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A “Besuga”, ‘exposição por via marítima”, patente no Arquipélago

Está patente no Arquipélago, Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, até ao dia 28 de Julho a exposição “Por via marítima”, numa coordenação da artista espanhola residente em S. Miguel, Andrea Santolaya.
Esta exposição nasce do Projecto Cultural de Escola pelo Plano Nacional das Artes e cruza trabalhos desenvolvidos pelos alunos, obras da Colecção Arquipélago e do Museu Carlos Machado para representar o território da costa norte e a sua comunidade nas suas várias valências.
Ao longo de 8 meses, Andrea Santolaya esteve a trabalhar, enquanto artista residente do Projecto Cultural de Escola pelo Plano Nacional das Artes, com alunos da Escola Profissional da Ribeira Grande, sedeada em Rabo de Peixe, e professores da EBI da Maia, sendo o trabalho estendido a alunos da mesma escola.
O projecto “A Besuga” parte da criação de uma criatura marinha, imaginada pelos intervenientes do projecto, que habita o mar na costa norte da ilha de São Miguel, entre Rabo de Peixe e a Maia. Assim, a exposição “Por via marítima”, com os trabalhos de alunos das duas escolas, traduz o ecossistema natural, social e cultural deste território da costa norte da ilha, habitat natural da Besuga.
Durante uma semana, os alunos da Escola Profissional da Ribeira Grande e da EBI da Maia participaram no processo de montagem, confraternizaram e dialogaram sobre a narrativa da exposição, em conjunto com os professores, a artista residente Andrea Santolaya e a equipa do Arquipélago, resultando num produto cultural impressivo, que deslumbrou familiares e convidados que acorreram à exposição, nas acolhedoras instalações do Centro de Artes Contemporâneas.
O Rafael, o contador da história da Besuga, aluno de Rabo de Peixe, mostrou-se emocionado e muito agradado com a apreciação artística do seu mural expositivo pelos visitantes, e considerou um incentivo estar representado naquelas paredes, dando-lhe ânimo para continuar a dar asas à criatividade, e olhar, a partir daqui, para as artes com outra perspectiva.
Por vezes, no fenómeno artístico existe algum cepticismo quanto à dimensão lúdica e performativa das obras contemporâneas e esta exposição tem um valor humanista fascinante, porque proporciona uma contemplação estética bem alinhavada com a história ficcionada da miragem da Besuga e teve o condão de cercar de forma abrangente quem vive paredes meias com o mar do norte.
O envolvimento da comunidade de Rabo de Peixe neste projecto que atravessou por via marítima a costa norte de S. Miguel, partindo daquela vila piscatória até ao porto do Porto Formoso, trouxe outro realismo a este trabalho, pois numas ruas apinhadas de gente e por entre balhos das despensas e ao som da Filarmónica Progresso do Norte se lançou um grito cultural bem acolhido que deixou interrogações quanto ao papel da cultura como importante ferramenta na expressão cultural, que embeleza a vida comunitária, mas também serve como meio de contar histórias e preservar memórias e tradições.
O trabalho arrojado de Andrea Santolaya foi mais uma pedrada no charco e mostrou com imagens os lugares que acompanharam a criatura marinha, que denominaram de “Besuga”, um peixe muito conhecido dos pescadores de Rabo de Peixe, e bem pode dar azo a conotações com significância diversa, cujo ato de criação pelos alunos deu lugar ao imaginário colectivo.
Trata-se de mais uma exposição que decorre no Centro de Artes Contemporâneas que tem escancarado as suas portas à comunidade, acolhendo eventos diversos que desempenham um papel vital e multifacetado na promoção, desenvolvimento e democratização das artes contemporâneas. A sua actuação visível tem-se acentuado por diversas áreas, contribuindo significativamente para a cultura, a educação e a coesão social desta ilha. O Arquipélago, agora sob a batuta de Ricardo Esperanço, tem sabido ser uma instituição dinâmica tão necessária e crucial para a promoção das artes, na cidade da Ribeira Grande, e que se tem estendido à ilha e ao arquipélago.
“…foram falar com ele e contou a 1ª aparição da Besuga. Em um dia ensolarado, um barco de pescadores estava a pescar peixes e foi quando viram no mar o bicho que conseguiu soltar-se e ele atacou o barquinho e o destruiu. Após contar a 1ª aparição, os marinheiros portugueses interessaram-se pela história contada pelo velho pescador e queriam experimentar caçar o bicho que o velho disse que o nome dele era Besuga…”Até ao dia 28 de Julho, pode mergulhar nesta história e assim poder cheirar o odor especial, que alguns falam do salitre e que tem uma cauda de peixe, é determinada, misteriosa e única, graças à criatividade e ao talento de Andrea Santolya.

António Pedro Costa

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