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Do 25 de Abril ao 25 de Novembro

  1. As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril têm sido um momento importante para lembrar o que era o país até à revolução e as consequências que ela teve para Portugal, e para as colónias que assumiram a sua emancipação, tornando-se depois em Estados Independentes.
  2. Os cravos foram importantes, mas depois apareceram os espinhos para os portugueses que estavam nas colónias e que tiveram de regressar a Portugal com uma mão atrás e outra à frente, um momento de dor que não pode, nem deve ser ignorado. Esse foi o primeiro momento negro da revolução que não pode ser deitado para debaixo do tapete.
  3. Depois da alegria chegou o momento da reivindicação “anárquica” não só daqueles que viviam na miséria, e que pediam justiça e melhores condições de vida, o que foi em parte aproveitado por quem fazia deles instrumentos para atingirem outros objectivos, como depois se foi sabendo. É que atrás de uma revolução que derrubou uma ditadura, estava na mira a instauração de outra ditadura, quiçá pior da que durou quatro décadas.
  4. Por isso é importante ter em conta o que lembra o Presidente da República, General António Ramalho Eanes, que numa declaração recente afirmou que durante o Período Revolucionário em Curso conhecido por (PREC), o PCP se preparava para estabelecer um regime totalitário em Portugal e acrescentou que a descolonização foi trágica.
  5. Ramalho Eanes falava para uma aula-debate sobre o 25 de Abril com alunos de escolas secundárias e universidades, no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, estando presente o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
  6. Sobre os antecedentes do 25 de Novembro de 1975, o general Ramalho Eanes não se prestou a “tecer considerações sobre o PCP” alegando que teve “óptimas relações com Álvaro Cunhal”, um homem que “muito estimava” e “muito considerava”, mas lembrando que naquela altura o PCP, certamente acossado pela extrema-esquerda, preparava-se efectivamente para estabelecer em Portugal um regime totalitário”, acrescentando que “Não tenho dúvidas” quanto a tal propósito do PCP.
  7. Nos Açores, sabia-se da influência que tinha a extrema-esquerda mas com o esboço da autonomia já na rua, e a ser apreciado pelo povo à medida que ia tomando conhecimento da proposta que existia, é caso para lembrar que se o povo não viesse para a rua como aconteceu a 6 de Junho, reclamando pela Autonomia, e lembrando que se assim não fosse os Açores seguiriam um caminho diferente de qualquer outro regime de cariz totalitário implantado em Portugal. Não havia 25 de Abril que nos salvasse.
  8. Nessa altura foi notória que a instituição militar que tinha sido a “obreira” do caminho para a liberdade, estava “quase desfeita”, isto é, desconstitucionalizada e Melo Antunes entendeu perante o estado dos militares, que era necessário “reinstitucionalizar o aparelho militar” para que se opusesse “a qualquer tentativa armada de conquista do poder”. Estava em causa a perda da sua fidelidade ao povo e à democracia ao criar fidelidades perversas em relação às filiações partidárias”.
  9. Daí a importância do 25 de Novembro que muitos teimam ainda em diabolizar, assim como foi importante que o povo dos Açores, de Santa Maria ao Corvo tenha vindo para a rua perante um apelo feito na RTP/Açores pelo PPD/A, dizer o que havia sido já anunciado a 6 de Junho como um marco na rota da Autonomia, porquanto sem 6 de Junho e 17 de Novembro, não se sabe o que seria feito da Autonomia que nasceu com o 25 de Abril, por isso há momentos na História do nosso percurso autonómico que não podem ser esquecidos, tal como muitos parecem esconder, e esquecer os perigos porque muitos passaram, com bombas em casa e com ameaças de morte, que só quem passou pela guerra no ultramar consegue ultrapassar.
  10. Por cá, aguarda-se com paciência a aprovação do Orçamento para ser usado em sete meses do ano de 2024, além da decisão a tomar pelo Governo quanto ao futuro da Azores Airlines, tendo em conta o que se sabe do concorrente que foi seleccionado, sem condições para arcar com a compra do capital social que está à venda.
  11. Os olhos estão virados para Sant’Ana à espera da decisão do único accionista da SATA!  

   Américo Natalino Viveiros

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