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Internet: ferramenta criadora ou destruidora?

A internet aproxima-nos uns dos outros e aproxima-nos do mundo. Permite-nos enriquecer os nossos conhecimentos, aumentar os nossos horizontes e demonstrar aos outros o nosso valor. E, tudo isto, de uma forma acessível e tendencialmente gratuita. Se bem utilizada, a internet pode ser promotora de igualdade de oportunidades, contribuindo para atenuar as inúmeras barreiras sociais existentes.
Considero que esta enorme rede mundial que nos liga cria valor global para todos, mas assume ainda maior relevância no nosso contexto regional. Não esqueçamos a nossa realidade arquipelágica e ultraperiférica. Sabemos que a nossa região tem um valor ímpar e riquezas únicas, mas também sabemos, por experiência, a importância de conseguirmos chegar a novos lugares, a novas pessoas e a novas oportunidades.
Há riscos, com certeza que sim. Como a maioria das tecnologias a que temos acesso, também a internet tem o potencial para ser uma ferramenta criadora ou destruidora. É a utilização que fazemos da mesma que determina os respetivos resultados.
Ocorre-me, por exemplo, referir o problema das falsas informações veiculadas através da internet. Se já estávamos acostumados ao fenómeno das “fake news”, que é por si só preocupante, o surgimento de novas tecnologias tem conduzido à proliferação de conteúdos que grande parte dos utilizadores terá dificuldade em distinguir como verdadeiro ou falso. A designada Inteligência Artificial Generativa tem potenciado a produção destes conteúdos aparentemente autênticos relacionados com o conceito de “deepfake”, o que poderá ser drástico numa sociedade já tão polarizada.
Estou certo, em todo o caso, de que um aumento da literacia digital, um maior conhecimento do potencial e das ameaças de cada ferramenta, bem como a sensibilização para os seus benefícios e perigos, conduzirão a uma comunidade que tira melhor partido da internet. Isto pode aumentar a nossa diferenciação enquanto indivíduos e enquanto profissionais, abrindo portas a novas oportunidades, estejam elas onde estiverem.
Eu sou, talvez, um otimista do uso da tecnologia digital. E ainda que faça grande advocacia dos seus benefícios, sou também muito lúcido no que diz respeito às suas limitações. E acredito ferverosamente que, naquilo que somos únicos, a tecnologia nunca nos irá substituir. Em todo o caso, se não soubermos tirar partido da internet e das suas ferramentas, e se não fizermos um esforço para acompanhar a sua evolução, corremos o risco de ficar pra trás.
Em todo o caso, e não obstante tantos benefícios elencados, julgo que as soluções mais tecnológicas devem coexistir com as soluções ditas mais tradicionais, ajustando-se às preferências e às necessidades de públicos específicos. Eu, pessoalmente, apesar de ser um ávido utilizador e promotor da internet e das suas tecnologias, sou muito resistente a alterar alguns hábitos, por exemplo os de leitura. E ainda que inevitavelmente acabe por consumir mais conteúdos digitais nos seus diferentes formatos, no que diz respeito à leitura envolvo-me mais eficazmente com os suportes físicos, sejam livros, jornais ou outros suportes impressos.
De qualquer modo, quer queiramos quer não, a verdade é que a internet faz parte das nossas vidas e está literalmente em grande parte das coisas que utilizamos no nosso dia-a-dia. Mesmo sem nos darmos conta, passamos grande parte do nosso tempo a utilizar aplicações e serviços suportados na internet. Cabe a cada utilizador assegurar-se que esse tempo é bem investido, garantindo que não seja apenas tempo desperdiçado.
É recomendável que sejamos todos mais autodidatas, mas também mais críticos quanto ao conteúdo que chega até nós. Que não nos limitemos a ter uma atitude passiva e acomodada, e que possamos todos ser um instrumento de mudança, contribuindo para uma sociedade mais positiva e para uma região mais rica e competitiva.
A internet é aquilo que fizermos dela. Façamos todos o nosso melhor.

Carlos Farinha

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