O cálcio é um elemento indispensável ao nosso organismo, que se encontra maioritariamente nos ossos e nos dentes. Mas participa em muito mais do que isso, sendo essencial para a coagulação sanguínea, contração muscular e transmissão de impulsos nervosos.Uma situação de hipocalcémia, ou seja, um nível de cálcio demasiado baixo no sangue, e portanto nas nossas células, pode causar irritabilidade e ansiedade, convulsões, espasmos na laringe e nos brônquios, cãibras musculares e falência cardíaca. Entre as consequências da hipercalcémia, ou seja, um nível de cálcio sanguíneo acima do desejável, contam-se a dificuldade de concentração, a depressão, a confusão, fraqueza muscular, arritmias e bradicardia, confusão mental e coma, podendo chegar à morte.
É por isso que temos sistemas que permitem regular o nível de cálcio no sangue (calcémia) e nos ossos, e que a nossa saúde é afetada quando há alterações neste equilíbrio ou no nível total de cálcio do organismo. Chama-se a este fenómeno manter a homeostase do cálcio, estando também envolvidos nesta regulação os níveis de fosfato, outro importante componente do osso e do equilíbrio do nosso metabolismo.
A prioridade do nosso organismo é manter o nível de cálcio no sangue e nas células, estando esta regulação a cargo da calcitonina, da hormona paratiroide (PTH) e da vitamina D, como se pode ver na figura. Quando o nível de cálcio no sangue é demasiado alto, a tiroide liberta a hormona calcitonina, que estimula a deposição de cálcio nos ossos e reduz a sua captação nos rins, permitindo reduzir o nível de cálcio até ao normal. Pelo contrário, se o cálcio no sangue estiver demasiado baixo, as glândulas paratiroides libertam a hormonaparatiroide, que estimula a libertação de cálcio dos ossos, aumentam a sua captação nos rins e a sua absorção a nível intestinal, em conjunção com a forma ativa da vitamina D. Alterações na secreção destas hormonas, nomeadamente por doenças da tiroide e paratiroide, vão perturbar este equilíbrio, podendo ter consequências graves.
Durante o crescimento, a ingestão de cálcio tem de ser superior ao cálcio excretado nas fezes e na urina, porque os ossos, dentes e células estão em crescimento. O mesmo acontece numa mulher grávida, devido às grandes necessidades de cálcio do bebé em desenvolvimento.Num adulto, em princípio, há equilíbrio entre o cálcio que entra e o que é eliminado, a não ser que haja, por exemplo, a necessidade de reparar uma fratura óssea.A falta de vitamina D também pode resultar em níveis demasiado baixos de absorção intestinal de cálcio, mesmo que a ingestão na dieta seja aparentemente adequada –e a síntese da forma da vitamina D ativa está ligada à exposição da nossa pele ao sol, portanto é importante que haja uma exposição moderada aos raios solares.
Uma vez quea prioridade do organismo é manter o nível de cálcio, devido aos papéis cruciais que desempenha, em caso de hipocalcemia sustentada pode haver uma destruição de tecido ósseo demasiado extensa, resultando em osteoporose. Nesta doença o osso tem uma estrutura rendilhada e frágil, aumentando o risco de fraturas. A osteoporose também ocorre frequentemente a partir de uma certa idade, nomeadamente em mulheres pós-menopausa, uma vez que as hormonas sexuais estimulam o crescimento do osso e contrariam a sua degradação. O exercício físico moderado também contribui para manter a densidade óssea, mas numa pessoa que já tenha uma osteoporose significativa deve ser praticado com cuidado e seguindo os conselhos do médico assistente.
Quanto às fontes de cálcio da nossa dieta, apesar de sabermos que o leite e derivados são excelentes fontes deste mineral, é perfeitamente possível ter uma dieta vegana e ter cálcio suficiente, porque existe em muitos vegetais e sementes. Só é preciso ter alguma cautela porque alguns vegetais contém substâncias que dificultam a absorção do cálcio, como os oxalatos e fitatos.