A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, visitou o hospital de Ponta Delgada após o dramático efeito que provocou em todo o espaço hospitalar o incêndio de Sábado no posto de transformação de electricidade.
A governante deixou a garantia de que, feito um memorando de todas as necessidades, o Governo da República assumiu o compromisso de colaborar no investimento necessário para que o Hospital do Divino Espírito Santo volte a funcionar em pleno.
Ana Paula Martins deixou em aberto a possibilidade de, caso seja necessário, hospitais do Continente receberem doentes do Hospital de Ponta Delgada.
E, numa perspectiva de futuro, a Ministra da Saúde afirmou que “a médio prazo (…) precisamos de, em conjunto com o Governo Regional dos Açores, olhar para o plano de investimentos do novo hospital,” no que foi entendido como a construção de um novo Hospital em São Miguel já reivindicado por vários sectores ligados à saúde na ilha.
Por outro lado, durante o dia de ontem o Conselho de Administração do Hospital tinha o compromisso de “dar informação das necessidades imediatas, para depois transmitir ao Ministro da Defesa Nacional e ver que capacidade de resposta as Forças Armadas têm.”
O Presidente do Governo já falou com o Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, que garantiu a disponibilidade das Forças Armadas para implementar um hospital de campanha “para dar a resposta possível nas próprias instalações” do HDES.
“E, se for necessário”, prosseguiu José Manuel Bolieiro, “depois, recorrer a outras entidades privadas.” Entre estas entidades privadas, poderão estar os proprietários da ‘Casa de Belém’, um espaço vazio, inicialmente destinado para lar de idosos e que nunca chegou a funcionar.
O facto é que o Presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, conhecida a dimensão da catástrofe, declarou o Estado de Calamidade Pública como forma se de agilizar processos e se chegar a soluções rápidas.
55 doentes açorianos
na Madeira
Dos 240 doentes que tiveram de ser retirados do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, por causa do incêndio, no último Sábado, 55 estão na Madeira para onde foram transportados pela Azores Airlines e pela Força Aérea. Todos estes doentes são do serviço de hemodiálise, e alguns estão internados.
Ainda ontem de manhã o comandante da Zona Militar da Madeira e o secretário regional de Saúde e Protecção Civil assinaram um protocolo que materializa a parceria para Provenientes dos 32 doentes dos Açores.
Ocasião que Pedro Ramos aproveitou para destacar o momento especial em que a Madeira valida a sua competência, maior ou menor sucesso nas áreas de intervenção de Saúde.
O Secretário da Saúde da Madeira deixou claro que os 55 doentes que vieram para o arquipélago (alguns estão internados), “se não viessem para a Região, poderiam não sobreviver. Em 24 horas, foram tratadas a logística dos transportes, farmácias, instalações, entre outros. “Ninguém ficou para trás”, disse em resposta aos que acusam a Madeira de ter deixado os madeirenses para trás.
O governante madeirense disse também que, para já, não está prevista a vinda de mais doentes mas “não se sabe quando é que os que estão cá vão embora.”
Onda solidária
A Câmara Municipal de Ponta Delgada também colaborou na operação de evacuação dos utentes do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada. Toda a operação foi acompanhada, desde o primeiro momento, pelo Serviço Municipal de Protecção Civil, que activou os meios para realizar o transporte de utentes, profissionais de saúde e equipamento hospitalar para a Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel, Hospital da CUF, na Lagoa, Centro de Saúde da Ribeira Grande e Centro de Saúde de Vila Franca do Campo.
“O Serviço Municipal de Protecção Civil, enquanto autoridade máxima de Protecção Civil Municipal, em articulação com o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores, esteve envolvido na operação de evacuação do Hospital. Previa-se inicialmente que a evacuação fosse cingida a locais próximos do Hospital. Colocamos em prontidão 750 camas para alojamento em pavilhões e outras infra-estruturas que fazem parte do Plano Municipal de Emergência. Verificamos que o número de pessoas a evacuar seria inferior e acabamos por mobilizar as pessoas para outras unidades de saúde”, explicou Jorge Moniz, coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil de Ponta Delgada. Durante a operação de evacuação do Hospital do Divino Espírito Santo foram mobilizados 35 funcionários da Câmara Municipal de Ponta Delgada, dois autocarros para o transporte de passageiros, seis viaturas pesadas para o transporte de material hospitalar e cinco viaturas ligeiras para o transporte de material e profissionais de saúde.
Dos Serviços Municipais de Protecção Civil dos seis concelhos dos Açores foram disponibilizados meios de transporte e funcionários para colaborarem na evacuação.
Os doentes estão espalhados por várias instituições, entre os quais Centros de Saúde, Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada e Casa de Saúde de Nossa Senhora da Conceição.
Exército espera pedido e já prepara tendas para hospital de campanha em Ponta Delgada
Correio dos Açores: Quais são as oportunidades de hospital de campanha que as Forças Armadas podem oferecer, tendo em conta a situação do Hospital do Divino Espírito Santo?
Tenente-General Pedro Miguel Alves Gonçalves Soares (Comandante Opera-cional dos Açores) – Neste momento, aguardamos ainda o pedido concreto das entidades regionais. O agrupamento sanitário do Exército já está a preparar e a identificar as tendas, complexos de iluminação e geradores, que são normalmente deslocadas para as áreas que necessitam de apoio.
Agora, depende do pedido concreto, das necessidades, até para sabermos o volume de material a transportar. Neste momento, está o Exército, que é quem tem o agrupamento sanitário, a preparar todos os equipamentos que pode enviar para São Miguel, neste caso para Ponta Delgada, caso assim seja solicitado.
Para quantos doentes e que meios têm?
Depende do pedido, porque nós não sabemos se é para usar como enfermaria ou como atendimento, se é para 20 doentes ou para 100. Há que haver umas reuniões para especificar as necessidades e depois, atendendo às necessidades, deslocaremos para o arquipélago os meios necessários, dentro do possível.
Quanto tempo demora a chegar?
Grande parte dos equipamentos pode ser projectada por via aérea. Portanto, é apenas uma questão de disponibilidade de aeronave. Entre o especificar e a recepção do pedido, estamos a falar de poucos dias, porque inclui a concentração do material e disponibilidade de aeronave. Não prevejo que haja problema de uma resposta não atempada ou muito demorada, desde que saibamos exactamente o que é necessário. O planeamento, para já, é a projecção por via aérea.
Carlota Pimentel