O futsal na ilha de São Miguel raramente teve a atenção das direcções da Associação de Futebol de Ponta Delgada que a expansão justifica. Salvo os períodos em que José Araújo Lopes esteve como director ligado à modalidade, pese embora as normais críticas sobre quem pretende impelir, não houve um elemento do futsal a delinear as directrizes indispensáveis para um rumo diferente, mormente o fortalecimento a partir dos escalões de formação.
Na reformulação operada na direcção associativa há sensivelmente meio ano, entrou Mário Miranda para a área do futsal. Pessoa ligada à modalidade pelo relacionamento ao projecto já extinto do Norte Crescente. Devido a razões de saúde, segundo me contam, não tem dado o apoio que todos ansiavam.
A aferição da insuficiente evolução é feita nos torneios regionais e nacionais, nestas quando se joga com selecções de Associações com o mesmo nível.
As vitórias são escassas também nas provas de clubes. Nos 23 torneios de apuramento dos campeões dos Açores, desde 2015/16, de juniores, de juvenis e de iniciados, os clubes da ilha Terceira venceram 16 e os da ilha de São Miguel 7. Em juniores a diferença é de 6 para 3 e em iniciados é de 6 para um clube micaelense apenas. Maior equilíbrio nos juvenis com 4/3.
A pouca qualidade das equipas projectam-se nas selecções da ilha de São Miguel. Uma nova evidência foi no torneio regional inter-ilhas de Sub-12. Salvou-se ao ganhar aos vizinhos da ilha de Santa Maria (6-3), o que não ocorreu nos últimos jogos, com derrotas igualmente nos Sub-13. As selecções do Pico e das Flores patentearam debilidades pela falta de competição, sendo derrotadas pelas crianças micaelenses.
Ao defrontar a selecção da ilha Terceira, perdendo por 13-3, ficou patente uma acentuada inferioridade perante uma equipa que possui mais qualidade porque o trabalho nos clubes e nas selecções tem uma vertente adequada à evolução. O seleccionado terceirense ganhou todos os jogos, marcando 94 golos em cinco jogos e consentindo seis. Já a equipa de São Miguel (na foto) apontou 61 golos e suportou 26.
As causas estão nos poucos treinos semanais, na deficiente forma como a maioria dos treinadores trabalha, resultando numa competição interna esmorecida. Enquanto isso não mudar, continuaremos a marchar lentamente.
JUSTIFICA-SE SOFRER 137 GOLOS em cinco jogos? É a pergunta que mais uma vez deixo aos responsáveis pelas organizações dos torneios regionais promovidas pelas Associações de Futebol.
Ao permitirem a participação de equipas ou de selecções constituídas por atletas que apresentam deficiências de formação, resultando em fragilidades técnicas, tácticas e físicas, ao se oporem perante formações com ritmo e qualidade mais eficazes, a diferença é abissal. Mesmo que do lado contrário a qualidade seja média no âmbito regional…
Vem a propósito da participação das crianças que formaram a selecção da ilha do Corvo (na foto) no torneio regional inter-ilhas de futsal do escalão de Sub-12 anos. Lançados às “feras”, os miúdos e miúdas da pequena ilha marcaram um golo e sofrerem 137: 47-0 da Terceira; 33-0 de São Miguel; 22-1 das Flores; 21-0 do Pico e 14-0 de Santa Maria. Um divertimento para os vencedores; um sofrimento de tortura para aquelas crianças.
Qual o interesse? O que retiraram de positivo os 10 atletas que foram ao Pico? Nada. Desânimo, certamente!
JOVENS COM CASTIGOS SEVEROS no futebol micaelense continuam, revelando o estado de indisciplina que também reina no futsal.
Paulo Andrade, juvenil de 15 anos de idade, da equipa B do Desportivo de Rabo de Peixe, foi punido com 40 dias de suspensão e ainda com mais 1 jogo de castigo, por tentativa de agressão ao árbitro João Massa. Esta a conclusão do processo disciplinar instaurado no início de Janeiro pelo Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de Ponta Delgada logo após o jogo em Rabo de Peixe, com o Vale Formoso, a contar para a taça Fernando Anselmo.
A partida foi interrompida aos 82 minutos após o acto de indisciplina do jovem atleta, provocando invasão de campo, com o marcador em 4-1 para a equipa das Furnas.
Paulo Andrade ficou suspenso preventivamente desde o dia da injustificável atitude.
Os incidentes provocaram ao clube as penas de derrota, a interdição do campo por 1 jogo, uma multa de 2 040€, quatro jogadores, um treinador e um delegado suspensos.
Outro atleta, mas do escalão de Sub-12 (infantis) de futebol, foi punido com 30 dias de suspensão. Santiago Couto, do Santiago FC, provocou a 13 de Abril ofensas corporais num jogo em Água de Pau com o Capelense, que a sua equipa perdeu por 3-2 a contar para o campeonato da ilha.
A estes comportamentos individuais associam-se os problemas provocados por alguns dos assistentes, que nos escalões mais baixos são constituídos por familiares.
Desde Novembro até 20 de Abril registaram-se 50 multas pela má conduta do público. Vinte e oito em oito escalões do futebol e vinte e duas nos cinco escalões de futsal.
Uma média preocupante que põe em causa o aumento do número de árbitros por não estarem dispostos a estarem sujeitos a insultos, a provocações e a agressões de gente sem nexo.
50 ANOS DO PAVILHÃO SIDÓNIO SERPA foram assinalados no passado domingo numa cerimónia simples mas com muito significado. Meio século ao serviço de um vasto conjunto de modalidades locais, regionais, nacionais e internacionais. Uma estrutura que apesar dos anos tem resistido às intempéries com alguns arranjos, mesmo quando o vento, há largos anos, levou uma parte da cobertura.
A secretária regional da Educação, Cultura e Desporto presidiu à cerimónia, assistida pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Furtado, e pelo director do Serviço de Desporto de São Miguel, Ricardo Bettencourt.
Marcaram presença, dirigentes de várias Associações de modalidade, funcionários aposentados e actuais do pavilhão e alguns anónimos.
Uma demonstração de patinagem artística e de um jogo de hóquei em patins da formação assinalou a efeméride.
Na entrada do pavilhão perpectua-se agora a data de 21 de Abril de 2024 assinalando 50 anos.
Em Abril de 2026 será a vez do estádio de São Miguel. A tempo de preparar uma cerimónia condigna.
José Silva