Os Açores “podem e devem ter uma nova atitude e uma nova ambição para o futuro”, defende
O candidato a líder do PS/A, Francisco Vale César, defendeu ontem numa ‘declaração de princípios’ que os Açores “podem e devem ter uma nova atitude e uma nova ambição para o seu futuro.”
Francisco César, que tem de entregar até ao dia 13 de Junho uma moção estratégia com, pelo menos, 300 assinaturas de militantes, entende que “não nos basta recuperar o tempo perdido ou posições de desenvolvimento face a outras regiões.”
“Ambicionamos, no espaço de uma geração, recuperar e dar a esperança que motiva o contrato social e liderar, positivamente, no país os indicadores económicos e sociais,” defendeu
Como salientou, “queremos que os nossos jovens acreditem que vale a pena o esforço de se qualificarem e de trabalharem para serem o que sonharam e a Região deve propiciar-lhes esta oportunidade, seja nos Açores, seja no exterior,” afirmou.
Francisco César salienta que a “nova política que queremos implementar não se preocupa se os nossos jovens vão para fora da Região se qualificar ou conhecer novos mundos, – antes pelo contrário, devemos incentivar exactamente essa possibilidade – o que nos deve motivar, verdadeiramente, é que estes possam, mais cedo ou mais tarde, caso desejem, ter a possibilidade de regressar, aplicar o que aprenderam e conheceram, construir uma família e serem felizes na nossa terra,” completou.
“Mas, para que isso aconteça”, prosseguiu, “precisamos de muito mais e de melhor economia, que produza riqueza e emprego qualificado. Precisamos de um novo modelo económico, diversificado, aberto e sustentável com uma elevada participação de investimento externo, que agregue os nossos factores diferenciadores, e aposte na criação de valor nos três sectores económicos tradicionais, (agricultura, pescas e turismo), e acrescente, um 4.º pilar económico – fundamental para o que pretendemos: as Novas Economias, do Mar, do Digital e da Descarbonização e da Transição Energética.”
O candidato a líder do PS/Açores sublinha que, “com a escassez de recursos financeiros públicos e privados existentes na Região, é preciso fazer escolhas e estabelecer prioridades de investimento para maximizar as possibilidades de desenvolvimento económico, social e ambiental.”
“A existência de um verdadeiro Governo dos Açores desburocratizado, de fomento económico, especializado e de resposta ágil perante os investidores, que canalize os parcos recursos existentes para as prioridades da economia, assume um papel primordial neste modelo. Em suma, queremos trabalhar para aquilo que os Açores verdadeiramente precisam: Um novo futuro”, concluiu.
“Há muitas medidas e posições
do PS do passado que
perderam actualidade…”
Francisco Vale César recorda que o PS teve responsabilidades governativas em 24 dos últimos 28 anos. “O projecto ‘Nova Autonomia’ trouxe (finalmente) estabilidade e segurança financeira e novas competências à Região, saneou as contas públicas, ‘harmonizou’ e projectou o desenvolvimento e o crescimento de todas as nossas ilhas, abriu a nossa Região ao exterior, acrescentando novas ideias e mentalidades ao potencial regional, diversificou com uma “nova economia” e robusteceu e modernizou a ‘velha economia’, enquanto, simultaneamente, colocou em prática uma nova geração de políticas educativas e de inclusão social que trouxeram mais igualdade de oportunidades e liberdade a todos os açorianos.”
Referiu que, apesar dos Açores terem enfrentado várias calamidades naturais, uma ‘grande recessão’ económica internacional, uma intervenção externa para saneamento das contas públicas nacionais, uma pandemia sem paralelo nos últimos 100 anos e uma crise inflacionista à escala global, “é um facto que neste ciclo, os Açores assistiram ao maior período de desenvolvimento da sua história, ultrapassando em riqueza várias regiões do país e convergindo com a União Europeia.”
No entender de Francisco Vale César, o balanço da “nossa história é um património que nos orgulha e nos enriquece, mas também, nos permite retirar ensinamentos sobre o que correu bem, o que não resultou e o que, pura e simplesmente, se esgotou ou se desactualizou com o decorrer do tempo.”
Considerou que, também por isso, “há muitas medidas e posições do PS no passado que perderam actualidade ou que já não fazem sentido face à realidade e face ao novo futuro que queremos para a nossa terra. Outras há, designadamente, ao nível das funções sociais do Estado, que merecem renovado empenho da nossa parte,” disse.
Considerou, em sequência, que “o pior erro que o Partido Socialista/Açores poderá incorrer, nesta nova fase da sua história, é fazer do seu futuro, a defesa do nosso passado. O nosso passado é a identidade de que não abdicamos, todavia, tal não significa que não devamos evoluir as nossas políticas, discutir novos rumos para a Autonomia e, até, em alguns casos, assumir rupturas.”
“Somos o PS, o partido da Autonomia, cosmopolita e universalista que coloca no centro da sua acção as pessoas, através da promoção e da defesa da liberdade, da igualdade e da justiça social,” afirmou Carlos do Vale César.
Um PS que “rejeita uma visão divisionista de uma sociedade individualista, de uma região bairrista, de ilhas voltadas de costas umas para as outras,” realçou.
Um partido que “acredita que só há verdadeiro desenvolvimento, quando temos uma Democracia madura e transparente, uma Educação para todos com qualidade, uma Cultura aberta, inclusiva e acessível e uma Comunicação Social livre e economicamente sustentável,” realçou.
“Somos o partido que acredita que a comunidade em que nos inserimos só será plena quando houver verdadeira dignidade para com o ser humano: dignidade no acesso ao trabalho; dignidade no rendimento; dignidade na velhice; dignidade no acesso à habitação; dignidade no acesso à saúde”, afirmou o candidato a líder do PS-Açores.
Deixou claro que “não temos de nos conformar com a ideia de que somos e seremos um povo de emigrantes, de pobres, de pouca instrução, com problema histórico de dependências, violência doméstica, de pouca economia e, em tudo, ultraperiférico e dependente da solidariedade exterior.”
João Paz