Poder-se-á ser popular sem ser populista?
A diferença entre um líder político populista e um líder político popular é enorme e pode vir a ter influência fundamental na governação dum país e na respectiva sociedade no seu todo.
Um líder popular, através das suas medidas, propostas e compromissos assumidos e que garantem o bem – estar do seu povo, obtém o seu respectivo apoio e consequente confiança.
É democrático, respeita a diversidade de opiniões, buscando governar de acordo com as necessidades e interesses da maioria da população.
Por outro lado procura ter sempre presente a inclusão de todos, unindo todos os cidadãos em torno de objectivos comuns.
Ao invés, o líder populista procura manter o poder, manipulando emoções e sentimentos, utilizando o medo e a polarização.
Explora ressentimentos e frustrações, adoptando discursos simplistas e divisionistas.
Os populistas ou os candidatos a tal, disfarçados de democratas iliberais, utilizam a palavra liberdade como chavão.
Todos têm algo em comum, não são de esquerda, nem de direita, nunca foram políticos, a quem atribuem todos os males da sociedade.
Para problemas complicados têm soluções simples quase vazias de qualquer sentido.
Afirmam o que o povo quer ouvir, pelo que a demagogia lhes assenta como uma luva.
São os maiores amigos do povo, com foco primordial nas classes médias e baixas, entretanto arrastadas para o desemprego e pobreza, por via da globalização e das novas tecnologias.
Utilizam o medo e o pavor ao “outro”, que não o nacional, fazendo a apologia da raça e da superioridade identitária.
“Nós primeiro”. O caos é um terreno fértil para progredirem.
Atacam as elites afortunadas, o sistema, os mercados, “ o politicamente correcto”, quando a maioria deles, foram um seu “produto”.
Vivendo décadas à sombra do sistema e até contribuíram para o alimentar.
Falência do Estado Social, do alastramento das desigualdades e da pobreza, usando e abusando das redes sociais, até para ganharem eleições.
Os talentos da revolução 5.0 e da Inteligência artificial deram-lhes imenso jeito.
A hipocrisia, a mentira e as falsas noticias, aparecem sempre associadas aos populistas.
Então porque encontram cada vez mais apoiantes, em países, onde menos se esperaria, noutros nem tanto?
Os populistas aproveitam todas as brechas que os democratas deixam abertas.
A questão da equidade fiscal no mercado único europeu, bloqueada durante anos, só agora se tornou um tema premente, não só para a União Europeia, como para toda a comunidade internacional.
Seria avisado incluir no ressurgimento do fenómeno do populismo, tal como a história nos ensina, certos grandes grupos transnacionais, económicos e da alta finança.
Alimentam as democracias, enquanto estas servem os seus interesses, mas que mudam para o campo populista, quando estes alcançam o poder.
Os exemplos são mais que muitos.
O mais recente foi o Brasil do Bolsonaro, para já não falar na Venezuela do Maduro, que tem a apoiá-lo, para além de países como China do Xi Jinping e da Rússia do Putin, o poderoso grupo financeiro mundial Goldman Sachs.
Seria injusto não tecer algumas palavras em relação a Mr. Trump, cuja perfil se encaixa no tipo do populista atrás referido, e que se prepara para ser reeleito Presidente dos Estados Unidos.
Já vem avisando, que se tal não acontecer, o País mergulhará numa nova guerra civil.
O Presidente – Empresário, da ainda maior Nação do Mundo, cujo cognome advém da sua “veia” de oportunidade para o “negócio”.
Que depois de numa semana ameaçar o comunista Jong da Coreia do Norte de o “reduzir a pó”, estar na outra a convidá-lo para um chá em Singapura, onde fizeram “juras de amor eterno”.
Depois dumas tacadas de golfe na Flórida com o amigo Xi da China, embora a preferência deste fosse para o ping-pong, lhe ter confidenciado que invejava o regime chinês, porque em Washinghton, o “raio” duns democratas, não lhe deixavam sequer construir um simples muro.
O “empresário” Donald da América, ainda arranjou tempo para aconselhar o “camarada” populista “capitão” Jair do Brasil, para deixar de mandar “bocas” a insultar os camaradas comunistas e socialistas, e que, quanto ao processo “Venezuela”, tivesse calma, porque ainda estava demasiado “verde”, para se “apanhar” o Maduro, recordando-lhe os “amigos” importantes que o Nicolás tinha.
Merecem aqui um louvor do “tamanho do mundo”, os jornalistas, que na linha da frente, têm combatido com enorme coragem os populistas inimigos da Democracia, que organizados no seu seio, em autênticas “testas de ponte”, têm procurado aniquilar os valores da liberdade, muito em particular a da expressão.
Não se podia terminar e a propósito da crise dos refugiados e o ressurgimento de tendências nacionalistas e populistas, lembrar esta frase dum profeta dos nossos dias, S. S. o Papa Francisco: “Não acredito em soluções parciais para uma questão universal. É preciso uma resposta concertada de todos os países”.
António Benjamim