A atribuição dos prémios individuais e colectivos comprova a inexistência de harmonia entre as três Associações açorianas sobre o Campeonato de Futebol dos Açores (CFA).
A Associação de Futebol da Horta é a única que os tem promovido. É um aliciante para as equipas, para quem joga e para quem arbitra. É um factor de promoção desta competição que não se afirma pela carência de uma aposta forte e conjunta.
A primeira iniciativa foi no campeonato de 2020/21, terminado de forma atribulada à 14.ª jornada da primeira fase por causa do ressurgimento de casos de Covid. Não foi, porém, impeditivo de serem eleitos os melhores dos 10 prémios instituídos.
A alteração em relação ao anúncio nesta época prende-se com a não divulgação do número de votos recebidos nas eleições dos melhores jogador, revelação e treinador. A incumbência pertenceu aos principais treinadores e capitães das 10 equipas.
Recordo ter sido naquela época Emanuel Simão (Operário) o melhor treinador com 6 votos; Dário Simão (Lusitânia) o melhor jogador, sendo votado por 5 eleitores, e Gustavo Martins (Sporting de Guadalupe) recebeu 6 votos como jogador revelação.
O Operário (cuja equipa vencedora do campeonato 20/21 está na foto), vencedor da prova através do coeficiente entre o número de pontos e o número de jogos aquando da suspensão, teve os prémios da defesa menos batida, “fair play”, o melhor marcador (Cissé) e o melhor guarda redes (Hugo Viveiros, o único que repete neste ano). Ao Lusitânia pertenceu o melhor ataque.
Luís Soares, com 44 anos de idade há 4 anos, foi distinguido como Jogador Totalista ao serviço do Desportivo de São Roque.
As Associações de Ponta Delgada e de Angra do Heroísmo, entidades organizadoras principais nas épocas de 21/22 e de 22/23, ignoraram estes prémios. Demonstraram a falta de interesse e de respeito para com os intervenientes e para a congénere da Horta. Deixa perceber andarem de costas voltadas. Não se concebe porque não dão continuidade e não se entende porque os clubes não o exigem. Esta uma das razões para ser uma competição pouco atractiva e sem impacto, quando há possibilidades de ter um envolvimento e um retorno com alcance e com benefícios.
A edição de 2023/24 do CFA teve como organizadora principal a AF Horta. Reforçando possuir uma visão diferente e profícua, promoveu novamente os prémios. Desta feita 12, porque inseriu o melhor árbitro através das votações das equipas (que não constava do regulamento publicado a 19 de Agosto de 2023) e das classificações dos observadores.
Nesta nova eleição, que pode ter repercussões imprevistas, a fornecida pelas equipas elegeu Duarte Travassos como o melhor árbitro, quando foi sexto decorrente das avaliações, que colocou José Pereira como o mais regular do campeonato.
Será que a AF Ponta Delgada vai dar continuidade ou os prémios continuarão descontinuados? Uma resposta para daqui a 3 ou 4 meses. Se não os promover, não está a contribuir para a valorização da prova.
A DESPEDIDA DE UKRA, ou de André Filipe Alves Monteiro, de nome próprio, de um percurso futebolístico a fazer inveja, aos 36 anos de idade, foi envolvida num mediatismo mais do que merecedor, mas também porque aconteceu no jogo com o Benfica, onde se concentraram milhões de olhares.
Falo desta despedida porque Ukra esteve ao serviço do Santa Clara nas épocas de 2018/19, 2019/20 e 2020/21, disputando pelo clube açoriano 75 dos 429 jogos que participou ao longo dos 25 anos da carreira e marcando 4 golos dos 41 oficiais que apontou.
Foi um elemento importante na equipa do Santa Clara, mesmo que tenha sido titular em 33 jogos. A experiência e o conhecimento trazidos ajudaram às permanência na Primeira Liga.
Além das conquistas desportivas, que passam pelo títulos de campeão das duas ligas profissionais, também nos escalões de formação, onde foi internacional, e pela vitória na Taça de Portugal, Ukra será igualmente recordado por algumas excentricidades para gáudio dos companheiros de balneário.
Em São Miguel não fugiu à regra, com partidas aos colegas e outras iniciativas que fortaleceram os laços entre o grupo. Ficou célebre a cerimónia dos 33 anos, em que foi coroado de rei, ou a experiência de passar um dia numa pastagem, ordenhando as vacas e realizando todos os trabalhos inerentes.
O CD VERA CRUZ ao ter uma participação negativa no apuramento do campeão dos Açores de iniciados em futsal, vem confirmar o que escrevi neste espaço a 28 de Abril. A formação da modalidade na ilha de São Miguel é frágil e requere uma avaliação da Associação de Futebol de Ponta Delgada e dos clubes porque assim não há futuro. Não nos podemos contentar com o actual momento.
Dos 4 jogos do “regional” venceu um, em casa, ao Piedade, do Pico (9-4). Perdeu os restantes, sofrendo do campeão São Sebastião, da Terceira, 20 golos e apontando 4. No cômputo, marcou 16 golos e consentiu 33.
A equipa dos Fenais da Ajuda foi campeã da ilha de São Miguel com 12 vitórias, zero empates e duas derrotas, apontando 87 golos e sofrendo 41. Para ser a mais regular e a melhor, é porque a nível de ilha está furos acima da concorrência. A conclusão retirada é de que as restantes 7 equipas necessitam de melhorar muito mais.
SPORT LOMBA DO BOTÃO é um clube do lugar com aquele nome da freguesia da Povoação. Dedica-se ao desporto de lazer através da prática de futsal. Fá-lo em poli desportivos descobertos, com pisos de cimento.
Na página oficial da colectividade é anunciado o início, a 3 de junho, de um torneio de futsal organizado pelo clube com o apoio da Junta de Freguesia da Povoação, após a impossibilidade de o ter posto em prática em 2023.
Neste período de defeso do futebol e do futsal são vários os torneios particulares que se organizam pelo país. A ilha de São Miguel não foge à regra.
Chamo a atenção que estes torneios particulares, mesmo promovidos por clubes não federados, como é o caso do da Lomba do Botão, têm de estar de acordo com o decreto lei 93/2014, de 23 de Junho, e ao abrigo do artigo 51.º (n.º 2 alíneas a e b) dos estatutos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
A realização deste tipo de torneios nas ilhas de São Miguel e de Santa Maria tem de obter a autorização da AF Ponta Delgada, por delegacia da FPF. A autorização abrange os torneios cujos jogadores sejam federados ou não e requere que estejam, assim como os treinadores, segurados.
Os recintos onde os jogos se desenrolarão têm de possuir licença de utilização e seguro de responsabilidade civil, com planos de emergência. Tudo isso apresentado por uma comissão organizadora com regras, a começarem por um regulamento da prova.
As sanções para as entidades que não cumprem com os requisitos são pesadas. Alguns dos torneios locais realizados no ano passado já obedeceram às regras que estão sendo monitorizadas pelas autoridades.
Deixo o alerta para não surgirem surpresas desagradáveis.
José Silva