionista da SATA!
Américo Natalino Viveiros