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Petição que reivindica o regresso à utilização de manuais em papel vai ser entregue na Assembleia Legislativa dos Açores

A petição, com 2,254 assinaturas, intitulada “Pelo regresso à Utilização dos Manuais em Papel e Utilização dos Tablets e Computadores como Recurso de Apoio” será entregue na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores próxima Sexta-feira, dia 31 de Maio.
A iniciativa promovida por um grupo de pais e encarregados de educação da Escola Básica Integrada Roberto Ivens pede a reavaliação da “actual estratégia de digitalização dos recursos educativos nas escolas açorianas, fundamentada em preocupações e experiências observadas por alunos, pais e professores”. No cerne destas preocupações está a utilização do tablet como única opção didáctica em sala de aula.
Em nota de imprensa explicam: “Não defendemos que se elimine uma opção em detrimento de outra, mas sim garantir a convivência de ambas, permitindo uma transição segura para todos os intervenientes (alunos, docentes e famílias) e acautelando que as novas ferramentas tecnológicas são verdadeiramente mais eficientes que os métodos actuais.”
O ponto de partida desta petição foi um inquérito informal, com a duração de um ano, a alunos, pais e professores de uma turma de 6º ano da Escola Roberto Ivens. O inquérito acabou por concluir que maioria dos alunos preferiam abandonar o uso de tablet em sala de aula, pois consideram este recurso “uma distracção” e muitos admitem usar tablet para jogar em horário lectivo. E reportam que o uso prolongado destes equipamentos leva ao “surgimento de dores de cabeça e alguns problemas de visão”. Para além disso, o equipamento “é muitas vezes lento e nem sempre carrega bem, apresenta problemas técnicos ocasionalmente, sendo necessária a intervenção do técnico de informática, perdendo-se tempo na aprendizagem das disciplinas”, adiantaram.
Para além da problemática inerente ao tablet ficar sem bateria durante o período lectivo, o grupo de pais/ encarregados de educação da Escola Roberto Ivens, aponta para dificuldade manifestada pelos alunos em “escrever as respostas às fichas de trabalho online, uma vez que têm de consultar o manual em simultâneo”. Para além disso, apresentam um “manifesto receio de que os alunos desenvolvam uma maior dependência dos meios informáticos”. E prosseguem alertando para a possibilidade de os alunos “acederem a conteúdos impróprios” e para o facto deste método constituir mais um “foco de indisciplina, devido à dificuldade em captar a atenção dos alunos; possíveis problemas de concentração resultantes da hiperestimulação associadas ao uso destes dispositivos”;
Para além disso, consideram que as crianças com necessidades educativas e algumas famílias não sabem usar estes equipamentos. Por fim, os pais/ encarregados de educação apontam a questão económica associada a eventuais avarias que terão de ser suportadas pelas famílias.
Como forma de “reflexão” para o futuro, os pais/encarregados de educação também apontam para a forma como se procedeu à entrega dos tablets. Como afirmam, “não houve nenhuma sessão de informação aos pais sobre a implementação do uso do equipamento e as consequências que os alunos teriam se não aderissem a este recurso. Também, na assinatura do contrato, não havia informação sobre os preços do equipamento e das avarias, sujeitando-se, os pais, a assinar um documento em que eram responsáveis por um valor que desconheciam, e, se isto é um problema para qualquer agregado familiar, para os mais desfavorecidos pode ser uma verdadeira preocupação”.
Neste comunicado usam o exemplo da Suécia para ilustrar a necessidade de reverter a utilização de manuais digitais de forma mandatória em todas as suas escolas: “A digitalização dos manuais já foi feita noutros países, nomeadamente a Suécia, que implementou esta medida em 2013, e anunciou em 2023 que iria recuar, após alguns anos sucessivos de resultados menos bons nos testes PISA, sendo que no início do século, junto com os seus vizinhos nórdicos, eram considerados o referencial europeu nestes mesmos testes”. Por fim, reiteram que “entre os encarregados de educação há uma forte oposição ao uso dos tablets como principal recurso didáctico de acesso aos conteúdos, mas concordam com a possibilidade de serem usados como um apoio à aprendizagem em papel.”

D.C.

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