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Campanha de solidariedade nos Açores arrecada cerca de 20 toneladas de material para Timor-Leste

“Um gesto, uma mudança: apoie Timor-Leste!” é o lema da campanha de solidariedade social, uma iniciativa pensada pelo Almirante António Silva Ribeiro, que decorre nos Açores até 17 de Maio e se destina a fornecer livros, material escolar, roupa e calçado a jovens timorenses carenciados e institucionalizados em organismos da igreja católica naquele país. Em particular, esta acção solidária visa apoiar o Colégio Infante de Sagres, que tem cerca de 700 alunos, rapazes e raparigas. Segundo o Almirante Silva Ribeiro, estima-se que o material já angariado esteja na ordem das 20 toneladas. O antigo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas salienta, ainda, a generosidade dos açorianos, que define como “extraordinariamente solidários.”

Correio dos Açores – A campanha “Um gesto, uma mudança: apoie Timor-Leste!” decorre até dia 17 de Maio. A esta altura, o objectivo traçado já foi alcançado?
Almirante António Silva Ribeiro – Do ponto de vista de recolher os materiais para fazer as doações em Timor, podemos dizer que o objectivo está alcançado. Na minha ida a São Miguel esta semana, pude ver a quantidade de material que está nos Bombeiros da Ribeira Grande e parece-me suficiente para carregar o contentor. Todavia, ainda temos a possibilidade de recolher mais doações de algumas escolas.

Esta campanha não se realiza apenas em São Miguel, tendo um ponto de recolha também no Faial…
Esta campanha teve maior abrangência porque, por um lado, a Escola do Mar disponibilizou-se para apoiar na recolha de meios no triângulo e, por outro lado, a Guarda Nacional Republicana está a recolher meios em todos os postos que tem na Região. Por isso, desta vez, a malha foi mais retalhada e estendida. Mas, já nas campanhas anteriores, tínhamos tido algum contributo de outras ilhas que não só São Miguel.

Conseguiu-se angariar os bens com maior rapidez?
Sem dúvida. Os parceiros que aderiram a esta campanha contribuíram muito para que se conseguisse reunir rapidamente os meios.
As campanhas anteriores foram essencialmente focadas em livros, para a Guiné e São Tomé, já esta é mais diversificada. Para além de livros, que se destinam a contribuir para o ensino da língua portuguesa em Timor-Leste, também recolhemos roupa, calçado e material desportivo. Essa abertura do leque permitiu obter mais rapidamente o material para encher o contentor.
Neste contexto, além dos livros e para finalidades pedagógicas, quero salientar o grande contributo que obtivemos em material escolar (lápis, lapiseiras, borrachas, cadernos, etc.).

Se houver produtos em excesso, a quem se destina?
Temos que fazer uma avaliação quando tivermos o contentor preenchido. O material que foi recolhido para esta campanha, com a finalidade Timor, será enviado para esse país e, se sobrar algum material, no futuro, seguirá também para o Colégio Infante de Sagres e para a Diocese de Maliana, para ser distribuído junto das mesmas entidades.
Conseguimos angariar fundos, que estamos a recolher, para fazer deslocar este contentor. Para já, não temos disponibilidade financeira para enviar um segundo contentor, mas fá-lo-emos numa futura ocasião.

É possível quantificar o material doado?
Estimamos que seja na ordem das 20 toneladas de material. A quantidade efectiva de cada item não conseguimos precisar porque, até agora, temos estado a recolher, com a ajuda dos nossos parceiros, as caixas de material e a depositá-las junto ao contentor no quartel dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande.
O material vai começar a ser carregado no contentor nos próximos dias. Uma das razões da minha ida aos Açores esta semana foi estabelecer um plano para o carregamento do contentor. Vamos pedir ajuda aos nossos parceiros, em primeiro lugar aos Bombeiros da Ribeira Grande, que têm sido inexcedíveis. Vamos também pedir à Guarda Nacional Republicana e às Forças Armadas para disponibilizarem alguns elementos que nos possam ajudar a arrumar todo o material dentro do contentor.

Que material as pessoas doam mais?
Um pouco de tudo, no entanto, o tipo de material mais doado foi livros e material escolar. Também, algum material desportivo e roupa.

Como explica a grande adesão dos açorianos a estas iniciativas?
Os açorianos são extraordinariamente solidários. Penso que isso passa por uma cultura de solidariedade que se desenvolveu ao longo dos séculos na Região, fruto, desde logo, das dificuldades iniciais do povoamento do território que, como é do conhecimento de todos, foi feito por portugueses e também por estrangeiros, que foram povoando as diferentes ilhas. O carácter inóspito do que foi esse povoamento, fruto do que eram as circunstâncias do território, levou logo a que houvesse grande solidariedade desde o início do povoamento dos Açores.
Creio que essa solidariedade entrou de uma forma genética na cultura e no carácter dos açorianos. Além disso, não nos podemos esquecer das catástrofes que, de vez em quando, assolam a Região, que em muito contribuem para a solidariedade. Desde sempre, nessas circunstâncias, as pessoas tiveram que se ajudar umas às outras. Acho que todos estes ingredientes, daquilo que foi o desenvolvimento dos Açores, da sua cultura e da cultura do seu povo, são os factores decisivos que conferem aos açorianos uma solidariedade verdadeiramente distintiva naquilo que são estas acções que permitem que, de facto, haja uma adesão extraordinária.

Esta iniciativa esconde uma surpresa…
Na realidade, solicitámos 40 computadores à Accenture, dos quais 30, tipo laptop, serão enviados para Timor e dez seguirão para o Corvo, para apoiar instituições de solidariedade social. Estas entidades vão agora passar a dispor desses equipamentos, para que as pessoas que estão nessas instituições possam ter acesso mais fácil a esses meios.

Para quando a próxima campanha?
Ainda não está decidido quando será a próxima campanha, mas posso adiantar que está destinada aos Açores.
No dia 19 de Maio, vamos encerrar o contentor e entrega-lo à Bensaúde, que cuidará dos procedimentos logísticos necessários ao transporte do contentor para Timor.
Depois, vamos fazer uma reflexão: tirar lições aprendidas desta campanha, mais concretamente o que correu bem e o que correu menos bem e como poderemos fazer a próxima.

O que correu menos bem?
O que correu menos bem nesta iniciativa solidária deve-se à inexperiência. Esta campanha foi feita por uma equipa muito reduzida de pessoas – a Mónica Silva, a Dra. Ana Rodrigues e a enfermeira Ana –, que se desmultiplicaram em esforços para realizar uma operação tão grande. Evidentemente, em futuras ocasiões, não podemos fazer uma acção destas com três pessoas apenas. Esta foi uma lição que aprendemos. No entanto, as dificuldades sentidas pela nossa pequeníssima equipa, encarregue de realizar a campanha, foram superadas graças à generosidade dos nossos parceiros.
Quero salientar alguns parceiros que foram absolutamente decisivos. Desde logo, o o Governo Regional, que, de uma forma genérica, apoiou bastante a campanha; os Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande; a Bensaúde; o Sr. Jorge Rita, da Associação Agrícola; os órgãos de comunicação social que, desde a primeira hora, nos apoiaram muito na divulgação; a Dra. Natália da Vila Galé; a Fundação Pedro Pauleta; a Guarda Nacional Republicana; as Forças Armadas; e, por fim, a SATA que está a apoiar-nos no transporte dos computadores entre o continente e os Açores, e posteriormente no transporte dos dez equipamentos para o Corvo, graciosamente. Sem estas entidades, não teria sido possível fazer a campanha.

                                      Carlota Pimentel 
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