As eleições europeias estão à porta e a campanha entrou na sua última semana, em que os temas europeus têm passado para segundo plano, muitos preferindo que elas constituam a segunda volta das eleições legislativas. Era inevitável que chegássemos à campanha e que os temas europeus tivessem menos interesse para a população, mas tal não poderia levar a que os partidos procurassem nacionalizar até à exaustão o debate nas ruas e nas televisões.
Em Portugal, o cenário está a ser muito renhido entre o Partido Social Democrata e o Partido Socialista. De acordo com as sondagens recentes, muitas delas com resultados contraditórios, o PSD lidera ligeiramente com 31% das intenções de voto, enquanto o PS aparece com 29,6%. Tal significa que ambos os partidos devem eleger o mesmo número de eurodeputados, oito cada um, o que representa um ganho de dois mandatos para o PSD e uma perda de um para o PS em comparação com as eleições de 2019.
O Chega está projetado para ser a terceira força política, com 14,2% dos votos, garantindo três assentos no Parlamento Europeu pela primeira vez, o que constitui para todos os efeitos um facto considerável, que vai a reboque de uma tendência europeia. A Iniciativa Liberal também deve estrear-se no Parlamento Europeu, com 4,5% das intenções de voto, resultando em um mandato.
Em contrapartida, os partidos da esquerda radical, como é o caso do Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, mostram uma tendência de queda, com o Bloco de Esquerda a eleger apenas um eurodeputado e os comunistas ficando mesmo fora do mapa político europeu nesta eleição.
Estas eleições têm um impacto significativo na política interna portuguesa, e estão a influenciar a dinâmica dos partidos políticos quanto a perceção pública sobre a liderança nacional do Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, que subiu vertiginosamente na apreciação positiva dos portugueses, sendo mesmo o político dentro de portas com maior visibilidade.
Por isso mesmo, os resultados positivos podem fortalecer a posição de partidos políticos dentro do país, em que por exemplo, uma vitória do PSD nas eleições europeias pode consolidar a sua liderança e proporcionar uma maior influência após as eleições legislativas nacionais. Da mesma forma, um desempenho fraco do PS pode ser interpretado como uma perda de confiança do eleitorado, afetando a sua posição como maior Partido da Oposição.
O resultado das europeias também terá um impacto na perceção internacional de Portugal, pois uma representação significativa de partidos de extrema-direita pode alterar a forma como Portugal é visto na União Europeia e no cenário internacional.
Por isso, tem havido uma preocupação nesta campanha eleitoral com o objetivo de incentivar a participação dos eleitores, com vista a aumentar a conscientização política e a mobilização em relação a questões internas e europeias. Tendencialmente, uma grande parte dos eleitores desvaloriza estas eleições e deixam de ir votar, mas um alto nível de participação poderia legitimar o processo democrático e fortalecer a representação política.
Os impactos nestas eleições europeias não são apenas um reflexo das preferências eleitorais em relação à União Europeia, mas também um indicador importante das tendências da política interna portuguesa, pelo que a AD tem necessidade de, como pão para a boca, vencer no próximo domingo e assim, dar-lhe mais força para os próximos tempos que não se anteveem fáceis para a Aliança Democrática.
O dia 16 de julho será a data oficial de início da nova legislatura, que arranca com a primeira sessão plenária do novo Parlamento Europeu, que terá de decidir o que fazer com os dossiês que não foram concluídos antes das eleições, entre os quais se encontram temas como: o combate à corrupção, as regras de responsabilidade civil extracontratual adequadas à inteligência artificial, a luta contra o abuso e a exploração sexual de crianças, a proteção de animais durante o seu transporte, ao transporte de animais e o bem-estar dos cães e dos gatos e a sua rastreabilidade.
Vamos esperar pelo próximo domingo para sabermos se os Açores terão 1 ou 2 deputados europeus e isto fará toda a diferença, porquanto o resultado exigirá um ajuste de contas entre o governo regional e o governo de Luís Montenegro, que juro a pé juntos que estaria sempre ao lado da Região.
António Pedro Costa