Foi daquela forma que Ricardo Botelho terminou a declaração à comunicação social logo após o terceiro jogo de apuramento do campeão da Liga Feminina de basquetebol, realizado em Ponta Delgada a 5 de Maio, e que conferiu o título ao Benfica.
O experiente treinador do Clube União Sportiva estava abatido por ter estado tão próximo de conquistar uma das quatro provas do calendário de basquetebol feminino desta época.
Nas taças de Portugal, Vitor Hugo e Federação foi eliminado nas meias-finais. No campeonato, após ter terminado em primeiro lugar a fase regular, com 19 vitórias e 3 derrotas e com o melhor saldo entre os pontos ganhos e sofridos (+320), perdeu na final ante o Benfica, que se reforçou em Janeiro depois de um começo com derrotas inesperadas.
Em dois dos três jogos da final houve equilíbrio como atestam os resultados de 55-53 para o Benfica, em Ponta Delgada, e de 56-55 para o União, em Lisboa. No jogo de desempate, de novo em Ponta Delgada, o Benfica foi melhor, ganhando por 67-51.
Com uma equipa competitiva dentro das possibilidades financeiras do clube, perder a possibilidade de estar em três finais e sair derrotada na decisão do campeonato, onde o União Sportiva foi campeão em 2014/15; 2015/16 e 2017/18, não deixa de ser frustrante e um fracasso no entender de Ricardo Botelho.
Mais a frio e em entrevista concedida ao Açoriano Oriental, Ricardo Botelho considerou ter sido “uma época com muita qualidade, muito trabalho, bom basquetebol, mas, nos momentos de decisão, a equipa não conseguiu ser eficaz”. Resumiu o que penso sobre a carreira da equipa nesta época. Acrescento as lesões em jogadoras influentes nos períodos decisivos, limitando o número de treinos semanais.
Esta foi a terceira final do campeonato perdida para o Benfica, cuja capacidade financeira permite-lhe ter equipas fortes, retirando capacidades aos melhores opositores.
Por outro lado, percebo o desencanto de Ricardo Botelho, porque a equipa não ganha desde 2018/19 (vitórias nas taças Vitor Hugo e Federação) quaisquer uma das quatro provas nacionais.
Não defendo a realização de “play offs” para apurar os campeões de qualquer modalidade. Os campeonatos são provas de regularidade. As equipas que concluem os 20 ou 30 jogos em primeiro não se podem sujeitar a terem de jogar novamente para serem as vencedoras. Em dois ou três jogos, derivado de vários factores, perdem em 15 dias o que conquistaram com mérito durante cerca de 8 meses.
Se nesta época foi o União Sportiva o prejudicado, também já beneficiou. Em 2014/15, era o campeão encontrado numa fase concentrada com as quatro equipas qualificadas na eliminatória (4.ºs de final) após a fase regular. O clube micaelense atingiu o título sem ter sido primeiro quando todos jogaram com todos. Para a eliminatória e fase final, realizada em Ponta Delgada, repescou a norte americana Jhasmim Player, que em cinco jogos apontou 122 pontos, com a média de 37 pontos por jogo.
CAJU
A 27 de maio do ano passado o alarme soou com o acidente do jogador brasileiro de 25 anos de idade Tiago Cajueiro (Caju), no jogo que a equipa que representava, o Desportivo Luzense, da ilha Graciosa, disputava na ilha de São Jorge com o FC Urzelinense. Estava em causa o título de campeão da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo. Na disputa de um lance com um adversário, perto da linha lateral, foi projectado embatendo com a nuca na vedação do campo.
O estado clínico era tão grave que após ter passado pelo Centro de Saúde das Velas, foi, horas depois, evacuado, via aérea, para o hospital de Ponta Delgada com prognóstico muito complicado.
Sujeito a várias intervenções cirúrgicas, com altos e baixos, sobreviveu. Um trabalho de superação de uma vasta equipa médica do hospital de Ponta Delgada permitiu que Caju continue vivo e autónomo, embora com limitações.
O meu reconhecimento a toda a equipa clínica que, aliada à competência, não poupou esforços para operar uma reviravolta que chegou a ser impensável.
Tendo acompanhado de perto o período em que esteve hospitalizado na ilha de São Miguel, pretendi saber qual o estado do ex-atleta do clube da freguesia da Luz passado que foi um ano.
Os vários contactos para o pai foram infrutíferos. Soube que Caju regressou ao Brasil onde continuou a recuperação e que ainda este mês vai voltar à ilha Graciosa onde tenciona trabalhar e viver.
Sobre o regresso ao futebol é uma incógnita. O mais importante é que Tiago Cajueiro, depois de um quadro negro, está vivo e dispensa ajuda no dia-a-dia.
Uma vasta onda de solidariedade permitiu que o pai viajasse do Brasil, acompanhando-o diariamente. Foi um suporte fundamental. As verbas angariadas foram igualmente empregues em alguns tratamentos que teve de efectuar.
MULTA POR INSULTOS
A um espectador da ilha de São Miguel, resultante de um processo sumaríssimo instaurado pela Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD), foi um dos 108 processos decididos no primeiro trimestre de 2024.
O espectador ao jogo de futebol de sub 15 (iniciados), a contar para a Taça Medeiros Ferreira, realizado em Janeiro no campo João Gualberto, na Lagoa, ofendeu um elemento participante no encontro. Identificado pela PSP o processo foi enviado para a APCVD que a 23 de Fevereiro aplicou ao assistente uma multa de 120€.
Em relação aos Açores houve um segundo processo. Envolveu o Lusitânia, resultando numa multa de 375€.
A causa foi de o bar no estádio João Paulo II não ter vendido as bebidas alcoólicas em recipientes de material leve e não contundente. Aconteceu no jogo da Taça de Portugal de futebol, realizado em Angra do Heroísmo, a 20 de Outubro de 2023, com o Benfica.
Entre 1 de Janeiro e 31 de Março, a APCVD contabiliza 463 decisões proferidas: 227 decisões condenatórias (67 definitivas por já esgotarem a possibilidade de recurso), 133 foram arquivadas e 103 foram remetidas ao Ministério Público por haver ilícitos criminais. Naquele mesmo período, 95 adeptos ficaram impedidos de aceder a recintos desportivos.
Um registo nada abonatório para três meses de jogos de algumas modalidades.
Em 2023, a APCVD sancionou 24 clubes, associações e indivíduos singulares dos Açores. A maioria (21) dos casos ocorreu em jogos de futebol, divididos pelos campeonatos de ilha, dos Açores e da I Liga. A multa mais pesada foi de 1 500€ para uma incorrecção de um espectador no campeonato de S. Miguel. Foram registadas quatro multas de 1 000€ por insultos racistas, arremesso de objectos e por introdução nos recintos de engenhos de pirotecnia.
O voleibol teve dois casos e o futsal um.
Em Abril dois indivíduos do Pico foram admoestados por incorrecção num jogo da série Açores da Terceira Divisão nacional de futsal, realizado em Fevereiro na vila das Lajes.
José Silva