Faltei à chamada, infelizmente contra a minha vontade, e não me juntei aos colegas para celebrar os 50 anos dos finalistas de 1974, do Liceu Nacional de Ponta Delgada, que foi mais do que um encontro de antigos alunos, pois constituiu uma inolvidável jornada através do tempo, remexendo baús de onde saíram memórias que moldaram o nosso percurso de vida e nos transformaram no que hoje somos.
Relembrar aquele distante ano tão marcante, o ano da revolução dos cravos, que nos surpreendeu e nos atordoou e criou mesmo nuvens muito nebulosas no futuro de muitos, contudo, olhando para trás concluímos que valeu a bem a pena, pois trouxe-nos o grande presente que foi vivermos em democracia e com a autonomia.
Mergulhar nas recordações transportou-nos aos corredores do liceu daquele longínquo ano, onde as amizades se fortaleceram, os desafios foram enfrentados e os sonhos começaram a ganhar forma. Foi um período de descobertas, não apenas nos livros de latim ou alemão, mas também nas experiências que vivemos juntos.
Infelizmente, alguns amigos chegados já se “libertaram da lei da vida” e este momento de celebração adensa enormemente a nostalgia eivada da falta da sua presença, dos seus sorrisos e da sua amizade.
Ao longo destes 50 anos, cada um de trilhou o seu caminho, enfrentando os altos e baixos próprio da vida com coragem e determinação. Alguns seguiram carreiras brilhantes, outros encontraram sucesso na simplicidade do quotidiano.
Para assinalar a data, alguns vieram propositadamente de longe, outros, mesmo vivendo na ilha, devido aos encontros e desencontros da vida, não permite um convívio mais amiúde. Mas, independentemente de onde a vida nos levou, as memórias do liceu permanecem como um fio condutor que nos une.
Na celebração deste marco indelével, mais de uma centena marcou o ponto e pode conviver num jantar e em tantas e empolgantes atividades, sendo de salientar a árvore plantada no Liceu, que ficará como selo indestrutível que perdurará pelo tempo fora, como sentinela de muitas histórias que temos para compartilhar e de homenagem aos que já partiram.
Graças ao whatapp, acompanhei cada passo, desde a programação até ao convívio, onde se abraçaram velhos amigos, se relembraram momentos fantásticos e que ficarão como um instante imorredouro e onde se criaram novas memórias que nos acompanharão pelos próximos anos.
Os finalistas de 1974 do Liceu Nacional de Ponta Delgada são muito mais do que ex-colegas de escola; somos um grupo que se congrega pelo tempo e pelas experiências partilhadas.
Da minha parte, cumpre-me agradecer a ingente tarefa a que se propuseram para concretizar o encontro, mormente à Berta Custódio, ao Fernando Sousa e à Ana Taveira, em nome todos quantos, denodadamente, trabalharam, para fazer desta celebração mais um momento para a vida.
António Pedro Costa