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A mobilidade dos Açorianos não é luxo

De há uns anos a esta parte, os problemas estruturais nos Açores têm-se agravado.
A lista é enorme e a nenhum açoriano dá gosto escrever sobre esta. Uma lista, que salienta a nossa degradação, mais acentuada em São Miguel, mas que se alastra por todos os Açores.
A mobilidade é um dos pontos dessa lista. A mobilidade pode ou não ser uma condicionante da nossa natureza humana e cabe-nos, também, a par das políticas públicas, agir de forma a garanti-la.
Os transportes aéreos, estão a ser atacados, melhor dizendo, a nossa mobilidade, acessibilidades e bolso estão a ser atacados. Desde 29 de março de 2015 que o modelo de acessibilidades do Continente para os Açores foi alterado. Uma boa alteração. Porém, a forma de reembolso nunca foi a pensar nos Açorianos e passados 9 anos, com a experiência do custo deste modelo, não conseguem, os Governos da República e dos Açores, encontrar soluções equilibradas a favor dos Açorianos e não a favor da SATA, da TAP ou de agências de viagens (em particular aquelas que prevaricam o erário público, no fundo, todos nós).
Os nossos representantes na República deveriam assumir a defesa dos Açorianos e não a defesa do autor da proposta. Seja agora, como no passado. Se os deputados eleitos, os três, não se unirem na defesa do melhor modelo de subsídio social de mobilidade, os Açorianos perderão e cada eleito ficará preso no seu ego político e a servir o partido.
Necessitamos que a mobilidade e acessibilidades por parte dos Açorianos estejam garantidas por um valor fixo a pagar diretamente pelo residente. Os acertos entre Governos (quem tem a responsabilidade pública de garantir a mobilidade dos cidadãos e de definir instrumentos de regulação para combater a especulação) e companhias não deveriam ser encargo dos Açorianos.
Segundo o artigo do jornalista Nuno Martins Neves, do Açoriano Oriental, o subsídio social de mobilidade do Estado para as Regiões Autónomas, custou 489 M€ até 2022, sempre em crescente todos os anos, sem um único alerta ou ponto de ordem perante os responsáveis. Era útil saber o custo deste subsídio por Região, uma vez que a Madeira já tem um teto máximo de bilhete no valor de 400€ e se ocorreu limitação de acessibilidade por parte dos madeirenses nestes últimos anos. Este valor é pago com os nossos impostos, a que acresce o valor dos prejuízos anuais da SATA e TAP. Não são custos a mais suportados pelos cidadãos?
A SATA tem vindo a agravar sua situação. Sem conselho de administração desde abril; sem definição estratégica da empresa; com um concurso de privatização anulado e sem outro no horizonte; com uma operação de arranque de verão que está a ser um desastre-os relatórios e contas deste ano darão bem nota do descalabro financeiro que todos teremos que pagar. Que administração, de uma empresa com prejuízos em 2023 de 37.3 M€, acresce nova rotas com a frota existente, e para cumprir, à última hora, recorre à contratação de ACMI (Avião, Tripulação, Manutenção e Seguro). Já o fizemos no passado e o resultado é conhecido. Esteve o PS/Açores chamar o Governo à responsabilidade. Acabará o debate parlamentar, rasteiro a que estamos acostumados, com as culpas do passado e o presente sem solução? e sem a compreensão que a mobilidade dos Açorianos não é um luxo, mas sim uma necessidade.

Rua Manoel da Ponte e outras
Por muito que a sazonalidade nos custe, esta continua a existir. Nos meses de verão, a maioria dos micaelenses estão de férias e Ponta Delgada é visitada por milhares de turistas.
Iniciar obras no mês de junho numa rua movimentada como é a Manoel da Ponte, no centro histórico, é não ter qualquer sensibilidade pelos comerciantes, residentes e visitantes. Nesta rua temos restaurantes, barbeiro, sapataria, esteticista, polícia municipal, lojas de vestuário e mobiliário, prendas e uma Record Store e uma deliciosa gelataria, que durante o verão estas empresas terão os seus negócios reduzidos.
Uma intervenção que poderia realizar-se em outubro e concluída antes do natal.
Fica a eterna questão. O que move os decisores políticos com tamanha insensibilidade perante o comércio local?

Sónia Nicolau

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