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Hino dos Açores –a história que urge conhecer

O Hino dos Açores foi executado em público pela primeira vez pela Filarmónica Progresso do Norte de Rabo de Peixe, no dia 3 de fevereiro de 1894. Foi autor da letra António Tavares Torres, natural e residente naquela freguesia, enquanto que a música foi composta por Joaquim de Lima, um filarmónico de renome e regente daquela banda filarmónica, durante as campanhas autonomistas da década de 1890.
Foi tocado no Largo da Igreja Paroquial e a banda filarmónica percorreu algumas das ruas da freguesia executando os acordos. Naquele mesmo dia, António Tavares Torres, que era Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, acompanhado de um grupo de amigos e da Filarmónica Progresso do Norte, foi a Ponta Delgada apresentar o hino.
Depois da Filarmónica o ter executado, em frente das residências dos membros da Comissão Eleitoral Autonómica, juntaram-se no Campo de São Francisco apoiantes da Autonomia, que percorram as ruas da cidade e junto ao Centro Autonomista realizou-se um comício autonomista da campanha para as eleições gerais daquele ano, com a presença de Caetano de Andrade, Pereira Ataíde, Gil Mont’Alverne de Sequeira e Duarte de Almeida.
Sabe-se que a 14 de Abril de 1894, dia das eleições gerais em que foram eleitos deputados autonomistas, mormente Gil Mont’Alverne de Sequeira, Pereira Ataíde e Duarte de Andrade Albuquerque, realizou-se um cortejo pelas ruas de Ponta Delgada, integrando filarmónicas que tocavam o tal Hino da Autonomia, que os acompanhantes cantavam.
A 9 de Março de 1895, as filarmónicas também tocaram o Hino da Autonomia na Praça do Município de Ponta Delgada, numa festa organizada para assinalar a promulgação do Decreto de 2 de Março de 1895, que concedia, embora mitigada, a tão desejada autonomia.
Em 3 de fevereiro de 2005, por iniciativa da autarquia da Ribeira Grande, volvidos que foram 111 anos, realizou-se uma cerimónia evocativa da data, precisamente no mesmo local, onde a Filarmónica Progresso do Norte voltou a executar o hino, perante as autoridades locais e regionais.
Ao longo dos anos, e em função da evolução política, o hino terá tido várias letras. A primeira que se conhece é a do Hino Autonomista, na realidade o hino do Partido Progressista Autonomista, liderado por José Maria Raposo de Amaral, então maioritário em São Miguel. A composição é da autoria do político e poeta António Tavares Torres, de Rabo de Peixe e militante daquele partido. Fruto do calor autonomista do tempo, a versão original do hino tinha a seguinte letra:

1.O clamor açoriano,
Em sã justiça fundado,
Pede essa ampla liberdade
Que se deve a um povo honrado.
Refrão:
Para nós é vergonhosa
A central tutela odiosa,
Que em nossos lares recai.
Povos! Pela autonomia
Batalhai com valentia,
Com esperança batalhai!

2.Autonomia… eis o lema
Do ideal açoriano
Negá-la seria um crime;
Combatê-la desumano.

  1. Quando um povo se ergue à altura
    Da sua nobre missão,
    Põe na Carta d’Alforria
    A mais nobre aspiração.
  2. Quase em cinco séculos temos
    Sempre honrado a pátria glória.
    Deve a pátria agora honrar
    Os anais da nossa História.

5.Eia! Avante Açorianos,
É já tempo, despertais!
Pela santa Autonomia
Com denodo trabalhai.

Com o advento do Estado Novo e do nacionalismo, o Hino dos Açores foi votado ao ostracismo. No entanto, com a autonomia constitucional o Hino dos Açores foi oficiamente adoptado pelo parlamento açoriano e a sua música, com arranjo de Teófilo Frazão sobre o original, oficialmente aprovada pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 13/79/A, de 18 de Maio. Face à inexistência de uma letra com aceitação generalizada, foi encomendada uma nova à poetisa açoriana Natália Correia.
A versão oficial do Hino dos Açores foi cantada pela primeira vez em público a 27 de Junho de 1984, por alunos do Colégio de São Francisco Xavier, onde esteve presente na cerimónia João Bosco da Mota Amaral, então Presidente do Governo Regional dos Açores.

António Pedro Costa

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