O projecto ‘Azores EcoBlue’, da responsabilidade da arquitecta Nieta da Ponte Rocha, e financiado pelo ‘E-Grants’ e pela Direcção Regional de Politica do Mar, já procedeu, durante dois anos, à recolha de 40 toneladas de lixo marinho para protótipos de objectos que vão ser colocados no mercado.
O programa foi aprovado em 2019 e até hoje foram, no total, lançados 10 avisos de concurso. Neste momento todo o financiamento que estava disponível já esta alocado no valor total de cerca de 42,5 milhões de euros.
O projecto Azores EcoBlue pretende utilizar e desenvolver novas e inovadoras matérias-primas, transformando o lixo marinho numa actividade, que é pouco valorizada na Região e vai de encontro, como explicou a Directora dos Recursos do Mar, Marisa Lameiras, “às necessidades dos consumidores que procuram soluções de eco-design eficientes uma vez que oferece produtos de design ecológicos reciclados”.
O lixo recolhido vai ser transformado, por exemplo, numa plataforma, fibras e fios, numa colecção têxtil, aplicação em materiais de construção e a construção de uma eco-cabana onde serão feitos todos os testes e ensaios que serão parametrizados com os materiais convencionais e que validam todo o trabalho científico e de investigação desenvolvido pela Azores EcoBlue.
A maior parte do lixo recolhido surge da actividade piscatória, mas também foram recolhidas algas infestantes identificadas ao longo do projecto com desperdícios da Região como basalto e aparas de criptomérias.
O objectivo principal do projecto foi a construção da eco-cabana. É um Lam Lab, um centro de investigação. É constituído por dois contentores marítimos, numa célula onde se encontra a arquitectura convencional, com materiais convencionais; e numa segunda célula estão os novos materiais., com os quais “vão ser feitos ensaios térmicos e acústicos e é ai que verificamos e certificamos se este material é passível de ir para comercialização,” afirma Nieta da Ponte Rocha.
Neste momento, prossegue a arquitecta do projecto, “podemos dizer que já contamos com clientes interessados nos materiais desenvolvidos, ou seja, no fio. Já temos uma grande equipa de apoio que vai querer dar continuidade a este projecto (…).Vamos continuar a trabalhar com a Região a nível nacional, porque é um projecto que se quer levar a nível global,” disse.
Os parceiros são a Universidade do Minho, Universidade dos Açores, AD Air Centre (Associação para o Desenvolvimento do Atlantic International Research Centre), AEP – Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, Visual Thinking – Digital Organization, Lda., PCTTER – Associação Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira
Trata-se, assim, de um projecto que explora o conceito de economia circular e azul, assente no paradigma ‘upcycling e recycling’, com uma forte componente de inovação aplicada a novos subprodutos e matérias-primas, a partir de resíduos e excedentes do sector do mar e das pescas. F.F.