Mais uma tarde inesquecível no Estádio de São Miguel. As condições estiveram todas reunidas. Tempo acalorado, sem chuva e sem vento. Um apoio incondicional e exclusivamente apontado à equipa mais representativa da ilha e da Região. Não como sucede quando ali actuam Benfica, Sporting ou FC Porto, com uma diminuta parte a apoiar o clube da casa. Ver-se-á como será na nona participação do Santa Clara no campeonato “maior”.
Com os constrangimentos provocados pela pandemia derivada do vírus covid-19, o acesso aos estádios esteve condicionado na parte final da época de 2019/2020 e nas duas temporadas seguintes. Para recordar um ambiente de apoio único ao Santa Clara, embora numa perspectiva diferente, temos de recuar a 1 de Setembro de 2018. No segundo jogo em casa, no regresso à Primeira Liga, assistiram ao prélio com o Boavista 4.498 espectadores. A partir daquela época, que registou um total de 68.162 espectadores, a queda de assistências foi acentuada. Espera-se que a corrente de apoio manifestada Domingo se mantenha na nova época.
Sobre o jogo já está praticamente tudo contado. Depois de uma primeira parte cautelosa, a alteração operada para a segunda metade, com a entrada de Ricardinho, recuperado de lesão, transfigurou a equipa. O Nacional ao intervalo era o campeão porque ganhava ao Mafra por 2-0. Perder um título após 23 jornadas em primeiro lugar, 16 das quais consecutivas, seria frustrante para todo o grupo “encarnado”.
A pressão desde o início da segunda parte sobre a baliza do Leiria foi bastante acentuada, sendo o tampão desbloqueado, aos 63 minutos, com um golão de Pedro Ferreira. O mais difícil estava feito.
A partir dali a equipa diminuiu a intensidade atacante. Foi mais tranquila. Deu a bola ao adversário, que acabou com os mesmos 50% de posse do Santa Clara.
A entrada de Gabriel Silva dinamizou o ataque quando as ocasiões se proporcionaram. Foi assim que aos 80 minutos o jovem brasileiro correu e o passe atrasado encontrou Bruno Almeida para facturar o 15.º golo no campeonato.
O Santa Clara rematou por 19 vezes neste jogo (usufruiu de 8 pontapés de canto), tendo o União realizado 8 remates (3 cantos). Registaram-se 23 faltas, 15 das quais cometidas pelos atletas da casa.
Com 2-0 o ambiente transformou-se e nas bancadas cantou-se “somos campeões”.
Após os festejos em campo em comunhão com os adeptos na bancada, a equipa recolheu ao balneário, enquanto no relvado se preparavam os palanques para as entregas das medalhas e da taça, com a presença do Presidente da Liga Portugal, Pedro Proença.
Uma festa ao rubro, que se prolongou quase até às 23 horas nas Portas da Cidade, o local onde o Santa Clara comemorou as anteriores três subidas à Primeira Liga e a primeira conquista do campeonato da Segunda. Esta, já lá vão 23 anos. Dentro de uma semana, a 30 de Maio, o Santa Clara assinala 25 anos da primeira promoção.
Em Maio de 1998, aquando da subida da Segunda Divisão B à Segunda Liga, a festa foi em frente ao edifício da Câmara Municipal de Ponta Delgada, reunindo milhares de pessoas.
Adeus ao emblema
O jogo com o União de Leiria assinalou a despedida do emblema que simbolizou o Clube Desportivo Santa Clara nos últimos 71 anos, excepção de um período de cerca de um ano.
O momento ficou marcado nos 60 segundos entre o minuto 70 e 71 com a maioria dos espectadores a erguerem os cachecóis com o emblema em vigor desde 1953.
Em Assembleia-geral ocorrida a 15 de Março passado, com a histórica presença de 265 associados, três emblemas seleccionados por um júri foram a concurso. O vencedor, desenhado por Sérgio Marques, recebeu 149 votos, o de Filipe Sousa 87 e o de Cristina Moreira 12. Houve 13 votos em brancos e 2 nulos.
O novo emblema do Santa Clara é vermelho e branco, tem o açor (milhafre), ave emblemática dos Açores, em grande plano e nele estão representados o nome do clube, a data da fundação e nove estrelas referentes às ilhas do arquipélago.