Iniciou-se ontem no Tribunal de Ponta Delgada o julgamento de um homem, de 49 anos, residente no concelho da Ribeira Grande, acusado de crimes de furto, ameaça agravada e violência após a subtracção. Pende, ainda, sobre o arguido um pedido de indemnização civil. Os factos de que é acusado ocorreram entre Outubro e Novembro de 2023.
De acordo com a acusação do Ministério Público, no dia 21 de Novembro de 2023, pelas 18h35, o arguido terá entrado nas instalações de um estabelecimento comercial em Ponta Delgada, dirigindo-se às prateleiras com conjuntos de roupa interior, com o intuito de se apropriar de alguns bens. Ao aperceber-se da situação, a funcionária terá abordado o suspeito pedindo-lhe que saísse, uma vez que já tinha sido proibido de entrar naquele estabelecimento por razões de segurança. Porém, o homem terá ignorado o pedido da funcionária e continuado a deambular pela loja. Entretanto, ao notar que os bolsos do casaco do acusado estavam cheios, outro funcionário ter-se-á aproximado do arguido, tentando ver se ele tinha algo dentro das algibeiras, altura em que o arguido terá empunhado uma navalha na direcção dos colaboradores da loja. De seguida, o suspeito terá feito um gesto com as mãos para a funcionária de que a tinha controlada e terá proferido ameaças a ambos: “vou esperar por vocês, às 20h00 estou cá fora.”
O acusado, após ouvir os factos sobre ele imputados, optou por prestar declarações em Tribunal acerca deste incidente em particular. Começou por dizer que “estava fora de si”, “estava bêbedo” e confessou que “queria as coisas para vender, para beber uns copos.” Afirmou, ainda, não se lembrar de grande parte dos factos por estar embriagado e que na altura vivia na rua.
No mesmo dia, umas horas antes, pelas 13h20, o homem terá furtado uma garrafa de vinho de outro estabelecimento comercial da cidade de Ponta Delgada, ocultando-a nas calças. A funcionária terá abordado o arguido, pedindo-lhe que devolvesse a garrafa mas o suspeito terá ignorado o seu pedido e continuado em direcção à porta.
Após uma segunda abordagem, o suspeito, empunhando uma navalha com 15 centímetros de comprimento, tê-la-á apontado à figura da funcionária, fazendo com que ela “temesse pela sua vida”. A acusação refere que o arguido ainda foi perseguido por um cliente já no exterior do estabelecimento comercial, que igualmente ameaçou com a navalha, fazendo com que o homem receasse pela sua integridade física.
Outro episódio relatado pelo Ministério Público teve lugar no dia 7 de Outubro de 2023, pelas 22h15, ocasião em que o suspeito terá saltado as cancelas de uma grande superfície comercial em Ponta Delgada e furtado duas garrafas de whisky no valor de 40 euros, ocultando-as na roupa que vestia. Para sair, o suspeito terá voltado a saltar as barreiras de segurança, tendo sido perseguido pelo funcionário do caixa e pelo segurança. Quando foi interceptado, terá ameaçado os dois homens: “vocês vão pagar por isso, vou esperar por vocês cá fora.”
Segundo o Ministério Público, o arguido agiu de modo livre, voluntário e consciente, sabendo que os bens não lhe pertenciam.
No decorrer da sessão, o arguido foi retirado da sala de audiências para que três das testemunhas prestassem o seu depoimento, uma vez que temiam represálias no futuro. Uma das testemunhas, ouvida ontem em Tribunal, com lágrimas nos olhos, revelou ainda recear que o arguido a persiga e confessou que mudou de trabalho devido ao ocorrido.
O arguido encontra-se em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada a aguardar julgamento.
C.P.