Foi com surpresa que li neste nosso Correio dos Açores que a comunidade açoriana de Rhode Island nos Estados Unidos da América tinha pedido ao empresário David Neeleman para que a sua empresa, a BREEZE AIRWAYS, iniciasse voos directos para os Açores, a partir do aeroporto T.F. Greene em Rhode Island.
Esta notícia não teria qualquer interesse se a nossa SATA não tivesse anunciado há poucos dias que, já a partir do próximo mês de Junho, iria voar do Porto para Boston, New York e Toronto, se não me falha a memória.
Ora, se a SATA entende que, para rentabilizar a sua frota deve operar a partir do Porto, é lógico pensar-se que ela não tem mercado suficiente para os E.U.A. a partir dos Açores.
Para quem já não se lembre, convém recordar que a Azores Airlines foi criada, após a malograda experiência da pioneira Luso Air de saudosa memória, bem como de outras iniciativas que se lhe seguiram com outras empresas. Porém, todas elas tendo sempre como objectivo principal o estabelecimento de ligações aéreas regulares com as nossas comunidades do chamado novo mundo.
Tendo o pedido que acima referi sido feito por pessoa ligada às viagens e turismo e seguindo este raciocínio, há aqui qualquer coisa de eu não entendo e que é: – no caso do senhor Neeleman aceitar a sugestão do senhor José Ávila para a sua companhia voar de Rhode Island directamente para os Açores é porque há mercado para encher os aviões da BREEZE AIRWAYS.
Logo, se há mercado, porque é que não escolhem a SATA para vir aos Açores? Será para castigar a nossa companhia pelos altos preços praticados, mesmo com reservas antecipadas de vários meses? Ou será pelo tratamento, por vezes pouco simpático, na assistência em terra?
Convém aqui não esquecer que o senhor David Neeleman não é propriamente um mecenas, a avaliar pelo comportamento dele enquanto societário e CEO da TAP que, ao ser “despedido” da companhia de bandeira de Portugal exigiu, e muito bem, uma indemnização ao governo português de largos milhões de euros.
Se a BREEZE AIRWAYS vier para os Açores em voos regulares, será o mesmo que dizer que a SATA não fez o que deveria ter feito, nomeadamente e sem subserviências, num tratamento simpático para com os seus passageiros, tanto em terra como no ar.
Como todos sabemos, a nossa companhia aérea tem sido “um poço sem fundo” em matéria de prejuízos. Entra administração, sai administração e os resultados são sempre negativos em largos milhões de euros.
Há quem diga que as despesas com o pessoal são a principal razão para a precária situação financeira da empresa. Evidentemente que os sindicatos dizem não ser verdade; porém, e baseando o meu raciocínio em informações obtidas, quem tiver possibilidade de examinar os contratos de trabalho vigentes, especialmente o do pessoal de vôo, verificará que lá existem benesses que são “únicas” e custam “engolir”.
Para piorar as coisas, a conta corrente da SATA com o seu único dono, apresenta um saldo a seu favor de largos milhões de euros. Isto porque o Governo Regional não cumpre com as suas obrigações fazendo os pagamentos em tempo útil evitando assim que a companhia a recorra à banca para satisfação de compromissos.
Independentemente do que vier a acontecer nesta história, só desejo que não venha prejudicar, ainda mais, a nossa SATA.
Para bem de nós todos!
P.S. Texto escrito pela antiga
grafia.
26MAIO2024
Por: Carlos Rezendes Cabral