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Coisas avulsas (que incomodam)

Os debates para as eleições europeias começaram num formato que permite pouca confrontação de ideias, privilegiando discussões mais mornas, mas ao mesmo tempo mais esclarecedoras. Diga-se em abono da verdade, menos apelativas para o público. É opinião geral que tanto Marta Temido, dos socialistas, como Tânger Correa, do Chega, têm estado uns furos abaixo do que se esperaria para esta fase. Da primeira, depois das funções ministeriais na gestão dos tempos da pandemia, esperava-se que essa proximidade funcionasse agora a seu favor. Tal não acontece, e apesar de muito sorrir, parece estar permanentemente dentro de um ringue partidário, e todas as questões que comenta sobre o espaço europeu ou são pela rama, ou nota-se claramente que é um pensamento muito forçado e pouco trabalhado. Já o candidato de Chega, apesar de uma carreira diplomática, tem evidenciado muitas dificuldades em vestir o fato da direita radical nas questões transnacionais, mostrando, igualmente, que o partido é André Ventura, e tudo o resto é paisagem.
Ao mesmo tempo que acontecem os debates para o hemiciclo europeu, para eleger os 21 deputados nacionais em círculo único, o governo de Montenegro chegava a acordo com vários sindicatos de professores para a restituição do tempo de serviço que tanto pântano criou nas escolas nos últimos oito anos. Uma decisão justa, que o governo anterior sempre negou consumar, para prejuízo das carreiras de muitos milhares de docentes. E mais do que as suas carreiras, era o sentimento de injustiça de um tempo que não serviu para nada, e em que os professores, nas escolas, apesar das condições terríveis, tudo fizeram para ensinar os seus alunos. Um sentimento de injustiça que era ainda maior, pois tanto o arquipélago da Madeira como a RA dos Açores tinham, há muito, resolvido esta contenda com quem ensina, restituindo paz social à Educação, justiça a quem trabalhou, e perspetivas de uma carreira que não ficou bloqueada no tempo, à espera das boas intenções de governantes vindouros.
Esta decisão de Fernando Alexandre e do governo de Montenegro, que ainda assim deixou associações representativas de fora, como é o caso da Fenprof, que naturalmente se tornará muito mais exigente agora que um executivo social-democrata exerce o poder executivo, deverá trazer mais paz às escolas já no lançamento do próximo ano letivo, podendo o executivo acudir a outras questões pendentes, e são muitas. A falta de professores de vários grupos de recrutamento, que ameaça a formação integral das nossas crianças e jovens, e a alteração urgente dos concursos de recrutamento. A revisão das vertentes técnicas e profissionais da formação e educação, revisitando o ensino dual e outras formas alternativas de certificação e formação dos jovens que não estudam, não trabalham nem estão em formação. O edificado em ruínas que atravessa todo o país, e para o qual a Parque Escolar continua sem apresentar soluções, longe da diligência que seria necessária.
Igualmente urgente é o executivo implementar uma nova forma de os trabalhadores do Estado, a começar pelo pessoal dirigente, se relacionarem com aqueles que têm de servir, o povo. E no caso da Educação, é uma vergonha que muitas das suas direções gerais funcionem como simples capelas nas quais o padre tudo pode e tudo manda. A displicência, falta de respeito e arrogância como, por exemplo, a Direção-Geral da Administração Educativa (DGAE) trata os procedimentos administrativos relacionados com o pessoal docente, havendo casos em que a apreciação de documentação para a obtenção de novas qualificações demora meses, à espera do despacho de sua excelência a senhora diretora-geral, é aberrante. Aberrante porque existe uma plataforma que apenas serve para aumentar a burocracia e, com isso, o poder dos dirigentes.
E mais aberrante ainda, porque o poder de quem exerce assim funções é meramente discricionário, prejudicando uns, com indeferimentos a gosto, e tudo permitindo a outros, com um mero telefonema para desenrascar processos. De outro tempo.
De outro tempo parecem ser também os pagamentos dos sistemas de armazenamento de energia, no âmbito do programa Solenerge. Apesar dos prémios anunciados com pompa, os atrasos chegam aos sete meses, estando muitos dos investidores particulares à espera da Direção regional da Energia, e do despacho de Joana Rita, para verem restituído o valor que já pagaram há muito. É um abuso e é uma vergonha.

Fernando Marta

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