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Johnny Bjelkaroy: O médico estomatologista que se apaixonou perdidamente pela Madeira

Aqui chegou há 41 anos. Pela Ilha apaixonou-se perdidamente. Nascido em Bergen, Noruega, naturalizou-se português. Sente-se madeirense. Vive intensamente todas as nossas tradições, criou inúmeros amigos. É hoje um dos bons promotores da Madeira. Sempre que viaja leva-a no coração. É um dos mais experientes estomatologistas madeirenses.

Naquela manhã solarenga, como são quase todas as manhãs na Madeira, de 1983, estava no meu gabinete de trabalho quando a minha secretária anunciou que estava fora um jovem estrangeiro que desejava falar comigo. Possivelmente será um Tour Operator, pensei eu. Pedi-lhe que perguntasse o nome e a nacionalidade, o que ela fez de imediato: «Johnny Bjelkaroy, de nacionalidade norueguesa. Ele diz que vem recomendado pelo seu irmão, João Manuel». Recebi-o e logo, de imediato, simpatizei com ele. Tinha um sorriso generoso. Um sorriso que conquistava qualquer pessoa, mesmo antes de começar a falar. Alto, cabelo louro e magro, deu-me um forte aperto de mão que transmitia a sua personalidade assenta numa sensibilidade que é um dos primeiros bens da vida de qualquer cidadão. Em inglês correto, ele foi aos poucos desbobinando alguns aspetos da sua vida. Assim fiquei sabendo que era médico estomatologista. Nasceu na antiga capital da Noruega, a lindíssima cidade de Bergen, em 1954. Com 25 anos deixou o seu país e rumou à Índia, onde foi exercer a sua profissão num hospital missionário em Bhopal. Católico praticante ele insere-se na filosofia: «se não nos ajudarmos uns aos outros, quem o fará?!». Por isso, faz da sua vida profissional e pessoal uma caminhada de amor.
Em 1980 deixa a Índia e fixa-se no Líbano, onde permanece até 1983.Eram tempos de guerra. Ali a sua ação dividiu-se por centenas de doentes, dando-lhe a oportunidade de contatar com as mais díspares situações da sua especialidade, enriquecendo de sobre modo, os seus conhecimentos. Porque a guerra se agrava cada vez mais, ele resolve vir para Portugal. Chegou a Lisboa, cidade que desconhecia por completo e onde não tinha quaisquer relações de amizade. Ele queria e tinha que trabalhar. Pegou numa lista telefónica e por coincidência abre justamente nas páginas dos médicos da sua especialidade. Escolhe um ao acaso: dr. João Manuel Nunes Abreu. Telefona-lhe, pedindo que o receba. Vai ao seu consultório, na rua da Praia Vitória e diz-lhe que tinha chegado recentemente a Portugal e que necessitava de trabalhar. O dr. Nunes Abreu disse-lhe: «meu amigo, neste país tudo é difícil, mas nada é impossível», acrescentando-lhe que Lisboa tinha muitos médicos da sua especialidade, enquanto na Madeira eram poucos e daí sugerir-lhe que podia trabalhar com um dos médicos madeirenses que tinha sido seu estagiário: Quico Cardoso. Mais: se precisasse da alguma ajuda que me procurasse. Tanto ele, como eu e a minha irmã fomos educados que deveríamos, quaisquer que fossem as circunstâncias, ajudar quem de nós necessitasse. Foi por esta razão que, naquela manhã, me procurou e ficamos amigos.
Aos poucos, num convívio sempre agradável, descobri-lhe as suas inúmeras qualidades humanas e profissionais; o seu sentido de humor; o seu profissionalismo e competência; o trato com os seus doentes, conquistando-os com uma enorme simpatia. A sua sempre boa disposição, jamais o ouvi referenciar, com palavras menos dignas, quem quer que seja. A sua paixão pela Madeira emociona-me: sempre que fala da ilha, fá-lo com comoção, enaltece as suas paisagens e as suas gentes. Naturalizou-se português. Considera-se madeirense. De quando em quando visita, como turista, a Noruega e sempre que chega à Madeira, sente a alegria da saudade do regresso.
A arte, a história e a política fazem parte da sua vida. Plínio disse: “do mesmo modo que se cultivam as terras com sementes diversas e variadas, assim se cultiva o nosso espírito com diferentes estudos”.
A importância de nos cultivarmos para melhor compreender a vida Johnny Bjelkaroy é um daqueles amigos que prezamos muito, pela verdade da sua amizade e por tudo o que faz pelos outros. É um madeirense que há 41 anos chegou à Madeira, tendo criado, neste longo espaço de tempo, muitos amigos e desenvolvido com muita competência e sabedoria a sua profissão. É hoje considerado um dos mais experientes estomatologistas da Região. Desde o primeiro dia da sua chegada à Madeira procurou sempre falar português, o que já hoje faz com algum desembaraço.
Segunda-feira passada festejou, com um grupo de amigos, os seus 70 anos de idade, muito bem conservados. Passados todos estes anos, vejo-o com as mesmas feições, o mesmo corte de cabelo e o mesmo físico.
Dois dias antes do seu aniversário, convidei-o para almoçar comigo e com o meu filho adotivo, Sandro. Falamos de vários assuntos. Recordamos a sua chegada à ilha, pela qual se apaixonou perdidamente. Quando fala dos madeirenses que tanto respeita e estima, os seus olhos brilham. É uma honra tê-lo como amigo.
Caro Johnny, “encontrar o tempo para ser amigo é encontrar a estrada da felicidade”.

João Carlos Abreu

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