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Estádio de São Miguel, a grande desilusão

Após 19 anos de ausência, voltou à ilha de São Miguel, de passagem do Porto para as Bermudas, o antigo futebolista do Mira Mar e do Santa Clara, Octávio Mendonça, conhecido por Da Eira, apelido que vem do seu avô José, por ter na Povoação um pedaço de terra onde malhava os cereais, designado por eira. Ficou por José da Eira. Os descendentes são conhecidos por “da eira”.
Tendo prevista uma visita de 10 dias para o final de Julho e início de Agosto, a passagem de menos de 24 horas foi aproveitada para rever uma cidade de Ponta Delgada com muitas alterações. Recordou as casas onde morou quando estudou e jogou no Santa Clara. Acompanhei-o nas visitas, dado a amizade criada há 45 anos.
Uma das idas foi ao estádio de São Miguel, que Da Eira tem registado na memória por, ainda ao serviço do clube do coração, o Mira Mar SC, ter feito a estreia a jogar no relvado natural.
O outro registo, mais marcante, foi o de ter contribuído para a primeira subida do Santa Clara à III divisão nacional. Um jogo histórico, realizado naquele campo frente ao SC Angrense em Abril de 1979. Após ter perdido em Angra do Heroísmo por 2-1, a vitória em Ponta Delgada, pela mesma marca, ditou a atribuição do título de campeão dos Açores através da marca de penalti. O Santa Clara levou a melhor, para gáudio de uma numerosa assistência, que não se registou em muitos jogos dos recentes campeonatos das I e II Ligas.
Com os portões abertos, entramos no estádio de São Miguel. Da Eira (na foto, no relvado) reconheceu as diferenças, recordou ter estado fechado na cabina e não assistiu à marcação dos penaltis. Percorreu o que foi possível ver.
No final, invadia-o um misto de gosto e de amargura. Gosto por ter pisado o relvado que percorreu em muitos jogos do Santa Clara na primeira presença na III divisão nacional e amargura por ter visto um campo com muitas lacunas.
Quando o transportava ao aeroporto, a fim de seguir até às Bermudas, para onde emigrou há 40 anos, desabafou: “estou encantado com a cidade de Ponta Delgada, mas muito desiludido com o estado do estádio de São Miguel. Nas transmissões televisivas dos jogos nunca me apercebi de apresentar tantas falhas”.
Efectivamente, com a maioria dos muros desgastados por falta de conservação, com os deprimentes sanitários mais antigos, com o cheiro a fossa, com uma tribuna a necessitar de remodelação e com o relvado assim assim, com bancadas a precisarem de uma pintura, deixa qualquer um desgostoso. Um estado decadente provindo da falta de investimento que vem de há anos.
Estando o arranque da época a dois meses de distância, com as obras reclamadas pela Liga como urgentes e indispensáveis por começarem, instala-se a sensação de que o Santa Clara jogará em Faro. Se não forem todos os jogos, os primeiros podem acontecer.
É o que temos!! Infelizmente. Quando se diz que a ilha do Arcanjo tem sido esquecida, incluindo as infraestruturas desportivas, é com razão.
NENÉ, CAMPEÃO DA POLÓNIA de futebol foi notícia de destaque na secção de desporto deste jornal a 28 de Maio. A imprensa nacional, com maior ou menor destaque, noticiou, mesmo não sendo um futebolista “top” do país.
O feito de um jogador de futebol açoriano, que desde os tempos de Pauleta no Deportivo da Corunha, há 24 anos, não havia sido repetido, passou despercebido aos órgãos de soberania destas ilhas. Como os assessores do presidente do Governo Regional andam afastadíssimos do desporto destas ilhas, foi normal o esquecimento. Rui Correia, conhecido no futebol por Nené, justifica da Região mais do que um tardio cartão de parabéns.
Só a Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa endereçou os parabéns ao filho da ilha. Falta a merecida homenagem, que não pode ser quando Nené já estiver envolvido nos treinos da nova época.
Embora não constando da agenda de trabalhos do plenário de Junho da Assembleia Legislativa Regional, aguardo que seja apresentada uma proposta de louvor ao graciosense campeão pelo Jagiellonia Bialystok. Se praticantes de várias modalidades, sem a projeção de Nené, já tiveram aquela honra, será uma falha se cair no esquecimento.
O facto de Nené ter, após o jogo que ditou a conquista do título polaco, levado nas costas a bandeira dos Açores, foi, além do sentimento açoriano, uma propaganda deste arquipélago. Um amigo meu dizia que aquele gesto valeu muito mais do que a ida a algumas feiras para divulgar a Região.
Ao serviço do clube da cidade de Bialystok, com 292 600 habitantes, Nené, nas duas épocas, realizou 70 jogos, apontando 16 golos nos campeonatos e nas taças, somando 10 assistências. No campeonato do título contribuiu nos 33 jogos em que actuou com 9 golos e com 7 passes para os colegas marcarem.
Nené começou a jogar futebol no Sporting de Guadalupe, da ilha Graciosa. Esteve dois anos e meio nos infantis e iniciados do Sintrense. Regressou ao Guadalupe antes de ingressar, em 2012/13, nos sub 19 (juniores) do Sporting de Braga, onde foi campeão nacional. Esteve 2 anos na equipa B bracarense. Em 2016/17 foi jogar para o CD Montalegre, no Campeonato de Portugal. Nas duas temporadas seguintes destacou-se no Fafe, da mesma competição. Foi quando surgiu o Santa Clara, onde esteve três anos. Foi um dos esteios da equipa principalmente na última época (21/22). Daqui emigrou para a Polónia.
NATACHA CANDÉ esteve de novo em evidência. A atleta micaelense ganhou a nível nacional a prova de salto em altura no decorrer do apuramento para as três divisões do campeonato de Portugal de clubes de atletismo.
Natacha saltou, logo na primeira tentativa, 1,77 metro, ficando à frente, por 10 cm, da benfiquista Ana Leite e saltou mais 4 cm do que um quinteto que dividiu o terceiro lugar. A melhor atleta açoriana de momento, em representação do Juventude Ilha Verde (JIV), é ainda sub 18. Superou atletas seniores e sub 20. Está a realizar mais uma época de sonho. Como aqui escrevi a 31 de Março, é um talento a não perder. Justifica um apoio diferenciado.
O clube de Ponta Delgada ao ser 19.º classificado entre as 34 equipas que concorreram, vai disputar novamente a 3.ª divisão nacional feminina. Defenderá, em Abrantes, a 13 e 14 de Julho, o título conquistado no ano passado.
Em masculinos, o JIV foi 18.º entre 39 clubes. Vai pela oitavo ano disputar a 3.ª divisão.
Novas regras estão instituídas para estes campeonatos. Os dois primeiros da 3.ª divisão sobem à 2.ª por troca com os dois últimos daquele escalão.
LOURENÇO RODRIGUES também esteve em evidência na prova dos 3000 metros obstáculos que disputou em Bruxelas a 26 de Maio. Foi na conceituada IFAM Outdoor WA Continental Tour, que conta com os melhores atletas mundiais das disciplinas de pista.
Na série 2 foi 8.ª classificado e no final 23.º entre os 65 que participaram. Fez 8.39.37 minutos quando a 25 de Abril, em Lisboa, tinha corrido a distância em 8.50.06.
Lourenço Rodrigues (na foto, com a camisola de Portugal no campeonato da Europa de sub 20 de 2023) está inserido no Centro de Treino de Alto Rendimento no Jamor e sob a orientação do treinador Luís Pinto, o atleta do Juventude Ilha Verde vai realizando um percurso ascendente.

José Silva

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