Todos sabemos que não vivemos numa Região rica e que, para se fazer qualquer investimento publico nestas ilhas necessitamos de comparticipação do governo central.
Por outro lado, também todos sabemos que, o tempo gasto entre uma reconstrução e uma edificação de raiz de qualquer edifício é muito diferente.
Com estas duas premissas na mesa, e olhando retrospectivamente para as comparticipações do governo da república noutras áreas, verifica-se que não temos recebido, atempadamente, aquilo a que temos direito por pertencermos ao mesmo país.
Ou seja, a república não cumpre os compromissos assumidos, e nós, filhos de um deus menor, vamo-nos endividando alegremente. Os exemplos são demais evidentes para voltar a mencioná-los aqui e agora.
No que ao HDES diz respeito, atendendo a que há a máxima urgência em normalizar a saúde nesta ilha de S. Miguel julgo não ser má ideia optar pela reconstrução e actualização do actual hospital, transformando-o num verdadeiro hospital central.
Neste aspecto e apesar do HDES ser o maior hospital da região, não era aquele que tinha as suas valências adequadas à população que servia, como se podia verificar com a quase “impossibilidade” de aumento de doentes necessitados de hemodiálise.
Todavia, os outros dois hospitais regionais – tanto o de Angra como o da Horta – têm, e ainda bem, excesso de oferta para a população que servem, enquanto nós, aqui em S. Miguel é o que se vê. Porém, há que reconhecer que, não fôra aquele excesso teria havido necessidade de enviar ainda mais doentes para a Madeira.
No que respeita aos gabinetes de consulta externa, o governo do Dr. Bolieiro já tinha ordenado a realização de obras no quinto piso (salvo erro) para acomodar os serviços administrativos daquela unidade de saúde, cujo espaço se iria transformar em gabinetes médicos, aumentando assim a capacidade de atendimento naqueles serviços de consulta externa.
Resumindo, o HDES já há muito tempo que necessitava de aumento de capacidade e actualização de muitos equipamentos que, ao que me dizem, ultrapassaram o seu “tempo útil de vida”.
Pelo que li neste fim de semana, o hospital de dia da oncologia irá abrir esta semana, enquanto que, a hemodiálise, aguarda o resultado das análises à água para se poder recomeçar a ministrar sessões a quem precisa daquele valioso tratamento.
Em boa verdade é um recomeço, mas isto não implica que no relatório a apresentar pelo recém criado grupo de trabalho, para avaliação dos prejuízos e projeção do aumento do actual hospital, não venha espelhada a necessidade de transformar o HDES num verdadeiro hospital central com as valências para ministrar aulas de medicina aos alunos da nossa universidade.
Espaço em volta do actual edifício não falta, tanto a sul como a norte e a nascente mesmo que, utilizando o espaço a norte se tenha de mudar o heliporto para a cobertura do edifício a construir.
Aproveito para lembrar ao grupo de trabalho que, talvez não fosse má ideia considerar a hipótese de se construir parques subterrâneos libertando assim as áreas à superfície para outros fins que não sejam parque automóvel.
Vamos lá a ver se, desta vez, os micaelenses são contemplados com uma obra digna e à altura da suas necessidades actuais, mas também com o pensamento no futuro. Isto porque, com o aumento do turismo que se está a verificar, as necessidades são cada vez maiores e díspares.
Para terminar e com a possibilidade de me estar a repetir nunca é demais sublinhar que nas horas difíceis que Ponta Delgada viveu na manhã do sábado do Senhor Santo Cristo dos Milagres, os profissionais de saúde desta ilha foram de uma abnegação total que, não só se reconhece mas também se agradece.
Carlos Rezendes Cabral
P.S. Texto escrito pela
antiga grafia
12MAIO2024