Por mais que se diga e repita que cada acto eleitoral tem um conteúdo e uma finalidade própria, que não permite tirar conclusões de natureza geral, a realidade é que todas as eleições, sejam elas autárquicas, regionais, nacionais ou, como no caso presente, europeias, funcionam como verdadeiras sondagens ao sentir do Povo e por isso o resultado delas se reflecte sobre a situação política, nos seus diferentes níveis.
É por isso que os Líderes partidários não deixam os cabeças de lista fazer campanha sozinhos, a não ser que tenham para isso especiais razões, antes aparecem sempre ao lado deles e até, nos casos mais extremos e talvez um tanto ou quanto ridículos, os fazem desaparecer da cena, fazendo incidir os holofotes da sempre presente Comunicação Social exclusivamente sobre as suas pessoas e os seus discursos.
Não é isso, felizmente, o que se está passando nas nossas Ilhas! Mas temos visto José Manuel Bolieiro frequentemente junto do candidato da sua escolha, Paulo Nascimento Cabral, apelando ao voto na lista em que está integrado e encarecendo, muito merecidamente, diga-se em abono da verdade, os respectivos créditos como conhecedor experiente do funcionamento das instituições europeias e dos métodos práticos de as fazer funcionar em benefício dos Açores e dos interesses do Povo Açoriano.
Na realidade, Paulo Nascimento Cabral até é o candidato mais qualificado da lista da AD e devemos louvar que tenha aceite ir em sétimo lugar, atrás de outros, que nunca demonstraram qualquer aptidão para o cargo pretendido, numa atitude de serviço aos Açores. O elogio vai também para José Manuel Bolieiro e para a sua consabida paciência, na expectativa de uma vitória da AD que permita eleger também o nosso candidato. Duvido é que a meta apontada pelo arrivista cabeça de lista da AD, num espasmo de narcisismo - 29%,um ponto acima da sua juvenil idade... - dê para isso, mas enfim tudo permanece em aberto até à contagem dos votos.
Bolieiro faz muito bem em apelar ao voto dos Açorianos, porque convém muito que a actual solução governativa regional seja confirmada nas urnas outra vez e sempre, enquanto durar. Os cidadãos e as cidadãs que deram a vitória à AD nas ainda bem recentes eleições regionais só têm razões para comparecerem nas mesas de voto e exprimirem da mesma maneira a sua decisão! Não vale argumentar que estão cansados de tantas vezes serem chamados a votar, menos ainda que é véspera de feriado e há que aproveitá-lo... O sentido de responsabilidade cívica tem de funcionar e impelir todos para o cumprimento do seu dever!
Recordo que era assim que se trabalhava nos tempos já recuados em que tive responsabilidades de liderança política na nossa Região Autónoma. Se havia uma eleição, qualquer que ela fosse, o caminho certo era mobilizar o PSD/Açores, os seus militantes, simpatizantes e eleitores para irem votar. Algumas vezes até aos “antipatizantes” se apelava e talvez estejamos de novo perante um caso desses, sendo certo que o candidato socialista tem a eleição garantida e conviria muito que os Açores voltassem a ter dois representantes no Parlamento Europeu... Por isso havia sempre vitórias eleitorais e a abstenção era relativamente baixa, nunca atingindo os valores vergonhosos que mais recentemente se têm verificado, em boa parte devido à decisão irreflectida de algum bem pensante de inscrever oficiosamente nos cadernos eleitorais todos os residentes, mesmo os que de facto cá não residem, levando a que no conjunto da Região haja mais eleitores do que pessoas com idade de votar, o que é absurdo.
Mas não se pode ignorar que as eleições de Domingo próximo são europeias e deve nelas apurar-se o sentir dos eleitores sobre os rumos a seguir na União. O Projecto Europeu, de Paz, de Prosperidade, de Democracia e respeito dos Direitos Humanos, tem de continuar! Há certamente acertos a fazer na aplicação prática dos grandes princípios. Mas convém muito deixar claro que não se admite deixar cair a construção em curso e voltar para trás, ao tempo das guerras fratricidas e da total ausência de solidariedade.
A União Europeia atravessa um período difícil e tem no território do seu continente um adversário cruel e impiedoso, imbuído de fervor imperial e colonialista, que é a Rússia e o seu actual Ditador. A guerra de morte e destruição que está fazendo na Ucrânia merece e recebe universal repúdio! Os que estão do lado dele deviam tirar as consequências de tão tresloucada opção e sair pelo seu próprio pé da União, antes de serem dela expulsos, como aconteceu com a Rússia no Conselho da Europa, que assim se prestigiou como instituição farol da democracia e dos direitos humanos para todo o Mundo.
João Bosco Mota Amaral
(Por convicção pessoal, o Autor
não respeita o assim chamado
Acordo Ortográfico.)