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Armadores e pescadores manifestam-se hoje em Ponta Delgada contra o fim da quota do atum patudo

Mais de dez barcos atuneiros deverão concentrar-se hoje de manhã no porto de Ponta Delgada a fazer as últimas descargas de atum patudo depois da Direcção Geral dos Recursos Marinhos ter divulgado uma circular, via fax, a anunciar o fim da quota que, para Portugal, foi de 2.400 toneladas.
Segundo a circular, as frotas de pesca dos Açores e Madeira deixaram de pescar o atum patudo às 24h00 de ontem e podem fazer a descarga em lota até ao dia 11, ou seja, amanhã.
Nas estatísticas da Lotaçor, o atum patudo descarregado vai de 3,2 a mais de 50 quilos e a quantidade descarregada em lota até ao dia 5 de Maio era de 1,692 toneladas. Se atender-se ao facto da quota ser distribuída pela Madeira e Açores, nos portos dos Açores foram descarregados três quartos das 2.400 toneladas. O preço médio por quilo varia entre 1,55 euros para atuns até 10 quilos e as 877,6 toneladas de atum com 25 a 50 quilos vendido a um preço médio de 2,68 euros. Curiosamente, as 496 toneladas de patudo com mais de 50 quilos descarregadas nas lotas açorianas foram vendidas ao preço médio de 2,42 euros. Significativo também que 159,3 toneladas de patudo tinha entre 10 e 25 quilos e foram vendidas em lota a um preço médio de 2,04 euros o quilo. Se as capturas fossem diluídas por mais um mês e meio, os preços médicos por quilo seriam mais elevados, atendo à lei da oferta e da procura. Mas isto teria que obedecer a uma estratégia que não existiu.
A prova é que os barcos atuneiros que começaram a safra mais cedo e foram para o mar em Fevereiro venderam atum patudo nas lotas da Região a preços que chegaram a atingir os 10 euros por quilo. Portanto, menos atum patudo em lota, mais elevado o seu valor.
Responsáveis das Associações de Armadores de Atum dos Açores e Madeira estiveram na Direcção Geral dos Recursos Marinhos e Portugal diligenciou, sem êxito, junto dos governos de Espanha e França a cedência de quota de atum patudo.
Assim, enquanto os armadores exclusivamente de atum vão ficar atracados ao cais, cerca de um mês e meio, à espera que a temperatura das águas à superfície atinja os 22 graus e comece a aparecer os cardumes de atum bonito, as outras embarcações que estiveram a pescar atum e têm licença e artes de pesca para pescarem espécies de fundo, como o goraz, o peixão, o imperador e também o chicharro, voltam à sua actividade diária.
E é esta uma das razões que está a levar à revolta dos armadores dos barcos atuneiros que só podem pescar atum. Vão ficar um mês e meio “sem saber o que fazer com as tripulações” à espera que chegue o atum bonito. E isto depois de alguns barcos atuneiros não terem conseguido pescar o suficiente para as despesas de combustíveis, alimentação e pagamento dos honorários aos pescadores. Nesta altura, alguns dos armadores exclusivamente de atum “não sabem o que dizer aos pescadores”.

João Paz

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