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“A série Açores acaba por ser uma barreira para a evolução do atleta açoriano de futsal”, afirma Cláudio Aguiar dos ‘Biscoitos’

Que balanço faz da época?
O balanço que fazemos no final de toda a época desportiva é muito positivo, pois ganhar três das quatro que participamos no escalão sénior é sem sombra de dúvida uma boa prestação e está a vista de toda a população os resultados obtidos, quer nos sénior quer na formação, pois mesmo não conseguindo angariar títulos na formação, foi conseguido o objectivo que vai de encontro ao projecto da Direcção, que passa acima de tudo por educar e introduzir os valores da sociedade, formando atletas e homens para um futuro.

Venceram três dos quatro troféus que disputaram. Poderiam ter feito o pleno de troféus?
Sim, tenho a plena convicção que podia ter acontecido, até porque marcamos presença na final e numa final sabem como é, são sempre 50/50 para cada lado. Mas após um bom jogo de futsal, bem disputado por ambas equipas, fomos nós que no final cometemos mais erros e por isso não fomos felizes

O que falhou para subirem de divisão?
Sinceramente, acho que no geral o que acabou por falhar foi a diferença de exigência e ritmo competitivo, pois é perfeitamente notório a diferença da exigência e competitividade que os jogadores das séries nacionais têm, comparativamente aos jogadores da série Açores, até porque as séries nacionais são compostas por 12 equipas, que contempla sete meses competição, ao passo que a série Açores são só 8 equipas, em que só existe cinco meses de competição. Ora, no final de um campeonato as séries nacionais acabam por fazer mais 8 jogos do que aqueles que são feitos numa série Açores, aliás só estes 8 jogos representam mais de metade de todo o campeonato da série Açores. Dá para reflectir sobre isso, não?

O campeão da Série Açores de futsal deveria subir directamente de divisão?
Sinceramente, na minha opinião, a série Açores, nestes moldes, acaba por ser uma barreira para a evolução do atleta açoriano. Aliás esta é a nossa opinião não só de agora mas há muito que a defendemos, pois já no passado, mais precisamente em Abril de 2022, estivemos presentes numa reunião na Associação Futebol Angra do Heroísmo, para discutir uma possível extinção/reestruturação da série Açores e após muitos pré anúncios de vários clubes que esse seria o caminho, mas no final depois de perceberem que os clubes não teriam lucros com isso mas sim quem ganharia seria a modalidade e os atletas através do desenvolvimento desportivo, no final o Grupo Desportivo dos Biscoitos foi o único clube que votou favoravelmente, para bem dum colectivo. Uma vez que, o que nos faz estar no desporto não é para passar tempo e olhar só para o nosso umbigo, mas sim porque queremos que os atletas regionais cresçam e evoluem para que lhes sejam abertas outras portas e de preferência que consigam ingressar na alta competição, pelo que na nossa opinião as equipas açorianas deveriam estar integradas numa série nacional, para obter um maior grau de exigência e desenvolvimento. Mas sobre se deveria subir directo, nos moldes actuais, claro que sim, até achamos que não o sendo acaba por ser uma perfeita injustiça e uma violação ao princípio de igualdade estipulado na constituição da República portuguesa, violação essa, que é feita em razão da localização onde residimos, derivado há descontinuação territorial.

Quais são as expectativas do Grupo Desportivo dos Biscoitos para a nova época?
Apesar de termos ganho a série Açores na última época e uma vez que nos foi negado a subida directa como seria justo, vamos voltar ao trabalho com as expectativas idênticas a qualquer outro clube, formar o melhor grupo de trabalho possível e trabalhar jogo a jogo para conseguir obter sempre os melhores resultados, quer seja nas competições de ilha, nas competições regionais ou nas nacionais.

Iremos ver mais jovens, oriundos da formação, na equipe sénior?
Essa é claramente a nossa pretensão, exemplo disso é o facto de sermos certificados pela Federação Portuguesa de Futebol como entidade formadora de 3 estrelas de uma forma consecutiva, mas estamos claramente cientes da enorme dificuldade que tem a ver com a lacuna da quantidade de atletas nos escalões de juniores, pois é neste escalão que muitos atletas abandonam a região para completar os estudos nas universidades, pelo que não se consegue ingressar tantos quantos desejaríamos, mas tentamos ingressar sempre e exemplo disso foi os 3 jovens que este ano tivemos no plantel, sendo um júnior e dois juvenis, em que tiveram a frieza de assumirem um compromisso que é sem dúvida exigente e com um grande grau de dificuldade. Mas só com esta introdução destes atletas fora da sua zona de conforto e com um maior grau de dificuldade e de exigência é que esses atletas conseguiram evoluir.
Que alterações irão ocorrer na equipa?
Isto ainda é um pouco cedo para mencionar qual vai ser o grupo de atletas que vai abordar a próxima época, mas claramente que queremos garantir a continuidade dos que já nos representam, existindo mesmo um lema que é referido muitas vezes por um dos pilares deste grupo de trabalho que é: “o melhor reforço é sempre garantir que os nossos atletas nos continuam a acompanhar e todos o que vierem depois são bem-vindos “e é nesse sentido que vamos tentar reforçar com mais alguns atletas que achamos que tem competência para o grau de exigência e que possam colmatar algumas falhas ou vagas que possam acontecer em certas posições.

O plantel é composto, maioritariamente, por jogadores terceirenses…
Eu não sei se será este o segredo, mas é claramente essa a nossa pretensão, pois o atleta açoriano tem tanta ou mais capacidade que qualquer outro atleta de outra parte do mundo, por isso eu lhes digo muita vez “nós nascemos com dois braços duas pernas uma cabeça e um tronco igual a qualquer outro atleta no mundo, portanto se eles conseguem chegar à alta competição, nós com trabalho, esforço e dedicação também o conseguimos”, portanto esta é a nossa linha de trabalho, claro que não excluímos trabalhar qualquer atleta, independente da sua raça ou origem, mas o Grupo Desportivo dos Biscoitos teria muito orgulho de um dia ver um açoriano a jogar na alta competição do futsal.

A quatro jornadas do fim do campeonato encontravam-se a nove pontos de distância da vila de São Sebastião. Acreditava que ia ser campeão?
O Grupo Desportivo dos Biscoitos, de alguns anos a esta parte, tenta sempre construir uma equipa competitiva com o objectivo de vencer a série Açores e este ano não foi excepção. Mas a verdade é que nós não tivemos o melhor início de campeonato e entre o nervosismo do início da prova, castigos e erros de arbitragens que nos foram prejudiciais perdemos três dos primeiros cinco jogos disputados e num campeonato tão curto isso paga-se caro, mas após todos estes contratempos o grupo uniu-se e foi atrás do objectivo, mas sinceramente, a quatro jornadas do fim pensei que seria muito difícil, para não dizer quase impossível.

Até onde este grupo pode chegar?
As nossas pretensões passam por estar sempre nos lugares desportivos das decisões, mas isso deve-se muito em parte á perseverança da nossa estrutura, uma vez que os apoios governativos, as condições e os locais que nos fornecem para podermos desempenhar as nossas actividades são muito débeis. E é neste sentido que continuamos ano, após ano a aguardar por uma “suposta” promessa da construção de um “suposto” pavilhão na zona norte da ilha, com as medidas oficiais e as condições adequadas para o desenvolvimento da prática desportiva federada, uma vez que nos transmitiram aquando a sua anunciação em manifestos de eleições, que seria meritório e necessário, uma vez que toda a área territorial do norte da ilha Terceira é desprovida de um pavilhão com condições oficiais para a prática desportiva. Ora é verdade que a necessidade do mesmo é constante e foi mais uma vez bem esplanada no final de Abril, em que a Terceira recebeu o regional sénior da modalidade de andebol e o Grupo Desportivo dos Biscoitos, que é o clube que promove esta modalidade não disputa um único jogo em casa, pela falta das medidas regulamentares. Contudo temos todo o gosto que os mais de 180 atletas que nos representam, distribuídos pelas duas modalidades de pavilhão obtenham sempre os melhores resultados possíveis, mas com essa falta de interesse e obstáculos criados pelos nossos consecutivos governantes na resolução do nosso problema torna-se difícil a evolução dos nossos atletas e até muito sinceramente se o problema for para persistir por muito mais tempo até colocará em causa a continuidade da existência do clube, o que será uma pena e ao mesmo tempo grave, pois se acontecer fecha-se o único clube que resta na zona norte e, assim sendo, seguramente no futuro existirão graves problemas com as nossas crianças, tanto a nível de obesidade infantil, saúde mental e até problemas sociais em toda esta zona norte da ilha, uma vez que é esta a nossa zona de recrutamento.

Que mensagem quer deixar?
Em primeiro lugar, quero deixar uma palavra de agradecimento a todos os elementos que compõe a Direcção do Grupo Desportivo dos Biscoitos, bem como a todos os directores e equipas técnicas, porque sem o trabalho de cada um deles para no final formarmos um todo nada disto seria possível. De seguida gostaria de pedir a população em geral, mas principalmente aos nossos governantes para olharem para as instituições desportivas de uma forma diferente, principalmente para aquelas que como nós trabalham sem cobrar nada aos seus atletas, sendo totalmente amadoras. Estes clubes não devem ser vistos como meras equipas que se cingem as competições desportivas, uma vez que fazem um trabalho constante, incansável e invisível junto das crianças e jovens, quer na ocupação dos jovens de forma a que se desviem dos maus caminhos e sigam caminhos lícitos…

F.F.

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