O vigário-geral da Diocese de Angra afirmou Terça-feira na Missa da Coroação do Império da Terça-feira, na Madalena, ilha do Pico, que a sociedade e a Igreja precisam especialmente do dom do discernimento.
“Todos os dons são importantes, porque temos muitos medos e eles geram comportamentos egoístas e de indiferença, mas peçamos ao Espírito Santo, em especial, o dom do discernimento para que nos ajude a perceber o que é que o Senhor quer de cada um de nós, em cada uma das nossas vocações e carismas. No fundo, o que é que Ele quer que nós façamos a bem da comunidade, não só da comunidade eclesial mas da própria sociedade”, disse o cónego Gregório Rocha, às centenas de pessoas que se encontravam na celebração deste Império da Terça-feira, único no Pico e nos Açores.
“A forma de renovarmos a face da terra é sermos o que somos; o Espírito Santo vai descendo no nosso coração e nós devemos acolhe-Lo na sua força e transformarmos o amor em gestos para os irmãos. Se todos nós nos pusermos ao serviço uns dos outros então celebraremos o Espírito Santo”, disse ainda o sacerdote.
“Nós os crentes no Espírito Santo somos chamados a pegar nos dons que o Senhor derrama sobre nós e a derramá-los pelos outros” ressalvou ainda lembrando que “tudo o que vem do Espírito Santo é sempre em ordem ao bem comum”.
“Ele nunca nos dá nada a cada um que não tenha em mente o bem do outro” frisou destacando que tudo o que fazemos “para dar mais vida, para promover a dignidade humana” é “força do Espírito Santo”.
O cónego Gregório Rocha deixou ainda um alerta: “enquanto houver uma pessoa no mundo que não tenha condições para viver a sua dignidade humana então o Espírito Santo ainda não renovou a terra”.
“O reino de Deus está onde está o amor, que não cria exclusão, que não diferencia, que não prejudica que deixa que todos vivamos no amor de Deus. É uma tarefa de cada um de nós” concluiu lembrando que ninguém se pode “esquivar a esta atitude de serviço”.
Este ano o Império da Terça-feira foi levantado por uma promessa de Cristina Teixeira, desde pequena Irmã desta Irmandade da Madalena.
“Tem sido uma experiência gratificante e evangelizadora. Cada decisão e cada passo é muito intenso mas nunca me senti sozinha. Assumi a organização da festa- este é o papel do imperador- mas não estou sozinha nem conseguiria estar porque levantar um império é uma tarefa hercúlea. Só mesmo com a ajuda das pessoas, e do Espírito Santo”, remata sorrindo.
Levantar um Império é sinal de organização da festa; colocá-lo de pé desde a parte litúrgica- reza do terço cantada, na semana que precede o Império, Missa, Coroação, sopas (ou função), folias, esmolas; tudo é o imperador a decidir”, refere.
Este Império da Terça-Feira tem uma particularidade: a distribuição de rosquilhas. Este ano estão mais de 6 mil projectadas. Vem gente do Faial e de São Jorge expressamente para esta festa, para além dos picoenses de outros concelhos e localidades.