O Vice-Presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, alertou ontem, na Base das Lajes, que Portugal tem de recuperar a sua “vocação atlântica” e sensibilizar a Europa para a sua “dimensão marítima”.
“Enquanto país temos o dever de recuperar a nossa vocação atlântica, sensibilizando a Europa para a nossa dimensão marítima e não só para a dimensão continental”, referiu.
Para Artur Lima, dada a “continentalização europeia e o alargamento a leste”, Portugal tem “perdido a sua vocação atlântica”, daí que seja tempo de o país e a Europa “agarrarem a oportunidade que o Atlântico representa” e “ultrapassarem este efeito perverso da integração europeia”.
“E fazê-lo implica, em primeiro lugar, definir uma visão estratégica para este espaço geográfico que liga as Américas à Europa”, defendeu.
“Implica ocupá-lo [Atlântico] com mais inteligência, sabedoria e ambição para aproveitar as potencialidades e os recursos que este oceano tem e para preservá-lo como espaço de cooperação e segurança”, prosseguiu.
Artur Lima falava ontem na sessão de abertura do IV Curso de Segurança Marítima do Centro do Atlântico (Atlantic Centre), que decorreu na Base das Lajes.
De acordo com o governante, “qualquer estratégia para o Atlântico só faz sentido com uma valorização específica e reflectida do arquipélago dos Açores”.
Na ocasião, o Vice-Presidente do Governo lembrou que é com os Açores que Portugal “consegue ter uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas (ZEE) do mundo” ou que o país e a Europa conseguem “dispor de um dispositivo de controlo e segurança marítima no espaço euro-atlântico”.
Considerando o Centro do Atlântico uma “boa iniciativa” para “revalorizar o Atlântico”, Artur Lima realçou que este é um “ponto de partida” para o “trabalho de repensar a projecção de Portugal enquanto país desta região geopolítica mundial”.
O IV Curso de Segurança Marítima do Centro do Atlântico decorre até 31 de Maio, na Base das Lajes, subordinado ao tema da “Pesca ilegal, não declarada e não regulamentada no Atlântico”.
O curso conta com a participação de especialistas e auditores de países e organizações ligadas à segurança marítima e à regulação e controle das pescas, de toda a bacia atlântica.
Com uma adesão superior às edições anteriores, participam este ano 42 auditores e 21 oradores.