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Terno olhar

Estamos novamente nas festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres e Ponta Delgada veste-se com as suas melhores galas, para as suas mais importantes celebrações anuais e acolher milhares de peregrinos que prestam a sua homenagem e veneração respeitosa à sacrossanta imagem do Ecce Homo, festa que constitui a maior referência religiosa dos Açores.
A Igreja do Senhor Santo Cristo e o próprio Convento da Esperança voltam a ser o centro de todas as atenções para onde crentes ou não crentes ali convergem. Os micaelenses cultivaram as mais belas flores para emprestar a magnificência e sumptuosidade àquele templo que irradia nestes dias um perfume especial e com uma beleza que encanta todos os que o visitam.
Na vigília do Sábado na Igreja de S. José, muitos são os que perante a santa imagem, se detêm junto ao altar para uma breve prece e ninguém fica indiferente àquele terno olhar comovido, que nos provoca sensações e emoções fortes e nos interpelam e nos enche de alegria e nos pacífica interiormente.
Muito mais do que os arraiais, muito mais do que as tasquinhas, muito mais do que os passeios, a ida às feiras ou assistir ao imponente fogo-de-artifício, as festas do Senhor Santo Cristo são, sobretudo, uma ocasião sublime de gratidão do povo micaelense e cada vez mais do povo das outras ilhas deste torrão insulano, pelo dom da vida, amarga, por vezes, é certo, mas também pela alegria de redescobrir o significado e a beleza das coisas simples. É uma oportunidade para se agradecer ao Senhor das Ilhas por termos chegado a mais um ano para assistir às grandiosas festas.
A veneranda enternecedora Imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres estimula-nos, a ser um sinal e testemunho cristão, não apenas no Domingo do Senhor, mas no dia-a-dia, no nosso posto de trabalho ou no convívio com os nossos familiares e amigos. Aquela veneranda imagem é uma relíquia que desde o berço nos acostumamos a olhar com respeito e sublime admiração.
Nestes dias de festa, seja o povo humilde e anónimo destas ilhas ou o mais letrado dos seus habitantes, ninguém se coíbe de fixar o seu olhar, no olhar daquela doce e compassiva imagem, que fita uma população inteira e a todos abençoa e derrama graças e bênçãos. Quer estejam no Canadá, nos Estados Unidos, na Bermuda ou no Continente, todos têm os olhos postos na televisão e nas redes sociais na ânsia de assistirem a um momento das festas ou ouvirem entoar o comovedor hino do Senhor Santo Cristo.
Por outro lado, ninguém fica insensível ao vai e vem de centenas e centenas de jovens que rumam a Ponta Delgada a pé, noite dentro, num movimento invulgar. Vêm da costa norte ou da costa sul de S. Miguel e dirigem-se para a Igreja de S. José, para participarem, já madrugada, na homenagem dos peregrinos. Trata-se de um testemunho extraordinário da nossa juventude, que até comove qualquer um.

Na noite do Sábado do Senhor, ir a pé da sua freguesia ou vila para a “cidade”, é uma renovada forma de peregrinar na actualidade, já que antigamente muita gente se deslocava a pé, para participarem nas festividades. Jovens mães, levando os seus filhos em carrinhos de bebé ou grupos de jovens das Paróquias de S. Miguel, devidamente coordenados e com coletes reflectores, utilizam as bermas das estradas movimentadas, originando, por vezes, algum perigo.
Neste particular, há que disciplinar estas caminhadas, pois o intenso tráfego automóvel constitui sério risco, sobretudo para as crianças, que acompanham os mais velhos.
Há precisamente um ano, estava eu no Canadá, por circunstâncias da vida e assisti pela televisão às grandiosas festas e o sentimento que de longe se experimenta não se consegue traduzir por simples palavras… O Senhor Santo Cristo mora no coração de todos nós.
As gentes desta ilha e dos Açores voltam mais uma vez a fixar o doce olhar do Ecce Homo, numa atitude recatada, onde cada um expressa à sua maneira o seu reconhecimento e que só o Senhor Santo Cristo dos Milagres entende, pois neste mundo cada vez mais confuso, onde se perdem os valores espirituais, a religião enfrenta um desafio enorme de ajudar a pessoa humana a reorientar-se nesta aldeia globalizada, tendo em vista alcançar uma plena justiça.

António Pedro Costa

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